Descrição de chapéu Obituário Bernardo de La Peña (1975 - 2023)

Mortes: Carioca cativante que contou os bastidores do Planalto

Bernardo de La Peña venceu dois prêmios Esso, um dos mais importantes do jornalismo brasileiro

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São Paulo

Quando criança Bernardo de La Peña sonhava em ser engenheiro agrônomo. A paixão por cavalos fez da Sociedade Hípica Brasileira, no Rio de Janeiro, um dos locais preferidos do carioca.

Mas outras paixões o fisgaram ao longo da vida: a leitura e o jornalismo.

Filho do jornalista José de La Peña (morto em 2019) e da médica Denise Moreira César, Bernardo formou-se em jornalismo na Faculdade da Cidade, na capital fluminense, em 1998.

Bernardo de La Peña (1975 - 2023)
Bernardo de La Peña (1975 - 2023) - Bernardo de La Peña no Facebook

O início da carreira foi como estagiário no jornal O Estado de S. Paulo. Depois trabalhou n'O Globo —onde venceu dois prêmios Esso, um dos mais importantes do jornalismo brasileiro—, no Jornal do Brasil e no site Colabora.

A profissão o levou para Brasília para cobrir o primeiro governo Lula.

"Na minha geração, era o repórter investigativo mais promissor, um grande talento. Talvez o Bê tenha sido um dos poucos que juntavam a excelência da cobertura investigativa com a capacidade rara de cobrir bastidores políticos. Na CPI dos Correios, ficou na linha de frente da cobertura", afirma o comentarista da GloboNews Gerson Camarotti, amigo de Bernardo.

Os dois foram parceiros no livro "Memorial do Escândalo: Os Bastidores da Crise e da Corrupção no Governo Lula" (Geração Editorial, 2005) —Bernardo também é autor de "Um Carioca no Planalto" (Monte Castelo, 2015), que relata as memórias dos cinco anos vividos em Brasília.

Mas foi na mesa do Braseiro da Gávea, na zona sul do Rio, que nasceu a amizade. Bernardo era boêmio sem colocar uma gota de álcool na boca e apreciava uma boa conversa —característica que o ajudava na vida pessoal e no trabalho.

"Bernardo era sedutor, e essa característica atraía as fontes. Era muito conectado numa época em que a internet ainda estava engatinhando", relata.

"Meu irmão amava a vida", diz Luciana de La Peña, 44, uma das irmãs, ao falar do câncer que resultou na morte de Bernardo. A doença deu seus primeiros sinais em 2004, quando o jornalista retirou um tumor benigno do cérebro.

Em 2011, apareceu um novo tumor, mas com malignidade. O mesmo aconteceu em 2018 e 2022.

"Ele nunca desistiu e nós nunca desistimos dele também. Fomos muito unidos até o final", diz Luciana.

"Cada etapa dele era uma superação comovente. Bernardo foi um exemplo. Seu amor pela vida foi uma inspiração para mim, conta o amigo Camarotti.

Bernardo de La Peña morreu no dia 8 de maio, aos 48 anos. Era divorciado. Deixou a mãe, duas irmãs, um cunhado e sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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