Barco naufraga com 70 pessoas no PA; bombeiros resgatam 10 corpos
Um barco com cerca de 70 pessoas a bordo naufragou no rio Xingu, no Pará, na noite desta terça-feira (22). Segundo o Corpo de Bombeiros, 24 sobreviventes e outros dez corpos já foram resgatados. Os demais ocupantes da embarcação continuavam desaparecidos até a atualização desta publicação.
O barco-motor Comandante Ribeiro saiu do porto improvisado da Praça Tiradentes, em Santarém, na noite da última segunda (21), e teria como destino a cidade de Vitória do Xingu (PA).
O naufrágio ocorreu em Vila do Maruá, numa região conhecida como Ponta Grande, localizada na cidade de Porto de Moz, quando a embarcação já havia percorrido 350 quilômetros pelas águas do rio Xingu. Foi em Porto de Moz que o barco, segundo as autoridades, recebeu de uma vez 40 novos passageiros por volta das 18h desta terça.
Após o barco deixar a cidade, uma tempestade se formou na região. Ela é tratada como a principal causa do naufrágio.
A embarcação fazia o transporte clandestino de passageiros, segundo a Arcon (Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos), autarquia do governo do Pará responsável por regular o transporte intermunicipal.
Os dez corpos localizados nesta quarta (23) têm, entre eles, um adolescente de 15 anos e um bebê —todos foram levados para Porto de Moz. A assessoria do Corpo de Bombeiros confirmou que a embarcação estava com 70 passageiros aproximadamente, mas não informou o número exato.
O Corpo de Bombeiros montou uma operação com o auxílio de mergulhadores para localizar as vítimas. A Capitania dos Portos do Amapá enviou uma lancha ao local do acidente para realizar buscas e coletar informações. A Marinha também informou que deslocou o navio-patrulha "Bocaina" para reforçar as operações de resgate.
Dois inquéritos –um administrativo e outro criminal– serão instaurados pela Marinha e pela Polícia Civil para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.
TEMPESTADE
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) detectou um intenso deslocamento de nuvens saindo de Altamira em direção a Porto de Moz no início da noite desta terça.
De acordo com José Raimundo Abreu e Souza, coordenador do instituto, imagens de satélite detectaram na região a presença de nuvens do tipo cúmulo-nimbo, que são conhecidas por causar tempestades. Elas têm extensão vertical de alguns quilômetros e geralmente ganham grande volume a partir do choque intenso entre massas de ar quente e frio.
Ao perder calor e umidade dentro de uma "nuvem de tempestade", o ar se torna pesado e desce em forma de vento –que, ao bater no chão, se irradia e causa destruição por onde passa. "As nuvens cúmulo-nimbo causam chuvas severas e nada uniformes, com ventos que chegam a atingir 80 km/h", diz o coordenador do Inmet.
Em Porto de Moz, choveu 14 milímetros entre 20h e 23h de terça, segundo o instituto. A velocidade do vento na região não foi medida porque o Inmet não possui equipamentos que fazem esse tipo de registro.
OUTRO NAUFRÁGIO
O acidente registrado nesta terça ocorre 20 dias depois de outro naufrágio no Pará, no rio Amazonas, com nove desaparecidos. No dia 2 de agosto, um navio cargueiro colidiu com um comboio de nove balsas entre as cidades de Óbidos e Oriximiná, no oeste do Estado. Os corpos das vítimas ainda não foram tirados do rio.
Um grupo de familiares das vítimas chegou a protestar em frente à sede do Ministério Público Federal em Santarém (a 700 quilômetros de Belém), onde o caso está sendo investigado. Eles denunciaram o descaso em relação às operações de busca aos corpos.
Os familiares acreditam que os corpos dos desaparecidos estejam no empurrador das balsas, que naufragou no acidente. O veículo foi encontrado por um radar a 63 metros de profundidade dentro do rio, em um ponto a 15 quilômetros de onde ocorreu o caso.
Segundo o Corpo dos Bombeiros, o local tem correnteza forte e pouca visibilidade, o que dificulta o trabalho dos mergulhadores.
A Bertolini (dona das balsas) disse que já contratou um serviço para fazer o resgate da embarcação. A Mercosul (proprietária do cargueiro) informou que o navio envolvido no acidente já voltou a navegar e que sua "preocupação imediata continua sendo com os tripulantes desaparecidos".
Reprodução/TvGlobo | ||
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Colisão entre barcos deixou nove desaparecidos nas águas do rio Amazonas, no Pará |
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Outros naufrágios na região amazônica
Mortos: 430
6.jan.1981
Barco Novo Amapá
Local: Rio Cajari (AP)
A bordo: 696 pessoas
Capacidade: 150
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Mortos: 340
19.set.1981
Barco Sobral Santos 2
Local: Rio Amazonas (PA)
A bordo: 530 pessoas
Capacidade: Não divulg.
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Mortos e desaparecidos: 60
17.dez.2002
Barco Dom Luiz 15-1º
Local: Baía de Marajó (PA)
A bordo: 360 pessoas
Capacidade: 140
Mortos: 56
15.jul.1988
Barco Correio do Arari
Local: Baía do Guajará (PA)
A bordo: 135 pessoas
Capacidade: 60
Mortos e desaparecidos: 54
4.mai.2008
Navio Comandante Sales
Local: Rio Solimões (AM)
A bordo: 80 pessoas
Capacidade: 60
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Mortos e desaparecidos: 52
10.fev.1999
Barco Ana Maria 8º
Local: Rio Madeira (AM)
A bordo: 180 pessoas
Capacidade: Não divulg.
Mortos e desaparecidos: 29
25.nov.2000
Barco Princesa Amanda
Local: Rio Solimões (AM)
A bordo: 80 pessoas
Capacidade: 10
Mortos: 22
23.nov.1996
Barco São José do Acará
Local: Rio Acará (PA)
A bordo: 120 pessoas
Capacidade: 80
Mortos e desaparecidos: 20
20.fev.2008
Barco Alm. Monteiro
Local: Rio Amazonas (AM)
A bordo: 112 pessoas
Capacidade: Não divulg.
Mortos: 16
29.set.2005
Barco Alm. Sergimar
Local: Rio Amazonas (AM)
A bordo: 60 pessoas
Capacidade: 70
Mortos: 15
29.abr.1995
Barco Com. Albuquerque
Local: Rio Madeira (AM)
A bordo: 45 pessoas
Capacidade: 20
Mortos e desaparecidos: 15
20.set.2004
Barco Princesa Laura
Local: Rio Negro (AM)
A bordo: 108 pessoas
Capacidade: 100
Mortos: 13
21.dez.2009
Barco Almirante Barroso
Local: Rio Amazonas (PA)
A bordo: Não divulg.
Capacidade: Não divulg.
Mortos: 13
19.abr.2013
Iate Leão do Norte
Local: Rio Arari (PA)
Desaparecidos: 9
2.ago.2017
Navio cargueiro e comboio de nove balsas
Local: Rio Amazonas (PA)
A bordo: 11 pessoas
Mortos e desaparecidos: 6
5.abr.2009
Barco Dona Zilda
Local: Rio Amazonas (AM)
A bordo: 47 pessoas
Capacidade: 38
Navio afundou com 5.000 bois
6.out.2015
Local: Porto Vila do Conde, em Barcarena (PA)
Fonte: Levantamento feito pelo BANCO DE DADOS em matérias publicadas pela Folha
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