Descrição de chapéu Sabatinas racismo

Reforma na segurança pública beneficiaria negros, diz campanha de Tebet

Ao combater fome e desemprego, governo também ajuda o grupo, afirma Nestor Neto durante sabatina promovida pela Folha

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Campinas

Medidas como o combate ao encarceramento em massa, à fome e ao desemprego defendidas pela candidatura de Simone Tebet (MDB) beneficiariam os negros.

Essa é a opinião de Nestor Neto, representante da campanha da senadora na sabatina sobre racismo promovida pela Folha nesta quarta-feira (14).

Neto disse que Tebet foi convocada pelos segmentos do MDB para representá-los, e aprendeu a abraçar pautas que não eram suas.

"Ela compreendeu que isso será a agenda do governo dela. A agenda hoje é acabar com a fome, erradicar a miséria, o desemprego e criar condições de qualidade de vida para a população brasileira. Quando você pega esses índices, quem lidera são os pretos."

Nestor Neto, representante da campanha de Simone Tebet (MDB) é entrevistado pelo repórter Tayguara Ribeiro durante série de sabatinas da Folha sobre racismo
Nestor Neto, representante da campanha de Simone Tebet (MDB) é entrevistado pelo repórter Tayguara Ribeiro durante série de sabatinas da Folha sobre racismo - Marcelo Chello/Folhapress

O representante citou índices como os de fome, desemprego, desigualdade, miséria e violência, liderados pela população negra no Brasil.

"Se a proposta está pautada nesses temas, evidentemente o governo dela está sendo lastreado com políticas voltadas para a população negra", disse.

Uma das propostas é mudar a dinâmica que vigora nos presídios para torná-los lugares de ressocialização.

Segundo ele, o sistema prisional brasileiro serve como espaço de trabalho para o crime organizado e contribui para a manutenção da criminalidade, ao oferecer condições hostis para os presos e não prepará-los socialmente, intelectualmente e profissionalmente para o retorno à sociedade.

Para Neto, também candidato a deputado federal na Bahia, os 820 mil presos no Brasil (em sua maioria negros, 67,5%), são prova de que o Estado se esqueceu da segurança pública do país.

Os dados sobre a população carcerária foram apresentados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) neste ano.

"[Presídios] não podem ser um depósito de pessoas que não deram certo —a grande maioria pela ausência do Estado, que não forneceu qualidade de vida, assistência e oportunidades para a juventude", afirmou.

A conversa foi mediada por Tayguara Ribeiro, repórter de política da Folha.

"Existem presídios sem condições, insalubres. Eles ficam lá como se fossem bichos. Como você vai devolver uma pessoa [nessas condições] para a sociedade e ressocializar?", pergunta.

"O Estado tem que criar um amparo e condições para que esse preso, que entrou por uma fatalidade ou alguma circunstância, possa entender que pode voltar a ser um cidadão comum, de bem, e vai contribuir para uma sociedade do bem e da paz", afirma.

Nesse sentido, Tebet pretende recriar o Ministério da Segurança Pública. Seu primeiro foco seria conter a entrada de armas ilegais nas fronteiras do país e criar mecanismos para paralisar o acesso a armamentos, facilitado pelo atual governo.

Neto defende que essa ação pode contribuir para a redução dos índices de homicídio de negros. Entre 2010 e 2019, pretos e pardos foram 78% das vítimas de arma de fogo no Brasil, segundo números divulgados pelo Instituto Sou da Paz.

Essa política se estenderia também à polícia: "Há duas formas de você enfrentar [a violência], e não é armando mais a polícia", diz.

"É investindo em inteligência e barrando o exército natural do crime organizado [impedindo que pessoas pobres, sem acesso à educação e em situação de vulnerabilidade sejam aliciados pelos criminosos]."

O governo Tebet pretende atuar em políticas que mitiguem esses pontos, como a criação de condições econômicas e sociais que mantenham as famílias assistidas —desde creches em tempo integral até a criação de benefícios e programas sociais.

Neto foi o segundo participante de uma série de sabatinas sobre racismo. A Folha convidou as campanhas dos quatro candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas eleitorais.

Também nesta quarta, Ivaldo Paixão foi sabatinado, em nome da campanha de Ciro Gomes (PDT).

Na terça-feira (13), a entrevistada foi a ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos Nilma Gomes, representante da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, recebeu o convite, mas não respondeu.

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