Seis meses após tornado, cidade de SC ainda sofre com a destruição
Seis meses depois de um tornado devastar a cidade de Xanxerê (a 508 km de Florianópolis), no oeste catarinense, em 20 de abril, ainda se vê entulho nas ruas, o ginásio continua no chão, um posto de saúde segue fechado e alunos de uma escola estadual foram transferidos para outra unidade.
A maioria dos reparos nos imóveis foi providenciada pelos próprios moradores, com a ajuda de voluntários. Ruas dos sete bairros mais afetados continuam sem iluminação pública.
As obras e a substituição de postes, lâmpadas e reatores começaram há poucos dias —a prefeitura não informa o prazo para a conclusão do trabalho.
"Tem ruas completamente no escuro. À noite a sensação de insegurança de quem precisa se deslocar a pé é muito grande", afirma o vereador Adriano De Martini (PT).
O município alega falta de verba para a reconstrução da cidade e diz que não recebeu o montante prometido pelo governo federal após a visita da presidente Dilma Rousseff, uma semana depois. Na ocasião, Dilma prometeu rapidez na reconstrução da cidade.
O Ministério da Integração informa que disponibilizou R$ 4.071.648, mas que o montante não foi repassado na íntegra à administração por falta de licitações da prefeitura.
Apenas uma parte desse valor, R$ 1,2 milhão, foi liberada para a reconstrução de casas. Foram entregues 36 unidades moduladas em Xanxerê e 23 em Ponte Serrada, município vizinho que também foi afetado pelo tornado.
Outros R$ 3 milhões foram destinados exclusivamente à reconstrução do ginásio, mas a obra ainda não começou.
Somente uma parcela dos R$ 500 mil arrecadados em uma campanha da prefeitura foi utilizada para a compra de móveis para as casas construídas pelo governo federal.
"Usaram R$ 100 mil e o restante está parado. A demora é muito grande por parte da prefeitura. A maioria do pessoal já fez tudo sozinho. Não sei o que vai ser feito com esse dinheiro", diz o vereador da oposição.
O prefeito Ademir José Gasparini (PSD) não atendeu a reportagem. Procurada, a prefeitura também não quis se manifestar por meio de sua assessoria de imprensa.
Aos poucos, os moradores retomam suas rotinas. Mas os impactos materiais ou psicológicos persistem.
É o caso da professora Franciele Campanharo, 30, que teve a casa totalmente destruída. Durante a passagem do tornado, um roupeiro caiu em cima dela e da filha de três anos, causando ferimentos leves.
Depois de morar na casa da sogra, agora elas vivem em um apartamento alugado e com móveis doados.
"Minha filha ainda tem medo de chuva, dos barulhos", relata Franciele, recordando o som dos vidros da casa que "estouraram" com o vento.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Já a mãe de Franciele, Rosalene Campanharo, 60, não terminou de reformar a casa onde a filha cresceu. "É como se minha mãe estivesse acampada dentro da própria casa", diz a professora.
A fábrica de móveis onde o marceneiro Osmar Marins, 49, trabalhava fechou por causa do tornado. Hoje, ele vive de "bicos". "Não voltei ao trabalho porque a fábrica de móveis foi destruída e o dono faliu. Não vai abrir mais", afirma.
Toda a família dele foi afetada pelo tornado -a maior parte dos parentes teve o telhado da casa arrancado.
Segundo o vereador, muitas doações "estão paradas" por demora na ação da prefeitura. "Famílias fizeram seis ou sete cadastros para receber material, alguns acabaram desistindo. Tem casos até de quem foi pedir uma caixa de papelão e nem isso o pessoal [da prefeitura] entregou", diz Martini.
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