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Multas em SP caem 26% em janeiro e têm menor patamar em 3 anos

Gestão Covas diz que fiscalização não mudou; queda já havia ocorrido em 2017

Agente da CET multa carro estacionado em local proibido no centro de São Paulo
Agente da CET multa carro estacionado em local proibido no centro de São Paulo - Robson Ventura - 13.nov.17/ Folhapress
Leonardo Fuhrmann
São Paulo | Agora

Ainda sob a gestão João Doria (PSDB), a cidade de São Paulo teve queda de 26% nas multas de trânsito em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês de 2017: 791 mil, contra 1,07 milhão.

Ao longo do ano passado, também houve diminuição, de 14,4%, em relação a 2016, sob o governo de Fernando Haddad (PT).

A quantidade de multas em janeiro deste ano, mês de férias escolares, foi a menor desde fevereiro de 2015, ainda na gestão do petista, quando foram feitas 702.569 autuações de trânsito.

Para o engenheiro de tráfego Humberto Pullin, a mudança pode ser atribuída ao aumento no valor das multas. “Isso, mais do que os pontos na carteira de motorista e a possibilidade de perder a habilitação, faz com que as pessoas fiquem mais cuidadosas”, afirma.

Esse aumento ocorreu em novembro. O valor da multa para infração leve passou de R$ 53,20 para R$ 88,38, da média de R$ 85,12 para R$ 130,16, da grave de R$ 127,69 para R$ 195,23 e da gravíssima de R$ 191,54 para R$ 293,47. “Não tem outra explicação, não teve nenhum trabalho com a população, não vejo outra motivação a não ser essa”, diz.

ARRECADAÇÃO

Uma portaria lançada pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) obriga os órgãos municipais e estaduais do setor a divulgar 20 dias após o fim de cada mês o total de multas aplicadas, o valor arrecadado e o destino dado a essa arrecadação.

Em São Paulo, município e estado afirmam que já divulgam os dados, mas vão se adaptar à nova determinação, que obriga também a manutenção de uma série histórica dos dados relativa a cinco anos, mês a mês.

O ex-prefeito João Doria (PSDB), que renunciou ao cargo no mês passado para ser pré-candidato de seu partido ao governo de São Paulo, usa a redução do número de multas na cidade no material de divulgação de sua pré-campanha. Na peça, divulgada na sua página no último dia 11, Doria diz ter terminado com a “indústria da multa” na cidade.

A ideia da existência de uma suposta indústria da multa na gestão de seu antecessor já havia sido usada pelo ex-prefeito em sua campanha de 2016. Na publicação, compartilhada até a noite desta terça por 526 seguidores, Doria afirma que sua gestão diminuiu as “pegadinhas” em radares e orientou os guardas-civis a “proteger a população” e não mais a “aplicar multas”.

A gestão Bruno Covas (PSDB) —que assumiu em abril, quando Doria saiu do cargo para se candidatar ao governo— afirma que a queda do número está relacionada ao maior cumprimento às leis por motoristas e à melhor sinalização. Ela diz que não houve nenhuma alteração na fiscalização feita por radares nem por equipes da CET (companhia de tráfego).

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