Polícia descarta assassinato de menino que caiu de prédio na Grande SP
Reprodução | ||
Foto da página do Facebook do pai, Giovanni Storto, com o filho Gustavo, 5, que caiu do 26º andar |
Vestindo um pijama, o menino Gustavo Storto, 5, estava sozinho em casa quando se levantou da cama onde dormia, colocou os tênis e foi à janela do banheiro.
Escalou duas cadeiras, apoiadas uma sobre a outra em frente à janela do banheiro, abriu-a, e caiu do 26º andar do edifício onde vivia com a mãe, em Taboão da Serra (Grande São Paulo).
Essa é a principal hipótese para a morte do garoto, segundo a polícia paulista, que, neste momento, descarta hipótese de um homicídio doloso (intencional).
O delegado Gilson Mendes Campinas disse que, em princípio, tudo indica que a mãe do menino de 5 anos pode ser indiciada (investigada formalmente) por homicídio culposo (sem intenção).
"Tudo nos encaminha para essa possibilidade. Por quê? Porque ela tinha o dever de cuidar da criança. Ela não cuidou", afirmou em entrevista na noite desta quinta-feira (17). De acordo com o policial, a atitude da farmacêutica Juliana Storto, 33, pode ser vista como negligência.
Divulgação/Polícia Civil de SP | ||
Imagens de circuito interno mostram horário de saída da mãe do menino Gustavo Storto |
Mendes afirmou que serão investigados os ambientes familiar e escolar da criança. "Isso vai nos mostrar o quadro correto da relevância da omissão, do abandono", disse.
Ele ressaltou, que, pelas provas colhidas até agora, a chance de homicídio doloso é remota.
"Matematicamente, a mãe se ausentou por um determinado tempo e retornou quando a criança já havia caído do prédio", disse Mendes.
De acordo com imagens de câmeras de segurança, ela ficou aproximadamente uma hora ausente do apartamento, quando foi buscar o namorado na estação de trem na avenida Luís Carlos Berrini. Ela foi vista na garagem do prédio às 22h54 e voltando ao mesmo local à 0h, minutos depois da tragédia.
Segundo o delegado, antes de voltar para o imóvel, o casal parou numa lanchonete. "O que configura ainda mais uma negligência", disse. Ele afirma que, mesmo diante das provas, outras possibilidades estão sendo apuradas.
Divulgação/Polícia Civil de SP | ||
Imagens de segurança mostram horário do retorno da mãe do menino Gustavo Storto, com o namorado |
PUNIÇÃO
A polícia suspeita que Gustavo tenha acordado no intervalo em que a mãe saiu e, ao perceber que estava só, buscou uma maneira de sair de casa e procurar pelos responsáveis.
Por isso, foi à janela do banheiro, que é do tipo basculante, de fácil abertura e que não tinha rede de proteção. Todas as outras janelas do apartamento tinham o equipamento de segurança.
A mãe chegou ao imóvel e constatou a janela aberta. Nesse momento, moradores do prédio já haviam socorrido o garoto.
Mendes disse que as testemunhas e o pai da criança, separado dela há cerca de quatro meses, disseram que Juliana sempre foi uma mãe muito atenciosa.
Ele defende a tese de que a tragédia já representa a punição para a mãe.
"Essa mãe já está pagando um preço altíssimo, porque tudo indica que ela era uma boa mãe. Às vezes, por um ato impensado de uma hora, ela acabou com a vida dela. Tudo isso será avaliado pela Justiça", disse.
Infográfico: Como prevenir quedas
DICAS DE SEGURANÇA
Gabriela de Freitas, coordenadora nacional da ONG Criança Segura, afirma que, dentro de casa, a queda é o maior risco para crianças no ambiente doméstico. Por isso, é preciso proteger todas as janelas com redes de segurança, "mesmo aquelas que parecem pequenas para os adultos".
"A criança não tem noção de risco, de consequência. A criança é criativa. Não existe outra forma de protegê-la do risco a não ser pela prevenção", afirma Gabriela.
Ela ressalta que é preciso trocar as redes de segurança regularmente, de acordo com as recomendações do fabricante. Segundo a especialista, é recomendável que os equipamentos sejam mantidos até a criança completar 12 anos.
Até essa idade, crianças também não devem ser deixadas sozinhas. "Cada caso é um caso, a família precisa avaliar a maturidade da criança. A partir dos 8, 9 anos, dá para deixá-la por alguns minutos, mas não mais que isso."
"Em um mundo ideal, a criança nunca deve ficar sem supervisão. Quando isso não é possível, é preciso buscar alternativas, adaptar a rotina, pedir para um vizinho ficar de olho, por exemplo", sugere a coordenadora da ONG.
Outras dicas de segurança podem ser conferidas no site da ONG Criança Segura
Colaborou JULIA BOARINI
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