Saiba quais são os principais desafios de João Doria no governo de SP

Tucano assume nesta terça (1º) com obstáculos em áreas como segurança e transporte

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Nesta terça-feira (1º), João Doria (PSDB) assume o governo de São Paulo com diversos obstáculos pela frente. Seus desafios vão de obras atrasadas ao enfrentamento à maior facção criminosa do Brasil, além de secretários envolvidos em escândalos e necessidade de formar uma base política.

Doria deixou a prefeitura em abril, faltando 1.000 dias para o fim de seu mandato, para disputar as eleições.

Abaixo, confira alguns dos principais desafios do tucano no comando do governo estadual.

Desestatização

Tirar do papel propostas na área de desestatização é importante para João Doria. Em sua passagem pela Prefeitura de São Paulo, não conseguir viabilizar nenhum projeto na área. Seu grande programa de desestatização, que prometia conceder à iniciativa privada equipamentos públicos como o Anhembi, o estádio do Pacaembu e o parque Ibirapuera, não gerou frutos concretos até o momento. 

Para o governo estadual, a estrela do pacote é a concessão de presídios. Com a maior população carcerária do país, São Paulo tem mais de 200 mil presos e gerencia um orçamento prisional de R$ 4,5 bilhões ao ano. 

Além dos presídios, o governador prometeu privatizar o programa de dragagem do porto de Santos, capitalizar a Sabesp, conceder a operação de balsas de Ilhabela e privatizar aeroportos estaduais, o porto de São Sebastião e a hidrovia Tietê-Paraná.

Segurança

A promessa de endurecer o combate ao crime organizado pode gerar represálias por parte do PCC (Primeiro Comando da Capital). Em reunião com futuros auxiliares, Doria deu a entender que quer fazer do enfrentamento à facção uma marca da sua gestão no governo.

Para isso,  os principais desafios são o sufocamento financeiro, em especial os mecanismos de lavagem de dinheiro, e o sistema de comunicação do grupo, uma vez que os chefes continuam comandando a facção de dentro dos presídios.

Em outubro, um plano de resgate de chefões do grupo da penitenciária estadual de Presidente Venceslau (interior de SP) foi descoberto pela inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária. A missão envolvia blindados, mercenários e helicópteros.

Outro desafio da política linha-dura é evitar o aumento da letalidade policial. A polícia paulista é a segunda que mais mata no país (só fica atrás da fluminense). Em 2017, o indicador bateu recorde, com 940 pessoas mortas pelas forças de segurança. O índice, contudo, tem apresentado queda em 2018. 

Mobilidade 

Terminar grandes obras atrasadas, como as do metrô e o Rodoanel Norte, é um dos desafios.

Prometido para 2014, o trecho norte do Rodoanel só deve ficar pronto em 2019. Já a linha 6-laranja do metrô está paralisada desde 2016 —o contrato de parceria público-privada para a construção da linha foi cancelado e uma nova licitação será feita. 

Os monotrilhos das linhas 15-Prata e 17-Ouro do metrô, vendidos como alternativas rápidas e baratas, estão atrasados e encareceram. 

Parcerias com empresas, foco de Doria, já falharam antes em SP.

Assembleia

Antes com a maior bancada, o PSDB perdeu 11 assentos na Casa (tinha 19 e ficou com 8). O PSL, de Jair Bolsonaro e de Janaina Paschoal —a deputada estadual mais votada da história— não tinha nenhuma cadeira. Agora, é a maior força política, com 15 cadeiras. 

Em seguida vem o PT, que elegeu 10. Das 94 cadeiras, 52 serão ocupadas por novos. Apenas 42 dos 77 deputados que tentavam a reeleição conseguiram a vitória. É a maior renovação desde 1994.

Com a mudança no equilíbrio de forças, Doria terá que se esforçar mais para construir alianças do que seus antecessores

Escândalos 

O governador deve enfrentar problemas de imagem por escolher ministros do presidente Michel Temer (MDB) que são investigados por corrupção e podem ser vinculados a novos escândalos. 

É o caso do ex-prefeito de São Paulo e ministro das Comunicações do governo Temer, Gilberto Kassab (PSD). Ele foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal em 18 de dezembro, em meio a investigação que apura suspeita de pagamentos irregulares da JBS ao político entre 2010 e 2016.

Kassab tomará posse na Casa Civil de Doria, mas, em seguida, deve se licenciar do cargo para se dedicar à sua defesa. 

Outro nome é Aloysio Nunes (PSDB), indicado por Doria para presidir a Investe SP, agência paulista de promoção de investimentos. Em 2018, o STF arquivou inquérito contra o ex-ministro das Relações Exteriores, investigado por suposto recebimento de R$ 500 mil da Odebrecht por meio de caixa dois.

Educação 

Doria terá a missão de reverter o declínio do ensino no estado nos principais indicadores de qualidade da educação básica. São Paulo perdeu a liderança do ranking nacional do Ideb nas três etapas da educação básica avaliadas: 5º ano e 9º ano do ensino fundamental e ensino médio.

A rede paulista é um dos dez estados que caíram no ensino médio. Em 2015, São Paulo liderava empatado com Pernambuco nessa etapa. Agora, está em 4º.

SP tem a maior rede estadual do país, com 3,5 milhões de alunos.

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