Justiça aumenta pena de ex-bombeiro acusado de atrapalhar apuração do caso Marielle

Condenação de Maxwel Côrrea, o Suel, passou de quatro para seis anos e nove meses; Promotoria o acusa ajudar a esconder armas de Ronnie Lessa

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Rio de Janeiro

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aumentou nesta terça-feira (14) a pena do ex-bombeiro Maxwell Simões Correa pela condenação por obstrução das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes.

A decisão por unanimidade (3 a 0) da 1ª Câmara Criminal, tomada no dia em que o crime completa cinco anos, ampliou de quatro para seis anos e nove meses a condenação de Suel, como é conhecido.

Foto mostra mãos de mulher em reza; na roupa, aparece um adesivo com rosto de Marielle
Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, usa adereço com o rosto da filha em missa de cinco anos do assassinato, nesta terça (14), no Rio - Mauro Pimentel/AFP

De acordo com as investigações, um dia após as prisões dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, denunciados como autores do crime, Maxwell ajudou a ocultar armas de fogo de Lessa que estavam armazenados em um apartamento no bairro do Pechincha e em outros lugares desconhecidos.

Maxwell teria cedido o veículo utilizado para guardar o arsenal de Ronnie, entre os dias 13 e 14 de março de 2019, para que o armamento fosse, posteriormente, descartado em alto mar.

A confirmação da condenação de Maxwell é mais um avanço de desdobramento da investigação do assassinato ainda não totalmente esclarecido.

O assassinato completa meia década sem que seus executores tenham sido julgados sequer em primeira instância e sem que haja uma conclusão sobre a existência ou não de um mandante do crime.

A demora no julgamento de Ronnie e Élcio se deve aos sucessivos recursos apresentados pela defesa para tentar impedir o júri popular. Em setembro, o juiz Gustavo Kalil, ao renovar a prisão preventiva dos acusados, atribuiu à estratégia a demora no julgamento.

"A demora na prestação jurisdicional se dá por iniciativa da defesa que interpôs sucessivos recursos em face da decisão de pronúncia, devendo arcar com o ônus da demora, não causada pela máquina judiciária. Ademais, embora a pronúncia esteja preclusa, com exame, inclusive, dos tribunais superiores, ambas partes, inclusive a defesa, requereram diligências assumindo, assim, o ônus de uma demora ainda maior."

Em meio a uma crise interna, o Ministério Público do Rio definiu apenas no último dia 3 os sete novos componentes da força-tarefa para continuar na apuração do crime. Os membros, novos integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especializado no Combate ao Crime Organizado), tiveram um primeiro encontro com a família de Marielle e Anderson na última terça-feira (7).

"Foi dada a palavra a cada pessoa presente ao evento, para sanar dúvidas, fazer comentários e expressar-se livremente como desejassem, visando um primeiro contato presencial com as pessoas, olho no olho, face a face, inclusive para compreender as aflições e recepcionar suas demandas", afirmou o procurador Luciano Lessa, coordenador do Gaeco.

A Polícia Federal também entrou formalmente no auxílio à investigação, por determinação do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB).

No último ano de investigação, o crime ganhou um novo suspeito. O bicheiro Rogério Andrade passou a integrar o rol em razão de sua ligação com Lessa. Os dois foram denunciados sob acusação de exploração de bingos clandestinos logo após o assassinato da vereadora.

Outras linhas de investigação apontam para o ex-vereador Cristiano Girão e o ex-deputado Domingos Brazão, atualmente conselheiro afastado do TCE (Tribunal de Contas do Estado).

Os três negam as suspeitas.

Brazão também foi alvo de denúncia sob acusação de ter tentado prejudicar as investigações do crime. A denúncia apresentada ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), em razão do foro especial de conselheiros, foi enviada ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Não há notícia sobre o andamento do processo na Corte fluminense.

As promotoras que por mais tempo estiveram à frente do caso, Simone Sibilio e Letícia Emile, também não descartavam a hipótese de que o crime não tenha um mandante. Seria, por essa análise, um crime de ódio por decisão do próprio Lessa, com apoio de Élcio.

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