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Ministro da Justiça anuncia demissão de policiais acusados de matar Genivaldo

Flávio Dino afirma que ordenou revisão de procedimentos da PRF; homem foi asfixiado em viatura em Sergipe

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Brasília

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou na tarde desta segunda (14) que assinou a demissão de três policiais rodoviários federais envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos em maio do ano passado.

Kleber Nascimento Freitas, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia foram denunciados sob acusação de terem asfixiado Genivaldo no porta-malas de uma viatura da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no município de Umbaúba, em Sergipe.

"Estou assinando a demissão de três policiais rodoviários federais que, em 2022, causaram ilegalmente a morte do Sr. Genivaldo, em Sergipe, quando da execução de fiscalização de trânsito. Não queremos que policiais morram em confrontos ou ilegalmente matem pessoas", afirmou Dino.

Ação de agentes da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe que resultou na morte de Genivaldo de Jesus Santos
Ação de agentes da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe que resultou na morte de Genivaldo de Jesus Santos - Reprodução

Ainda segundo o ministro, o governo está trabalhando com os estados para "apoiar os bons procedimentos e afastar aqueles que não cumprem a Lei, melhorando a Segurança de todos".

"Determinei a revisão da doutrina e dos manuais de procedimentos da Polícia Rodoviária Federal, para aprimorar tais instrumentos, eliminando eventuais falhas e lacunas", disse Dino.

Genivaldo foi asfixiado em uma viatura da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em 25 de maio de 2022.

Ele tinha esquizofrenia e tomava remédios controlados havia cerca de 20 anos, segundo a família. A corporação afirmou que ele foi abordado porque estava andando de moto sem capacete e não obedeceu à ordem de levantar a camisa e colocar as mãos para cima.

O IML apontou que a vítima sofreu insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica. A PRF, então, afastou os três policiais envolvidos na morte e instaurou processo disciplinar para investigar o caso.

A Polícia Federal reconstituiu a cena da morte e concluiu que a detonação de gás lacrimogêneo liberou gases tóxicos como monóxido de carbono e ácido sulfídrico.

De acordo com a perícia, a concentração de monóxido de carbono foi pequena e a de ácido sulfídrico foi maior, o que pode ter causado convulsões e incapacidade de respirar.

Ainda segundo a investigação, Genivaldo fez um esforço físico intenso e isso, associado ao estresse causado pela abordagem, fez com que a respiração dele ficasse acelerada, o que pode ter potencializado os efeitos tóxicos dos gases.

A PF concluiu que a vítima ficou 11 minutos e 27 segundos no porta-malas do carro em contato com gases tóxicos.

Ainda de acordo com a perícia, Genivaldo não esboçou nenhuma reação à abordagem policial e só chegou ao hospital 23 minutos após a emissão dos gases tóxicos. Antes, a viatura onde estava passou por uma delegacia da cidade. Ele chegou morto ao hospital, informa a investigação.

Caso ainda não foi a julgamento

Mãe, irmãos, viúva e filho ainda aguardam por um desfecho sobre as causas e culpados da morte na Justiça cível e criminal. Genivaldo tinha 38 anos e era visto como um pai dedicado.

"A dor ainda é a mesma, não muda. É uma ferida que está aberta e que é cutucada todos os dias. A gente precisa que aconteça logo esse júri para ter um pouco mais de tranquilidade", diz à Folha Maria Fabiana dos Santos, viúva e mãe do filho de Genivaldo, em maio, quando a morte completou um ano.

Em janeiro, a 7ª Vara Federal de Sergipe tornou réus os três policiais rodoviários federais presos por envolvimento na morte de Genivaldo.

Na decisão, a Justiça determinou que os policiais sejam submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri quanto aos supostos crimes de tortura-castigo e homicídio triplamente qualificado.

Na época, o advogado Glover Castro, que defende William de Barros Noia, disse que recorreu da decisão da Justiça. Procurado nesta segunda, declarou que atua somente no processo criminal. A reportagem também entrou em contato com o escritório responsável, mas não obteve resposta até a publicação.

Procurada para comentar, a Polícia Rodoviária Federal também não respondeu sobre as demissões.

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