Sociedade repudia o que aconteceu, diz Sâmia Bomfim sobre assassinato de irmão no Rio

No velório de médico no interior de SP, deputada do PSOL afirma que crime precisa ser solucionado e tratado com seriedade

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Presidente Prudente (SP)

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) disse nesta sexta-feira (6) ter recebido manifestações de apoio de todos os cantos do país devido ao assassinato do irmão dela, o médico Diego Bomfim, 35, em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele e outros dois colegas foram mortos a tiros em um ataque que deixou ainda um ferido.

Sâmia falou rapidamente aos jornalistas na chegada à casa funerária em um bairro central de Presidente Prudente (a 558 km de São Paulo), cidade onde o irmão nasceu e será sepultado.

Sâmia chora
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL) no velório do irmão Diego, um dos três médicos assassinados no Rio na madrugada do dia 5 - Bruno Santos/Folhapress

Ela afirmou que as manifestações de solidariedade demonstram "o quanto a sociedade brasileira repudia profundamente o que aconteceu e o quanto o crime precisa ser solucionado e tratado com a maior seriedade", afirmou.

Dados do inquérito serão solicitados pelos advogados da família para que todas as linhas de investigação sejam acompanhadas, declarou a deputada.

Políticos e membros da equipe de Sâmia disseram à Folha que não querem conclusões precipitadas sobre a motivação do crime. Eles dizem, porém, que nenhuma hipótese deve ser descartada neste momento.

Apesar do apoio relatado por Sâmia, as redes sociais da deputada e do irmão Diego têm sido bombardeadas com mensagens de ódio e informações falsas.

Deputada estadual de São Paulo, Mônica Seixas, também do PSOL, relatou que há duas linhas de postagens ofensivas contra Sâmia e o irmão.

Uma parte tenta relacionar a morte de Diego à existência de um comércio ilegal de próteses ortopédicas. É uma notícia falsa. O médico morto no Rio era especialista em reconstrução ortopédica e atendia no SUS (Sistema Único de Saúde).

Outro grupo de agressões é dirigido diretamente a Sâmia. "Ficam dizendo que a família dela foi vítima dos bandidos que ela defende", contou Seixas.

"Estão fazendo com ela o mesmo que ainda fazem com a Marielle [Franco, vereadora do PSOL assassinada em 2018 no Rio]", disse.

Mais cedo, a mãe e a irmã de Diego fizeram um apelo pelo fim das mensagens de ódio contra a família.

"Eu peço, se há um pingo de humanidade, não misturarem política, não façam comentários maldosos", disse Dayane Bomfim, 36, irmã de Sâmia e de Diego. "Pelo amor de Deus, coloquem-se no lugar da minha família, não espalhem fake news", completou.

A mãe de Diego também relatou que a família recebe constantes ameaças devido à atuação política da filha deputada. "É muito ódio, as pessoas precisam voltar à realidade. Nós somos uma família simples, o Diego fez faculdade financiada pelo Fies [programa federal de financiamento]", comentou Antônia Cavalcante de Souza, 62.

A mãe do médico Diego Bomfim, Antonia Bomfim (à dir.), é consolada em velório do filho em Presidente Prudente (SP), na manhã desta sexta (6) - Bruno Santos/Folhapress

A deputada é um dos principais nomes da bancada feminina na Câmara. Tornou-se vereadora em 2016 e, no meio do mandato, em 2018, foi eleita como deputada federal, sendo reeleita em 2022 com 226 mil votos.

Diego estava no Rio para participar de um congresso internacional sobre cirurgia minimamente invasiva, com 300 profissionais brasileiros e de outros países. Era visto por amigos como um profissional em ascensão na carreira.

Ele foi alvejado enquanto estava com colegas em um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste. Também morreram no ataque os médicos Marcos de Andrade Corsato, 62, e Perseu Ribeiro Almeida, 33. Único sobrevivente, Daniel Sonnewend Proença, 32, está internado.

A suspeita é que eles tenham sido mortos porque teriam confundido o ortopedista Almeida com Taillon de Alcantara Pereira Barbosa, 26, acusado pelo Ministério Público de integrar a milícia de Rio das Pedras. Milicianos são criminosos que exploram o comércio local e cobram taxas de segurança ilegais, sob coação.

Conforme a Folha noticiou, a polícia apura se o Comando Vermelho matou os envolvidos no assassinato dos médicos após terem conhecimento de que eles atiraram em inocentes e o caso ganhar repercussão nacional.

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