Descrição de chapéu Obituário Elisabete Aparecida Ignacio Saldaña (1957 - 2023)

Mortes: Educadora, deu aulas de amor e sensibilidade

Elisabete Aparecida Ignacio Saldaña dedicou três décadas à educação pública

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Brasília

Não havia qualquer conversa que a educadora Elisabete Aparecida Ignacio Saldaña não moldasse com o sorriso. Para ela, todos os momentos e pessoas eram importantes —como se sua ética e seu dia a dia sempre tivessem o outro sempre como referência. Vivia no amor.

Era a Bete para amigos e a Bé para a família próxima, o marido e também para os filhos, Vinicius, Ricardo e Paulo. Também atendia por Vovó Bebete para o neto Caetano.

A Bé nasceu e cresceu entre as vilas Formosa e Carrão, zona leste de São Paulo. Ainda adolescente, conheceu, na porta da escola, José Carlos Saldaña, o Cá, seu único e grande amor, que se tornaria companheiro de cinco décadas.

Mulher branca de cabelo curtos e grisallhos. Ela sorri, sempre
Elisabete Aparecida Ignacio Saldaña (1957 - 2023) - Acervo pessoal

Tornou-se mãe aos 21 e antes dos 30 já comandava a família com três filhos e o marido, de quem foi um dos pilares. Só se formaria em pedagogia depois disso. Não raro levava às aulas na faculdade, de ônibus, os três meninos, o menor ainda no colo —e sempre com sorrisos.

E foram três décadas dedicadas à educação. Dos tempos em que lecionou no antigo Cefam (Centro de Formação do Magistério), legou um batalhão de ex-alunas que a celebravam. A frase "ah, foi minha aluna" virou motivo de brincadeira em casa, pela frequência dos encontros carinhosos.

Depois de longa carreira na rede estadual de São Paulo, transferiu-se para o sistema municipal da capital paulista. Até se aposentar, em 2017, dirigiu por anos o Centro de Educação Infantil Jardim São Paulo, em Guaianases.

Como fazia com tudo, manteve um comprometimento integral com a educação pública, com colegas e alunos. Saía de casa ainda de madrugada para abrir a escola e ficava até fechar os portões. Foi viciada em leitura. Mas sua marca era a sensibilidade, o que muito influenciou os filhos e todos a seu redor.

Emocionava-se com alegrias alheias, sinceramente feliz pelos outros. Tinha orgulho dos filhos e vivia intensamente a música que é a marca da casa, nascida pela influência do Cá, seu marido.

Apaziguadora, evitava qualquer briga, a não ser para corrigir injustiças. Com os filhos crianças, sua preocupação era que não se tornassem desrespeitosos ou valentões na escola. As coisas certas eram inegociáveis. "Diariamente dava exemplos de como perdoar, ajudar, buscar a harmonia. Nos unia. Sem dúvida, foi a minha melhor amiga, confidente, meu anjo da guarda", diz Vinicius, 45, músico, empresário e filho mais velho.

"Não foram poucas as vezes em que esteve ao lado de familiares, amigos, colegas ou mães de alunos quando mais precisavam, não hesitando em abrir mão de tempo e disposição", relembra o ator, músico e empresário Ricardo, 41, pai do Caetano, neto que se tornou razão de devoção.

A Bé ouvia todos com atenção verdadeira. Desempenhava a posição de pedra angular da família, pois amava sinceramente, sobretudo os irmãos (Maga, Chico e Toninho).

Mesmo quando, em 2017, iniciou tratamento contra um câncer, manteve seu humor acolhedor, o otimismo inabalável e uma fé sincera, herdada da mãe, Evangelina, 88, e do pai, Manuel Ignacio, falecido.

Já depois dos 60 anos, após a remissão do primeiro tumor, organizou viagens com o Cá. Foi conhecer parte da Europa no estilo mochilão. Em letra bonita, anotava tudo na sua agendinha.

Para a Bé, tudo estava sempre bem. Em 3 junho, o falecimento do Cá impediu a celebração dos 47 anos de casamento. Isso abalou sua força para lidar com a metástase no pulmão que tratava desde 2021.

Em 3 de outubro, exatos 4 meses após a morte do Cá, a Bé se despediu, aos 66, deixando muitas saudades. "Fez a travessia para deixar, nestas margens de cá, sementes de amor e bondade", completa o filho Ricardo.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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