Saúde anuncia projeto de saneamento para mulheres sem detalhar custo e funcionamento

Lançamento ocorre em meio à investida do presidente Jair Bolsonaro junto ao eleitorado feminino

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Brasília

O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (12) um projeto-piloto com foco em mulheres que sofrem com a falta de saneamento básico. A iniciativa foi batizada de "Transformando a vida das Marias".

O lançamento do programa ocorre em meio à investida do presidente Jair Bolsonaro (PL) para tentar reverter sua rejeição junto ao eleitorado feminino, que representa 52% do total. Em desvantagem nas pesquisas, ele é visto como o candidato que mais ataca as mulheres, segundo o Datafolha.

Foto mostra o ministro da Saúde Marcelo Queiroga em seu gabinete. Ele é um homem branco, que veste um terno preto, com camisa branca e gravata azul. Está sentado e gesticula.
Queiroga afirma no lançamento do programa que iniciativa não ocorreu antes por causa da corrupção - Pedro Ladeira/Folhapress

A iniciativa será feita pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde) —vinculada ao Ministério da Saúde— com apoio da Organização dos Estados Ibero-americanos. O anúncio ocorreu na sede do Ministério com a participação de diversas autoridades, incluindo a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Cristiane Brito.

O governo promete fazer uma pesquisa inédita para entender o impacto do problema na vida das mulheres, promover oficinas de conscientização de gênero em áreas rurais e capacitar gestores e lideranças sobre representatividade de gênero.

Durante a cerimônia de lançamento, o ministério afirmou apenas que o projeto seria desenvolvido em 18 municípios da Paraíba, mas não explicou quando nem de que forma. A pasta também não informou quanto deve custar a iniciativa.

Questionada pela reportagem, a Funasa afirmou que o projeto começa no mês que vem e vai até dezembro de 2023. Segundo a fundação, tanto a pesquisa como as oficinas serão presenciais.

No evento, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, exaltou as mulheres e atacou a corrupção "em um passado recente". "As mulheres exercem um protagonismo imenso, e também nessas áreas de maior vulnerabilidade", afirmou.

"Em pleno século 21, parece anacrônico nós discutirmos ainda uma situação que é tão óbvia como essa. E por que isso não aconteceu de maneira própria? Uma das justificativas é desvio de recursos públicos. É a pandemia de corrupção que se instalou em um passado recente e o desvio de recursos públicos mata mais que o vírus."

A campanha do presidente Jair Bolsonaro também tem explorado a imagem da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para tentar conquistar o eleitorado feminino e diminuir sua rejeição.

A diretora de Saúde Ambiental da Funasa, Deborah Roberto, exaltou Michelle Bolsonaro nesta segunda. "Recentemente, eu vi que a nossa primeira-dama tem os olhos voltados para políticas públicas relacionadas a esse sonho, de todos as mulheres terem acesso à água", disse Deborah Roberto.

O orçamento de 2022 prevê R$ 1,393 bilhão para investimentos em saneamento básico. Até o momento, o governo federal comprometeu R$ 717,3 milhões. Nos três primeiros anos do mandato de Bolsonaro, cerca de R$ 4 bilhões foram destinados à área.

Nos eventos de Sete de Setembro, o presidente voltou a fazer declarações de teor machista e entoou gritos de "imbrochável" para uma plateia de apoiadores em Brasília.

Já no debate do dia 28 de agosto, Bolsonaro se exaltou e atacou a jornalista Vera Magalhães após ser questionado sobre vacinação. Disse que ela "era uma vergonha para a sua profissão", insulto que repetiu à adversária Simone Tebet (MDB).

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