Descrição de chapéu Coronavírus

Quarentena em São Paulo é prorrogada até 10 de maio

Estado já tem 853 mortos e é o epicentro do novo coronavírus no país

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São Paulo

O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (17) que a quarentena vai até 10 de maio, pelo menos, para todos os municípios do estado, com proibição de comércios de fazerem atendimento presencial, abertura de restaurantes apenas para delivery e bares e casas noturnas fechados.

SP tem 11.568 contaminações confirmadas pelo novo coronavírus e 853 mortes. Há ainda 1.125 pessoas internadas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) –segundo o governo, há 1.800 leitos do tipo no estado.

"Para reabrir o comércio e os serviços precisamos controlar melhor a contaminação e ter o sistema público de saúde em condições de atendimento para salvar vidas", afirmou o governador João Doria (PSDB).

O índice de isolamento no estado caiu para 49%, segundo o governador. O índice ideal estimado pelo estado é de 70%.

"Nada vai adiantar se a população não seguir as medidas recomendadas. Agora tem que ser todo mundo em casa, pelo bem de todo mundo", afirmou o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB). "Precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para diminuir a disseminação do vírus."

O isolamento social foi determinado por decreto em 24 de março e já foi prorrogado uma vez, em 8 de abril, com validade até o dia 22, próxima quarta-feira. Agora, foi prorrogado de novo.

Nos últimos dias, prefeitos do interior do estado têm emitido decretos municipais permitindo a reabertura parcial ou total do comércio. As regras do governo do estado, no entanto, continuam as mesmas, de fechamento de comércio para todos os municípios.

"Se tiver uma boa resposta da população, do interior, do litoral, da capital e da região metropolitana, sim, poderemos reavaliar [a quarentena]", afirmou Doria. "Nós não temos nenhum prazer em prorrogar o período da quarentena."

O secretário da Saúde, José Henrique Germann, afirmou que fará uma reunião virtual com os prefeitos do interior na tarde desta sexta para reafirmar a necessidade de manter os comércios fechados.

O coordenador do comitê de combate ao vírus, David Uip, afirmou que a impressão de que os casos estão limitados à capital e à região metropolitana é falsa. "Dados mostram como o vírus está entrando em todo o interior e também no litoral", disse. "O vírus é invisível. As pessoas têm a falsa impressão de que ele não acontece na sua cidade. Não é assim que funciona."

"Eu fico surpreso de as pessoas não entenderem o que já aconteceu", afirmou ele, citando países com alto número de mortos, como Itália e Estados Unidos. "Temos a oportunidade de nos antecipar."

"Respeitamos apenas as decisões locais de prefeituras de cidades turísticas em relação a limitar o acesso neste período de feriados prolongados ou finais de semana, apenas aos residentes ou proprietários de casas nestes municípios. É uma decisão local, que o governo do estado de São Paulo respeita", afirmou Doria.

Reportagem da Folha desta quinta (16) mostrou que as cidades contam mais de 1.000 casos e mais de 100 mortes a mais do que o governo do estado.

Segundo Germann, o estado fez 5.500 exames para o novo coronavírus nos últimos três dias, e há 4.500 em processamento de laudos. O secretário afirmou que há hoje um estoque de 9.400 testes.

A ideia de manter comércio e escolas fechados para evitar aglomerações e assim dificultar a transmissão do novo coronavírus tem causado atritos entre governadores e parte do governo federal (inclusive o presidente Jair Bolsonaro), que defende uma reabertura ampla para evitar o colapso econômico.

Foi esse também um dos principais tópicos do atrito que culminou na demissão, na quinta-feira (16), do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defendia a política de isolamento mais duro. Em seu lugar, assumiu nesta sexta o médico Nelson Teich como novo titular da pasta.

Em São Paulo, David Uip afirmou também que o estado monitora os municípios de estados vizinhos limítrofes a São Paulo, cujos cidadãos por vezes se tratam em cidades paulistas. Segundo Doria, não há previsão de fechar as rodovias do estado.

Os hospitais públicos de referência da capital já têm mais de 80% de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por causa da Covid-19.

As mortes nas periferias também têm aumentado. E cemitérios municipais já contabilizam cerca de um terço dos enterros como sendo de vítimas do novo coronavírus ou pessoas com exames de detecção da Covid-19 pendentes.

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