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STF dá 6 meses para governo Lula apresentar plano para melhorar situação das prisões

Questões relacionadas a presídios do Brasil devem ser solucionadas em até três anos

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Brasília

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quarta-feira (4), por unanimidade, determinar que o governo Lula (PT) elabore em seis meses um plano nacional para resolver os problemas do sistema penitenciário brasileiro.

Esse plano terá que ser validado pelo Supremo e, depois, os estados e o Distrito Federal terão mais seis meses para apresentarem planos. Segundo a decisão do STF, todas essas questões devem ser solucionadas em até três anos.

Os ministros votaram a favor da proposta que discute o mérito de uma liminar (decisão provisória) de 2015 que constatou o "estado de coisas inconstitucional" nas prisões devido a uma série de violações dos direitos humanos nestes locais.

Cela superlotada no Centro de Detenção Provisória de Limeira, em SP
Cela superlotada no Centro de Detenção Provisória de Limeira, em SP - Divulgação - 29.jan.2021/Defensoria Pública de SP

Caberá ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) monitorar as execuções dos planos que serão apresentados e fazer a regulamentação necessária.

O plano nacional deverá contemplar os fins, as diretrizes e as medidas para o controle da superlotação dos presídios, melhoria da qualidade e aumento de vagas, fomento às medidas alternativas à prisão e aprimoramento dos controles de saída e progressão de regime.

O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, disse que compete ao tribunal zelar pelos direitos fundamentais previstos na Constituição, "sobretudo quando se trata de grupo vulnerável, altamente estigmatizado e desprovido de representação política".

"Além disso, o descontrole do sistema prisional produz grave impacto sobre a segurança pública, tendo sido responsável pela formação e expansão de organizações criminosas que operam de dentro do cárcere e afetam a população de modo geral", disse.

A ação estava suspensa desde 2021, quando Barroso pediu vista no processo (mais tempo de análise). O julgamento voltou nesta terça-feira (3).

A ação foi proposta pelo PSOL, que argumentou que a União, os estados e o Distrito Federal foram omissos em resolver os problemas, o que violava preceitos fundamentais dos presos.

O partido também alegou que a superlotação e as condições degradantes do sistema prisional configuram cenário incompatível com a Constituição Federal.

Como exemplo, citaram a dignidade da pessoa humana, a vedação de tortura e de tratamento desumano, o direito de acesso à Justiça e os direitos sociais à saúde, educação, trabalho e segurança dos presos.

O julgamento foi o primeiro realizado em plenário físico da corte sob gestão de Barroso. Em entrevista coletiva no último dia 29, ele disse que a primeira questão que pretendia enfrentar em sua gestão era a situação precária do sistema penitenciário brasileiro.

No último dia 26, a então presidente do STF Rosa Weber anunciou que um esforço liderado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) liberou cerca de 22 mil pessoas presas indevidamente.

A análise dos casos foi feita no chamado "Mutirão Processual Penal", realizado durante 30 dias, de 24 de julho e 25 de agosto. O grupo verificou cerca de 100.396 processos movimentados neste período. Após o estudo dos autos, chegou-se à conclusão de que havia prisão indevida em 21.866 casos.

Deste número, foram revistas prisões preventivas com duração maior do que um ano, de gestantes, de mães e mulheres responsáveis por crianças e de pessoas com deficiência presas cautelarmente e, também, de pessoas em cumprimento de pena em regime prisional mais gravoso do que o fixado na decisão condenatória.

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