Sé e Campos Elíseos, no centro de São Paulo, têm recorde no número de roubos

OUTRO LADO: Secretaria da Segurança Pública diz que região é uma das prioridades do governo e que reforçou o policiamento

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São Paulo

As regiões da Sé e dos Campos Elíseos, tradicionais áreas do centro de São Paulo, registraram recorde na quantidade de roubos de janeiro a julho deste ano. Os números são superiores ao visto no mesmo intervalo do ano desde 2002, início da série histórica.

Somente na área do 3° Distrito Policial (Campos Elíseos), responsável por boa parte da região da cracolândia, foram contabilizadas 4.398 ocorrências em sete meses, uma alta de 3,5% em relação ao mesmo período do ano anterior (4.248 casos).

Os anos de 2023 e 2022 foram os primeiros a atingir marca superior aos 4.000 registros no período de janeiro a julho. Até antes da pandemia de Covid, a soma não havia chegado a 3.000 casos de roubo, quando há uso de arma de fogo ou arma branca, como facas e estiletes, ou emprego de violência ou ameaça.

Praça da Sé está com policiamento reforçado em ações contra o crime - Zanone Fraissat/Folhapress

O número de furtos, quando o bem é levado sem violência, também subiu no período, passando de 6.058 casos em 2022 para 7.026 neste ano, alta de 16%.

Nesse tipo de crime não houve recorde, uma vez que, em 2019, antes da crise sanitária causada pelo novo coronavírus, foram registrados 9.240 furtos em sete meses.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que a região central é uma das prioridades da gestão e que reforçou o perímetro com 120 homens destinados ao policiamento ostensivo e preventivo, além da intensificação das investigações e operações por parte da Polícia Civil.

A delegacia de Campos Elíseos abrange, entre outras, as avenidas Rio Branco e Duque de Caxias, além da rua dos Gusmões, onde os dependentes químicos se concentram entre a noite e o início das manhãs. O prédio da Polícia Civil está a dois quarteirões do fluxo, como é chamada a aglomeração dos usuários.

A região vive uma de suas piores fases, com cenas de violência tanto durante o dia quanto à noite. Moradores e comerciantes passaram a protestar contra o caos que se instalou na região. No dia 15 deste mês, um porteiro de 54 anos foi morto ao ser ferido em um roubo no largo General Osório, em Santa Ifigênia. Testemunhas relataram que o autor do crime seria um morador de rua.

Segundo a SSP, a região que abrange o 3º DP faz parte da área prioritária da atual gestão. Conforme a pasta, desde janeiro as ações policiais foram intensificadas no local, resultando na prisão e apreensão de 127 infratores.

Ainda de acordo com a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), houve redução de 28% na quantidade de roubos em julho em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

A área da Sé é outro local que tem sofrido com a atuação de criminosos. Foram 2.910 ocorrências de roubos de janeiro a julho ante 2.443 no mesmo período do ano anterior, um crescimento de 19%.

Os furtos na região também tiveram ligeiro crescimento. Passando de 6.292 no sete meses do ano passado para 7.094 no mesmo período deste ano, alta de 13%.

A reportagem esteve na praça da Sé nesta segunda-feira (28) e constatou a presença da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana, com agentes públicos a pé ou em veículos e bases. Os canteiros seguem protegidos por grades móveis, colocadas pela prefeitura em abril, para conter depredações, segundo o subprefeito da Sé, coronel Alvaro Camilo.

Removidos durante ações para revitalização da praça da Sé, os moradores de rua continuam sem montar suas barracas no entorno da catedral e do marco zero.

Ainda segundo a pasta da Segurança Pública, em um período de sete meses, quase 4.000 suspeitos foram detidos na região central, representando um aumento de 33,2% em comparação ao mesmo período de 2022.

A SSP disse que a área da 1° Delegacia Seccional, que abrange a Sé e os Campos Elíseos, além de outras delegacias, registrou queda progressiva na quantidade de roubos desde abril, atingindo a marca de 20% em julho.

Sobre os furtos, a secretaria disse que tem reforçado o combate aos receptadores.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo, sob gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou que dados de criminalidade e políticas de segurança pública devem ser comentados pela SSP.

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