Meu Golpe e Xeque Mate: foliões trocam cerveja por drinques no Carnaval de SP

Bebidas prontas, mais elaboradas e com maior teor alcoólico ganham espaço nos blocos

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São Paulo

Um dos maiores receios de quem vai para os blocos de Carnaval neste ano é cair no golpe do cartão, mas o vendedor Gordoboy garante que seu "golpe é o único gostoso de tomar". E muita gente tem comprado.

No último domingo (5), os drinques da marca Meu Golpe se esgotaram em poucas horas nas ruas do centro de São Paulo. Preparadas à base de chás e inspiradas em coquetéis tradicionais, as bebidas da Meu Golpe seguem uma tendência que tem feito sucesso nos blocos de Carnaval de várias capitais.

Como alternativa à cerveja, muitos foliões têm buscado drinques prontos, mais elaborados e com maior teor alcoólico. Vendidas em latinhas ou frascos de plástico, as bebidas têm tido alta procura.

Fernando Delpra e Thais Le Mener criaram os drinks do Meu Golpe, que são vendidos pelo Gordoboy (à esq.)
Fernando Delpra e Thais Le Mener criaram os drinks do Meu Golpe, que são vendidos pelo Gordoboy (à esq.) - Karime Xavier/Folhapress

Recém-criada, a Meu Golpe apostou no tom político para conquistar o público dos blocos que costumam ser frequentados pela esquerda, mas ganhou com outro sentido. A insegurança da região central da capital paulista levou os consumidores a fazerem piadas com o nome da bebida.

"Pensamos em Meu Golpe, em referência ao golpe de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Mas nos primeiros finais de semana já vimos as pessoas brincando com o nome, dizendo que este é o único golpe que querem tomar", conta Thais Le Mener, 27, uma das sócias.

Exatamente para se distanciar dos golpes comuns nesta época (não apenas os do cartão, mas também de bebidas adulteradas), a marca decidiu que iria vender seus produtos com um ambulante conhecido na região, Anderson Ferreira, 38, o Gordoboy.

"As pessoas me conhecem há muito tempo e sabem que podem confiar em mim. Comigo o único golpe que vão levar é este, gostoso e fresquinho", brinca Gordoboy, que neste sábado (11) de pré-Carnaval inaugura seu bar, o Ponto G, na Barra Funda.

As bebidas se inspiram em drinques mais elaborados, servidos em bares. É o caso de Janja, drinque preparado com gim, chá de folha de maracujá e xarope de hibisco. Ou o 9 Fingers, feito com Campari, cachaça, chá mate e limão. Cada garrafa com 247 ml é vendida por R$ 13 e tem 7% de teor alcoólico. Uma cerveja pilsen costuma ter 5% de álcool.

"A gente viu que outras bebidas estavam fazendo sucesso nos blocos. As pessoas não querem beber só cerveja ou aquelas bebidas industrializadas que ninguém sabe do que são feitas. Por isso decidimos pensar em drinques que combinassem com o Carnaval", diz Fernando Delpra, 35, sócio da marca.

A dupla se inspirou também em uma bebida que tem feito sucesso em festas e eventos de outras cidade e que também já conquista os paulistanos: Xeque Mate. Produzido em Belo Horizonte, o drinque na latinha desembarcou neste ano pela primeira vez no Carnaval de São Paulo.

A mistura leva chá mate, limão, extrato de guaraná e rum artesanal. "Visitei alguns blocos no fim de semana e todos tinham Xeque Mate. Fiquei surpreso", conta um dos sócios da marca, Gabriel Rochael.

Ele e um amigo começaram a fazer a bebida de forma caseira, em 2015. Como forma de complementar a renda de universitários, passaram a vendê-la em festas e eventos na rua.

Rochael afirma que, na época, as bebidas prontas vendidas por ambulantes se resumiam a cerveja, catuaba e um drinque enlatado de cerveja com destilado. "Vimos espaço para vender um drinque de qualidade, mais sofisticado, a um preço justo e que fosse energético", diz o empresário. "Além disso, não tem que ir no banheiro toda hora, como acontece quando se bebe cerveja."

Segundo ele, a empresa produz 300 mil litros da bebida por mês, e cerca de 20% da produção é direcionada para o mercado paulista. A distribuição também chega ao sul da Bahia e a Florianópolis.

Cada lata (355 ml) de Xeque Mate tem teor alcoólico de 7,9% e é vendida por ambulantes a R$ 15, mesmo valor da cerveja long neck.

Já famoso no sul da Bahia, o Netuno também tem conquistado foliões no Carnaval de rua de São Paulo. O destilado de gengibre que tem 14% de álcool já tem presença na coquetelaria de alguns bares da cidade, mas agora é comercializado apenas com gelo nos blocos.

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