Rebelião em presídio termina com sete feridos e cinco mortos no Pará

Motim foi motivado por superlotação e demora nas audiências com a Justiça

Muro do Centro de Recuperação Regional de Bragança, no Pará
Muro do Centro de Recuperação Regional de Bragança, no Pará - Ascom/Susipe
São Paulo

Cinco presos foram mortos pela Polícia Militar após uma tentativa de fuga em um presídio de Bragança (PA). Outros sete ficaram feridos.

A fuga aconteceu depois de rebelião na manhã desta segunda-feira (16). 

Os corpos de Alan Monteiro, Arlindo da Silva Silva, Elton Rodrigues da Silva, Rodrigo da Silva Costa e Renan Assunção Mendonça foram reconhecidos pelas famílias. Eles cumpriam pena no CRRB (Centro de Recuperação Regional de Bragança.

Segundo a Susipe  (Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará), outros dois fugitivos foram recapturados pela polícia, mas um continua foragido. 

Há ainda dois detentos internados em um hospital de Bragança. Eles devem ser transferidos para uma unidade de saúde em Ananindeua e seu estado é considerado estável.

Outros cinco presos feridos foram atendidos e já retornaram ao presídio. De acordo com a Susipe, os ferimentos aconteceram durante a rebelião e foram causados por outros detentos.

O motim no CRRB começou na hora do café da manhã, por volta das 6h30. Os motivos teriam sido a superlotação do presídio e a demora das audiências com a Justiça —a unidade opera com 315 detentos, mas a capacidade é de 122. O estado tem um déficit de 7.400 vagas no sistema prisional, o décimo maior do país.

As negociações com os detentos foram encerradas às 10h30. Em seguida, a unidade foi invadida por uma equipe da COE (Companhia de Operações Especiais) da Polícia Militar paraense.

Após a rebelião, 31 presos foram transferidos para outros presídios.

Um inquérito policial irá apurar a circunstâncias das mortes. A responsabilidade pelo caso é da Corregedoria da Polícia Militar e da Polícia Civil. 

Situação precária

Esse foi o segundo motim em duas semanas.

Na tarde de 10 de abril, 22 pessoas morreram  durante uma tentativa de fuga do Centro Penitenciário de Recuperação do Pará, no Complexo de Santa Izabel do Pará, na região metropolitana de Belém.

O governo do Pará inicialmente havia informado que detentos que tentaram fugir contaram com a ajuda de criminosos do lado de fora do complexo e que, entre os mortos, havia cinco integrantes do grupo invasor do presídio. Reportagem da Folha, porém, mostrou que os cinco eram presos do regime semiaberto.

O presídio, que também estava superlotado, foi classificado como vulnerável por inspeção externa do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Em relatório divulgado em fevereiro deste ano, o Conselho apontou que as fugas eram recorrentes e cobrou providências.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.