Covas revê bandeiras de Doria e foca investimento em zeladoria

Revisão do plano de metas desidrata gastos em transporte, mas inclui pontes

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São Paulo

O prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou nesta segunda-feira (8) revisão do plano de metas em que encolhe algumas bandeiras importantes de João Doria (PSDB) para a prefeitura e aumenta a verba para zeladoria. Há também novos objetivos, como diminuir em 80% o número de usuários de drogas nas ruas.

A revisão do plano de metas prevista na lei que criou o mecanismo. Nas gestões de Fernando Haddad (PT) e Gilberto Kassab (PSD), no entanto, não houve revisão. 

Apesar de manter o discurso de que sua gestão e a de Doria são a mesma, Covas agora tem seu próprio plano de governo. Nele, as metas subiram de 53 para 71 e a estimativa de gasto com investimento passou de R$ 10,8 bilhões para ao menos R$ 12,8 bilhões. 

O plano divide os objetivos em três eixos: cuidar, proteger e inovar. O foco que concentra mais da metade das verbas é o primeiro, voltado à manutenção da cidade.

Entre os pontos previstos no plano original, 20 terão o "escopo ajustado". Isso pode se traduzir em cortes, como o que acontecerá na mobilidade urbana, por exemplo.

​Os 72 km de novos corredores e ônibus prometidos por Doria, por exemplo, viraram apenas 9,4 km. O projeto do chamado Rapidão, alardeado pelo antecessor de Covas antes de virar governador, vai ficar no papel. 

"Foram previstos muitos recursos, em especial do Ministério das Cidades, para poder ampliar a quantidade de corredores, que não se realizaram. O nosso foco na gestão é botar para funcionar o que existe". A lista também inclui requalificar 43,4 km de corredores ou faixas exclusivas. 

Covas cita receitas frustradas nos últimos anos, mas terá que aumentar a média investida nos últimos para cumprir as novas promessas. 

Ao mesmo tempo, ele adota um tom mais realista em relação à entrada de dinheiro via privatizações. 

Uma das principais promessas de Doria,  plano de desestatização tinha 55 projetos . A estimativa, segundo o plano de metas original, era impacto financeiro positivo de R$ 5 bilhões. No entanto, mais de dois anos após o início da gestão, poucos projetos saíram do papel. 

Após a revisão feita por Covas, o plano não cita mais os R$ 5 bilhões. Menciona só 10 projetos de desestatização --no caso das concessões de parques da cidade, por exemplo, aparecem apenas Ibirapuera e a Chácara do Jockey. 

Por outro lado, surgiu a meta de recuperar 50 pontes, viadutos, passarelas e túneis. A situação desses equipamentos da cidade, após um viaduto ceder na marginal Pinheiros, é uma das justificativas de Covas para a mudança nas metas. Também há previsão de realizar inspeção em 185 estruturas do tipo.

Covas afirma que, na comparação entre 2018 e 2019, o dinheiro para zeladoria aumentou de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão. Os números incluem objetivos como tapar 5.400 buracos e recuperar 240 mil metros lineares de guias e sarjetas. 

Para cumprir o plano, Covas terá de praticamente dobrar o que vinha investindo nos últimos dois anos. 

O dinheiro virá de cortes como o promovido no número de viagens que dá direito o Bilhete Único vinculado ao vale-transporte, uma economia de mais de R$ 400 milhões. 

No total, há 25 novas metas. Entre elas está a promessa de diminuir em 80% o número de usuários de drogas nas ruas da cracolândia. A meta custará R$ 276 milhões, com estratégias que envolvem criança de vagas em unidades de saúde a áreas de monitoramento de uso de drogas. 

Também foi anunciada a criação de bônus para os servidores. No caso do cumprimento das metas, eles poderão ganhar até 2,4 salários extras. Segundo o prefeito, já há R$ 200 milhões reservados para este fim. 

"A grande evolução desse ajuste é que agora cada programa, cada meta, a gente estimou quanto vai custar para a prefeitura e já temos recurso para poder viabilizar essas metas", disse Covas. 

Ele afirmou não haver problema na mudança das metas estipuladas após audiências. "O problema seria retirar do plano de metas. Até porque o plano de metas não limita a atuação da prefeitura".

Revisão das metas

Novo plano
71 metas com investimento de R$ 12,8 bilhões

Antes da mudança
53 metas com investimento R$ 10,8 bilhões

Eixos
Cuidar (manutenção), proteger (serviços) e inovar (transparência, participação etc)

Novidades

  • Reduzir em 80% o número de usuários da cracolândia
  • Recuperar 50 pontes, viadutos, passarelas e/ou túneis
  • Implantar 173,35 km de infraestrutura cicloviária 
  • Inaugurar a primeira etapa do Parque Minhocão
  • Criar bônus salarial para os servidores

Mudanças

  • Implantar 9,4 km de corredores de ônibus. Projeto original previa 72 km
  • Implantar dez projetos de desestatização. Primeiro plano citava viabilização de R$ 5 bilhões em impacto financeiro

Mantidos

  • Entregar o hospital da Brasilância e equipar o de Parelheiros
  • Reduzir em 13,7% o índice de mortes no trânsito
 
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