Após entraves judiciais e atrasos no cronograma, um investidor desistiu de construir um túnel e um boulevard na região da avenida Paulista.
O boulevard teria 10 mil m² e ligaria a avenida Paulista à entrada do complexo de luxo Cidade Matarazzo, por meio de um calçadão na alameda das Flores, ocupando o espaço onde hoje fica a rua São Carlos do Pinhal, num trecho de quase cem metros entre a rua Itapeva e a alameda Rio Claro.
Para que isso fosse possível, porém, o fluxo de veículos teria que ser desviado para um túnel a ser construído sob a via.
A obra seria paga pela SPCD (Associação São Paulo Capital da Diversidade), entidade fundada por Alex Allard, presidente do Group Allard, responsável pela construção do Cidade Matarazzo.
A prefeitura já foi avisada da rescisão da proposta.
Allard afirmou à Folha que, após 15 meses parado devido a veto judicial, a obra ficou inviável. Segundo ele, por uma questão de custo, a obra teria de ser feita ao mesmo tempo que o complexo Cidade Matarazzo.
Ele lamentou pelo fim de uma parte que classifica como "utópica" do projeto e com preocupação de trazer o verde para a cidade. "Essa ideia foi a mais ousada, mais generosa, a ideia de abrir um caminho para inspirar os outros a trazer uma nova relação entre os empreendedores e o cidadão", disse. "Sem dúvida eu fico muito triste, foi a parte mais utópica do nosso projeto".
As associações Amorbela (Associação União de Moradores Bela Vista & Bixiga) e Amacon (Associação de Moradores do Bairro da Consolação e adjacências) questionaram na Justiça em dezembro de 2019 a falta de transparência da prefeitura nos trâmites para o chamamento público, mirando impedir a construção do túnel, que alegam ser prejudicial aos moradores da região. A Justiça proibiu, em decisão liminar, o início das obras. A prefeitura recorreu, mas teve o recurso negado em agosto.
Para as associações, o boulevard beneficiaria prioritariamente o Cidade Matarazzo, sem levar em conta os transtornos causados pela futura obra.
Allard negou que obra tivesse qualquer retorno e afirmou que o Cidade Matarazzo não precisava do túnel, mas que isso beneficiaria a cidade.
A obra estava orçada em R$ 130 milhões, incluindo a manutenção do boulevard por 30 anos. O projeto, que tinha prazo de dois anos para ficar pronto, previa o plantio de cerca de 500 árvores nativas da Mata Atlântica, além de wifi gratuito, áreas de convivência, mercado de orgânicos e espaço gastronômico.
A área ficaria ficará junto ao Cidade Matarazzo. O complexo de luxo, foi foi orçado em cerca de R$ 2 bilhões, está erguido no terreno de cerca de 30 mil m² do antigo Hospital Humberto I e será formado por shopping center, torre com hotéis e apartamentos, restaurantes e um centro cultural.
A primeira parte do complexo deve ser inaugurada no fim do ano.
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