Cresce número de brasileiros que querem fazer graduação fora do Brasil
Quarta-feira, 8h, primeira semana de aula de 2015. A professora de história na Escola Móbile, em Moema, na zona sul, pergunta aos alunos do nono ano do ensino fundamental que expectativas eles têm para o futuro.
Salvo por um "ser presidente do Brasil" ou outro "ter um banco e investir no mercado futuro", "estudar numa universidade americana" é a resposta mais frequente.
O sonho de passar no vestibular e estudar nas melhores universidades públicas do Brasil já não empolga tanto os estudantes em colégios particulares de ponta em SP.
Apesar de minoritários, são cada vez mais numerosos os alunos que pleiteiam vagas em faculdades fora do país.
Luiz Carlos Murauskas/Folhapress | ||
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Caio Mauricio de Oliveira, 16, vem se preparando para processo seletivo americano há dois anos. |
A perspectiva de "greves intermináveis", a "falta de meritocracia" devido a cotas e ações afirmativas e o desempenho pífio em rankings internacionais são razões apontadas para a escolha.
No ano letivo 2013/2014, havia 5.097 brasileiros fazendo a graduação completa nos Estados Unidos -um crescimento de 9% em relação ao ano anterior, segundo o Instituto de Educação Internacional.
Considerando ainda intercâmbios, cursos de especialização e pós-graduação, a presença brasileira em ambientes de ensino americanos teve aumento de 22%, inferior apenas ao do Kuwait (43%).
Para o instituto, a tendência de envelhecimento da população dos EUA e o consequente menor número de jovens devem fazer aumentar as vagas a estrangeiros.
'FRUSTRAÇÃO'
"Percebo que, com o problema das cotas e as vagas direcionadas ao outro público [ingressantes da rede pública], nossos alunos têm procurado alternativas de qualidade", afirma Celina Cattini, diretora educacional do Visconde de Porto Seguro.
No colégio, dos 540 formandos, 52 entraram em processos seletivos estrangeiros em 2014. Em 2011, foram 15.
No Bandeirantes, na Vila Mariana, também na zona sul, o número saltou de 9 em 2012 para 18 em 2013 e 40 no ano passado -de um total de 500 estudantes no terceiro ano do ensino médio.
"Frustração. É isso que ouço dos pais", relata o coordenador de assuntos internacionais, Olavo Amorim. "São as incertezas políticas e econômicas no país", constata.
Em resposta a essa tendência, escolas privadas começam a profissionalizar o auxílio aos alunos. E reforçam a programação extracurricular, valorizada por instituições estrangeiras, com feiras de ciência e trabalhos voluntários.
As áreas de maior interesse dos estudantes com esse perfil são administração de empresas, economia e engenharia. Mas a possibilidade de um diploma secundário ("minor") oferecida por escolas americanas é um atrativo.
Caio Maurício de Oliveira, 16, quer cursar administração com "minor" em educação nos Estados Unidos.
"Lá, os estudos são mais flexíveis, e os profissionais têm uma visão social mais ampla. Nas escolas brasileiras, os alunos geralmente só pensam neles mesmos", diz.
Ele conseguiu um estágio não remunerado de um mês na Fundação Lemann nas férias de verão, pois a experiência pode ajudar na seleção para Stanford, na Califórnia.
"A rotina foi puxada, mas penso que o trabalho é por uma causa maior", disse Caio.
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