Trump elogia Eduardo Bolsonaro e diz que indicação para embaixada não é nepotismo

Presidente dos EUA afirmou que não sabia de nomeação, mas se disse 'muito feliz'

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Brasília

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta terça-feira (30) que está “muito feliz” com a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada do Brasil em Washington por seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, e que não considera que houve nepotismo. Trump também deu a entender que não sabia do episódio. 

O presidente americano deu a declaração durante entrevista coletiva na Casa Branca, após uma pergunta da GloboNews sobre o que achava da indicação do deputado (PSL-SP).

O presidente Donald Trump durante entrevista coletiva nesta terça em Washington
O presidente Donald Trump durante entrevista coletiva nesta terça em Washington - Leah Millis/Reuters

Trump elogiou Eduardo: “Eu acho o filho dele excelente. Ele é um jovem brilhante, maravilhoso. Estou muito feliz com a indicação, acho que é uma ótima indicação”, disse. ​

Questionado se considera haver nepotismo, respondeu: “Não, eu não acho que é nepotismo porque o filho dele o ajudou muito na campanha. O filho dele é excelente. Eu acho que é uma ótima indicação. Eu não sabia disso.”

Na semana passada, Bolsonaro afirmou que o governo brasileiro enviou nesta semana a consulta formal para os americanos sobre a nomeação, uma das etapas para se tornar embaixador.

Segundo diplomatas ouvidos pela Folha, os Estados Unidos costumam demorar de quatro a seis semanas para responder a um pedido dessa natureza. 

O líder do partido de Bolsonaro no Senado, Major Olímpio (PSL-SP), comemorou a manifestação de Donald Trump nesta terça e disse acreditar numa melhora do ambiente. 

"Se havia dúvida de haver um estreitamento das relações com o governo americano com a presença do Eduardo como embaixador, as declarações do presidente americano deixam de forma inequívoca que as relações do governo brasileiro com o governo americano serão as melhores possíveis", disse Olímpio.

Mas nem todos concordam com esta avaliação. Alguns líderes disseram que preservarão a pauta prioritária do governo por ser de interesse nacional —as reformas da Previdência e tributária—, mas que é possível usar a indicação de Eduardo para dar uma resposta às últimas declarações de Bolsonaro como as proferidas sobre Augusto Santa Cruz de Oliveira, pai do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz.

Augusto desapareceu em fevereiro de 1974, após ter sido preso pela ditadura militar.

"O presidente acha que pode tudo, que o capital político dele permite ele falar de um morto, desqualificar jornalistas, chamar governadores do Nordeste de 'paraíba', que é um termo pejorativo. [Rejeitar o nome de Eduardo] seria uma maneira de o Senado dizer que ele não pode fazer tudo o que quer", disse o líder do PSD, Otto Alencar (BA).
 

Reservadamente, outros senadores também disseram que, após as manifestações proferidas durante o recesso parlamentar, Jair Bolsonaro pode ter dificuldade de aprovar projetos mais ligados à sua agenda pessoal, como a pauta de costumes e a indicação do filho para a embaixada em Washington. ​

Presidente da comissão de relações exteriores na Câmara, o deputado federal Eduardo Bolsonaro tem acompanhado o pai em viagens internacionais. 

Segundo súmula do STF (Supremo Tribunal Federal), nomeação de cônjuge ou parente até terceiro grau para exercício de cargo em comissão ou de confiança em qualquer dos poderes da União violaria a Constituição Federal. 

De acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União), no entanto, a vedação diria respeito apenas à indicação a cargos administrativos, e não políticos. Para se tornar embaixador, Eduardo precisará também passar por avaliação do Senado brasileiro. 

Colaborou Daniel Carvalho

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