Promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro apuram se Rogério de Andrade —sobrinho de Castor de Andrade, um dos maiores bicheiros cariocas — teve algum envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em março de 2018.
De acordo com os promotores, o envolvimento de Andrade é uma das linhas de investigação da força-tarefa montada para investigar a morte da vereadora ao lado do motorista Anderson Gomes.
"Desde o primeiro momento que essa equipe assumiu o caso, revisitamos tudo o que foi produzido. É fato notório e público o vínculo entre eles, entre o Ronnie Lessa e o chefe da organização criminosa que figura como 01 dessa denúncia, o Rogério de Andrade. Por óbvio, essa é uma das linhas de investigação", disse Diogo Erthal, promotor de justiça e integrante da força-tarefa que apura a morte da vereadora.
"Mas, nesse momento, nós não temos elementos para dizer nem que sim nem que não. Se a resposta fosse sim, nesse momento ele estaria sendo denunciado por outro crime", afirmou Erthal.
Rogério de Andrade entrou na mira da força-tarefa em razão de seu vínculo com Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos tiros que mataram a vereadora.
Segundo os promotores, Ronnie e Andrade —que atuavam juntos pelo menos desde 2009— voltaram a interagir logo depois da morte da vereadora. O foco das conversas era a abertura de uma casa de apostas na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.
"Curiosamente, perto do homicídio de Marielle, eles se reaproximam. O homicídio acontece em março de 2018 e, a partir de abril do mesmo ano, eles voltam a interagir em conversas por mensagem e a proposta inicial era a da abertura de bingo", afirmou o promotor Fabiano Cossermelli.
De acordo com ele, esse empreendimento era o primeiro de outros que seriam feitos na zona oeste, com o objetivo de expandir a atuação de Andrade na região. "Aí vem a prisão do Ronnie e essa associação sofre uma interrupção", disse ele.
O vínculo entre Ronnie Lessa e Rogério de Andrade ganhou evidência em razão da operação Calígula, deflagrada nesta terça-feira (10) com o objetivo desarticular um esquema para proteger uma organização criminosa especializada em jogos de azar.
Segundo a denúncia, Lessa é um dos integrantes do grupo, que seria liderado por Gustavo de Andrade e seu pai, Rogério de Andrade —sobrinho de Castor de Andrade, um dos maiores bicheiros cariocas. Castor sofreu um infarto em 1997 enquanto cumpria prisão domiciliar. Segundo o Ministério Público, a organização criminosa atuava no Rio de Janeiro e em outros estados do país.
Nesta terça, 12 pessoas foram presas, outras duas investigadas já estavam detidas. Além disso, foram estourados dois bingos clandestinos, um na Barra da Tijuca e outro no Recreio do Bandeirantes, ambos na zona oeste.
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