Procura por carros para viagens e lazer impulsiona o mercado de usados

Datafolha mostra que 38% dos paulistanos pretendem comprar um veículo para ir além dos trajetos cotidianos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Carros que estavam em garagens paulistanas e eram usados para viagens, atividades esportivas e outras formas de diversão trocaram de mãos entre 2020 e 2021.

De acordo com o levantamento sobre hábitos de consumo durante a pandemia feito pelo Datafolha, o índice dos que possuem um automóvel para lazer caiu de 52% para 39% entre um ano e outro.

A pesquisa mostra ainda que 38% dos entrevistados pretendem adquirir um modelo para ir além dos trajetos cotidianos, o que confirma a tendência de crescimento das vendas no mercado de usados.

“O setor sofreu com o impacto da pandemia, mas, apesar disso, houve muita procura por carros usados e seminovos, fazendo com que esse mercado reagisse rápido”, afirma Márcio Leitão, presidente-executivo da BMZ Concessionárias Digitais, empresa que registrou crescimento de 200% nas negociações entre 2020 e 2021.

Leitão afirma que, no início da pandemia, muitos clientes se desfizeram de um automóvel para aliviar as contas e se manter capitalizados. “Eles optaram por vender o veículo sem depreciação e comprar outro de valor menor, em geral um carro popular.”

Os valores pedidos por modelos que têm entre 4 e 10 anos subiram 13,04% em média no primeiro semestre de 2021, segundo a KBB Brasil, especializada em pesquisa de preços de veículos. Entre aqueles com até três anos de uso, o aumento foi de 9,75% neste ano.

O momento atual é de retomada. “Nos últimos meses, as pessoas voltaram a comprar carro por desejo e investir em veículos de maior valor agregado”, diz Leitão.

Esse esboço de normalidade anima os apaixonados por pilotagem. O gerente de tecnologia Gustavo Pimenta, 42, retomou as atividades em autódromo ao participar de “track days” (eventos realizados em pista fechada) promovidos pela oficina Motorfast em junho, no autódromo de Interlagos, zona sul de São Paulo).

“Os ‘track days’ estão limitados aos pilotos, com no máximo um acompanhante. São realizados em locais grandes, abertos, portanto há um distanciamento”, diz Pimenta.

Ele usa um Citroën DS3 2015 nos eventos e tem visto que a alta generalizada nos preços contribui para a menor depreciação do carro. “A desvalorização foi bem inferior a que eu esperava. O veículo foi adquirido em 2018 e seu valor praticamente se manteve.”

Entre os 38% que preservaram seus carros de lazer estão motoristas que mantêm atividades sem interação entre pessoas de famílias diferentes.

“Mesmo na quarentena, fazíamos trilhas e roteiros de jipe em família para fugir um pouco do confinamento e ter contato com a natureza, continuando isolados e sem sair do carro”, diz o engenheiro Rogério Caldas, 46. Ele tem um Jeep Wrangler TJ Sport 1997 e um Ford CJ 1986. Seus filhos Bruno, 13, e Júlio, 12, o acompanham nos passeios.

Caldas não tem a intenção de vender seus carros, mas pensa em comprar um outro modelo clássico. Esportivos nacionais dos anos 1980 estão sempre em suas buscas.

“Somos apaixonados por automóveis. Estamos sempre de olhos bem abertos para oportunidades que apareçam, inclusive durante a pandemia.”

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.