Descrição de chapéu The New York Times

NY tem menor número de mortes no trânsito em mais de um século

Em 2018, foram 200 mortos na cidade; plano é zerar até 2024

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Emma G. Fitzsimmons
New York

O número de mortos no trânsito em Nova York em 2018 caiu para o nível mais baixo em mais de um século, sinal de progresso do plano do prefeito Bill de Blasio para eliminar as fatalidades nas ruas da cidade.

Mas as notícias não são todas promissoras: embora o total de mortes tenha caído, o número de pedestres mortos no trânsito subiu no ano passado, disseram autoridades da prefeitura na terça-feira.

De Blasio implementou várias melhorias de segurança em seu plano que visa eliminar todas as mortes no trânsito até 2024, um programa que ele batizou de Visão Zero, emulando um plano sueco.

Segundo dados preliminares da prefeitura, o total de mortos em acidentes de trânsito em Nova York caiu para 200 no ano passado, menos que os 222 mortos em 2017 e o nível mais baixo desde 1910, ano em que a prefeitura começou a tomar nota dessas mortes.

Táxis trafegam pela Quinta Avenida, em Nova York (EUA)
Táxis trafegam pela Quinta Avenida, em Nova York (EUA) - Daniel Acker/Bloomberg

​A redução faz parte de cinco anos de declínio que começaram em 2013 (quando houve 299 mortes), o ano antes de o plano Visão Zero entrar em ação e de o limite de velocidade na maioria das ruas ter caído para 40 km/h.

“Está claro que o Visão Zero está funcionando”, comentou De Blasio em entrevista, considerando espantosa a queda verificada desde 2013.

Mas as mortes de pedestres, responsáveis pela maior parcela de fatalidades no trânsito, subiram de 107 em 2017 para 114 no ano passado –um sinal preocupante de que as ruas da cidade ainda são perigosas para muitos nova-iorquinos.

O democrata De Blasio, cujo segundo mandato na prefeitura começou há um ano, considerou decepcionante o aumento nas mortes de pedestres. Disse que a cidade vai procurar fazer modificações que tornem as ruas mais seguras e implementar leis exigindo que os veículos deem preferência a pedestres.

“Os motoristas não têm levado muito a sério sua obrigação de dar preferência aos pedestres”, disse o prefeito. “Haverá um policiamento mais rigoroso.”

As mortes de ciclistas caíram de 24 em 2017 para dez no ano passado. O número de pessoas que morreram em veículos também diminuiu, de 58 em 2017 para 37 em 2018. Mas os motociclistas mortos no trânsito aumentaram de 33 em 2017 para 39.

Em todo o país, mais de 37 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito em 2017, segundo cifras federais que ainda não estão disponíveis para 2018. O número de mortes no trânsito nos Estados Unidos caiu 2% em 2017, mas havia aumentado em 2016 e 2015.

Em Nova York, De Blasio está sendo pressionado a agir mais prontamente para melhorar a segurança das ruas. Marco Conner, vice-diretor da entidade ativista Transportation Alternatives, disse que ainda há mortos e feridos em excesso.

Falando do fato de as mortes terem diminuído no ano passado, Conner disse: “Foi um avanço e merece ser aplaudido. Mas a grande pergunta é ‘por que não estamos fazendo mais para combater essa epidemia?’. Só estamos dando passos minúsculos, na realidade.

”Os mortos no trânsito vêm de todos os setores da população nova-iorquina. Duas crianças --Abigail Blumenstein, 5 anos, e Joshua Lew, 1 ano-- morreram atropeladas por um motorista no Brooklyn quando atravessavam a rua com suas mães. Beatrice Kahn, 89 anos, foi atropelada por um carro no Bronx. Um menino de 9 anos, Giovanni Ampuero, foi atingido por um motorista em Queens que fugiu sem socorrê-lo.

Uma australiana de 23 anos morreu em agosto, atingida por um caminhão de lixo quando andava de bicicleta perto do Central Park. Ela foi fechada por um táxi que invadiu a ciclovia. Sua morte levou a reivindicações de melhor infraestrutura para ciclistas, como ciclovias com uma barreira física.

A comissária de transportes da cidade, Polly Trottenberg, disse que sua agência concluiu 138 obras de melhoria de ruas no ano passado e construiu mais de 32 km de ciclovias protegidas. Ela considerou os números de 2018 “resultados encorajadores que não têm paralelo entre outras cidades americanas”.

As mortes no trânsito foram um flagelo de Nova York no passado, tendo chegado ao pico de 1.360 mortes em 1929, apesar de haver muito menos carros naquela época que hoje. Ainda em 1990, o trânsito da cidade fez 701 vítimas fatais, fato que torna ainda mais notável o número baixo mais recente.

O programa Visão Zero enfrentou um obstáculo grande no verão passado, quando deputados estaduais não renovaram a autorização de funcionamento de radares de velocidade posicionados nas proximidades de 140 escolas e que, segundo a prefeitura, haviam reduzido em até 63% a incidência de carros trafegando em alta velocidade durante o horário letivo. O governador Andrew Cuomo e o presidente da Câmara Municipal, Corey Johnson, intervieram para manter os radares funcionando.

Johnson recentemente ganhou o prêmio “Herói do Ano Visão Zero” do site Streetsblog, que divulga notícias sobre a segurança das ruas, derrotando o prefeito para conquistar o primeiro prêmio. O site o elogiou por seu apoio aos radares e à taxa de congestionamento, uma proposta de cobrar pedágio dos carros que entram em Manhattan. De Blasio havia resistido a essa proposta.

Conner, da Transportation Alternatives, disse que Johnson defende que a prioridade seja dada à segurança dos pedestres, e não aos carros –um papel de liderança que De Blasio não exerceu.“O prefeito ainda está atrelado à perspectiva do automóvel”, disse Conner, aludindo ao fato de De Blasio percorrer a cidade de carro.

De Blasio rejeitou a crítica de que Johnson teria liderado na implementação do Visão Zero, dizendo que o programa de segurança é uma das missões centrais de sua administração.“Há crédito de sobra para ser dividido”, ele comentou. 

Tradução de Clara Allain

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