Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Jerominho, ex-vereador apontado como chefe de milícia, é morto a tiros no Rio

Acusado de liderar a Liga da Justiça, ex-parlamentar foi assassinado na zona oeste da cidade

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Rio de Janeiro

O ex-parlamentar Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, foi assassinado a tiros no início da noite desta quinta-feira (4), na estrada Guandu do Sapé, em Campo Grande, na zona oeste do Rio. Segundo a Polícia Civil, ele foi atingido por dois tiros de fuzil, no abdome e na perna.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o ex-vereador caído no asfalto logo após o atentado, enquanto um homem tenta prestar socorro a ele. Três homens encapuzados desceram de um automóvel próximo de Jerominho, que também desembarcava de um veículo, e atiraram contra ele.

O ex-vereador era apontado como integrante da milícia Liga da Justiça, que dominou importantes comunidades da cidade, e responsável pela prática de homicídios e cobrança de taxas de segurança de comerciantes e moradores da zona oeste.

Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, quando foi preso - TV Globo/Reprodução

A investigação da morte ficará a cargo da DHC (Delegacia de Homicídios da Capital). Os agentes estão em diligências para identificar os autores do crime.

​A vítima foi socorrida ao Hospital Oeste D'Or, mas não resistiu aos ferimentos. Um segundo homem que acompanhava Jerominho, ainda não identificado, também foi atingido na ação e levado em estado grave ao Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande.

O policiamento foi intensificado na região da ação e em diversos pontos da zona oeste da cidade, reduto eleitoral do ex-parlamentar. De acordo com a Polícia Militar, a ocorrência segue em andamento.

O Hospital Oeste D’Or informou que, por enquanto, não fará comunicados oficiais, porque tem por política não divulgar nenhuma informação sem autorização do paciente ou familiares.

O ex-vereador foi preso em 2007, e o tio, Natalino, chefe do grupo, em 2008. Eles foram condenados a 10 e 15 anos de prisão, respectivamente. Os dois foram condenados "por formação de quadrilha armada". Em dezembro daquele ano, foram denunciados pelo Ministério Público estadual como chefes de milícia na zona oeste do Rio.

Os dois também são acusados de, sob a alegação de combater o tráfico de drogas, extorquirem dinheiro da população por meio do controle do transporte alternativo e do fornecimento de gás e TV a cabo, entre outras atividades.

Jerominho chegou a ser preso no fim de janeiro, mas foi solto uma semana depois. Na ocasião, havia contra ele um mandado de prisão por extorsão com emprego de arma contra motoristas de vans que atuavam em Campo Grande. O crime ocorreu em 2005.

Ele foi vereador no Rio de Janeiro por dois mandatos, entre 2001 e 2008, sempre eleito com grandes votações. No mesmo período, conseguiu viabilizar a eleição do irmão Natalino Guimarães como deputado estadual em 2006.

Mesmo da cadeia, Jerominho foi capaz de eleger a filha Carmen Gloria Guinancio Guimaraes Teixeira, a Carminha Jerominho, vereadora em 2009. Contudo, ela pouco exerceu o mandato, pois foi presa em 2009 por participação no grupo paramilitar.

Com a prisão do ex-parlamentar e de seus parentes, o poder político do grupo entrou em declínio. Carminha Jerominho tentou sem sucesso se reeleger vereadora em 2012. Já solto, Jerominho se filiou ao PMB (Partido da Mulher Brasileira) e chegou a afirmar em entrevistas a intenção de se candidatar a prefeito do Rio de Janeiro em 2020.

Com o risco de ter a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral, ele se contentou em indicar a sobrinha Jéssica Rabello Guimarães como candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada por Suêd Haidar, presidente do PMB. Filha de seu irmão, ela concorreu nas urnas como Jéssica Natalino. No mesmo pleito, Carminha Jerominho novamente fracassou ao tentar se eleger vereadora.

Após as prisões de Jerominho e Natalino, diversos criminosos assumiram o controle da Liga da Justiça. A milícia mudou de nome em 2014, quando Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, foi alçado ao comando do grupo. Ex-traficante, Três Pontes foi morto pela Polícia Civil em 2017.

Ele foi sucedido no comando do grupo por seu irmão Wellington da Silva Braga, o Ecko, que comandou uma agressiva política de expansão da quadrilha para a Baixada Fluminense. Assim como o irmão, Ecko também foi morto pela Polícia Civil, em junho de 2021.

Colaborou o UOL

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