Decreto de Doria afasta Kassab da Casa Civil do Governo de São Paulo

Ex-ministro pediu licença do cargo para se defender de denúncias de corrupção

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São Paulo

O afastamento de Gilberto Kassab (PSD) do cargo de secretário da Casa Civil de João Doria (PSDB) foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo desta sexta-feira (4). O ex-ministro e também ex-prefeito paulistano pediu licença do cargo para se defender de denúncias de corrupção pelas quais é investigado pela Polícia Federal.

Kassab foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal, sob suspeita de ter recebido valores ilegalmente da JBS. Na ocasião, foram encontrados em sua casa em São Paulo R$ 300 mil em espécie. Ele nega irregularidades.

O secretário foi empossado no dia 1º, no mesmo dia da posse de Doria, ainda que não tenha comparecido à cerimônia.

O governador João Doria e seu vice Rodrigo Garcia (esq.) anunciam Kassab como secretário
O governador João Doria e seu vice Rodrigo Garcia (esq.) anunciam Kassab como secretário - Zanone Fraissat - 5.nov.2018/Folhapress

Segundo decreto de Doria publicado no Diário Oficial, Kassab foi afastado "com prejuízo dos vencimentos e sem quaisquer ônus para o Estado, para tratar de assuntos de interesse particulares".

“Absolutamente tranquilo sobre sua conduta ao longo da vida pública, Kassab decidiu licenciar-se do cargo para se dedicar à organização e ao encaminhamento das informações solicitadas por sua defesa, que comprovarão a lisura de seus atos”, disse, em nota, a assessoria de imprensa do ex-ministro.

Em maio de 2018, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela redução do alcance do foro especial. Por isso, a condição de secretário da Casa Civil de Kassab não abrange supostas infrações cometidas em cargos anteriores e não o protegeria em caso de condenação.

A operação da Polícia Federal trata de um suposto esquema de recebimento de recursos ilícitos de 2010 a 2016. Um dos donos da JBS, Wesley Batista, afirmou que pagou propina de R$ 350 mil por mês a uma empresa ligada a Kassab, a Yape Consultoria e Debates, envolvendo contratos superfaturados de aluguel de caminhões. O valor total atingiria cerca de R$ 30 milhões, segundo o delator.

Durante o afastamento, Antonio Carlos Maluf, ex-secretário de Relações Institucionais na Prefeitura de São Paulo e ex-secretário do governador Mário Covas (PSDB), avô do prefeito tucano Bruno Covas (PSDB), assumirá o cargo de secretário da Casa Civil.

Sobre o caso, Doria afirmou à GloboNews nesta quinta-feira (3) que, comprovada a inocência diante das suspeitas de que recebeu R$ 58 milhões do grupo J&F, Kassab voltará ao cargo. Ele também elogiou o ex-ministro, colocando-o como um dos maiores articuladores políticos do país.

A indicação de Kassab faz parte de um projeto de Doria de concorrer às eleições presidenciais em 2022. Além dele, o tucano nomeou outros seis ex-ministros de Michel Temer (MDB) para comporem seu secretariado. 

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