Descrição de chapéu Mobilidade transporte público

Tarifa dos trens e metrô em SP sobe para R$ 5 em janeiro de 2024

Aumento será de R$ 0,60; o tema tem colocado Tarcísio e Ricardo Nunes em lados opostos

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São Paulo

O valor da tarifa dos trens e metrô em São Paulo vai subir para R$ 5 a partir de 1º de janeiro de 2024. A informação foi confirmada pela assessoria da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O valor atual da passagem é R$ 4,40, o que representa um aumento de R$ 0,60.

O anúncio oficial ainda não foi feito, mas o governo prometeu novas informações em breve com as explicações para a decisão.

Plataforma da estação Bresser da linha 3-vermelha do Metrô - Rubens Cavallari - 24.mar.2023/Folhapress

A informação foi divulgada pelo Bom dia SP, da TV Globo, e confirmada pela Folha em seguida.

Com o reajuste, os passageiros que utilizam apenas o transporte sobre trilhos em dias úteis terá de pagar, em média, R$ 26,40 a mais por mês.

O reajuste da tarifa do transporte público na cidade de São Paulo tem colocado em lados opostos o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB). O valor de R$ 4,40 é o mesmo desde janeiro de 2020, apesar de a inflação no período ter sido de 26% (R$ 5,55). O reajuste é de 13,6%, metade da inflação.

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos afirmou à noite que ainda não está definido como ficará o valor da integração dos ônibus com metrô e trem.

A defasagem incomodava Tarcísio, que dizia reiteradamente para os seus secretários que subiria a tarifa no ano que vem. Por outro lado, Nunes calcula que o aumento da passagem trará prejuízos à sua campanha de tentativa de reeleição. Os dois são aliados.

Tarcísio confirmou sua intenção de aumentar o preço da passagem em entrevista no último dia 29 de novembro. "[A tarifa] Está congelada há muito tempo, a gente tem como fazer conta. Quanto mais tempo congelada, mais subsídio, e eu preciso tirar de alguma política pública. Então tem que por na balança, não tem almoço de graça. Se a tarifa não subiu, o custo subiu", disse o governador.

"As empresas não vão ter solvência sem repasse, e o fato de a tarifa estar congelada vai prejudicando a saúde financeira das empresas", completou Tarcísio.

Na capital, com o sistema de integração, as passagens de ônibus e das linhas férreas seguem o mesmo valor. A gestão Nunes desembolsou R$ 5,3 bilhões em subsídios para as empresas de ônibus até o início de novembro. Responsável pelos gastos com metrô e trens, o governo estadual não informou quanto repassou.

Resta saber, agora, se a prefeitura deverá seguir com o acordo informal firmado com o governo e reajustar a tarifa do ônibus. A medida é uma das situações que Nunes mais evita tomar em seu último ano de mandato.


Funcionários da prefeitura e da SPTrans disseram à Folha nesta manhã que foram pegos de surpresa. A assessoria de imprensa dos dois órgãos não se manifestou em notas, apesar do anúncio por parte da Comunicação de Tarcísio.

Na segunda (11), antes de anunciar o programa tarifa zero aos domingos, Nunes conversou com Tarcísio na tentativa de convencê-lo da ideia. O governador sempre foi contrário tanto à gratuidade quanto ao congelamento da tarifa desde janeiro de 2020.


Neste encontro Nunes e Tarcísio também debateram a possibilidade de subir o preço da passagem. "Ficamos de, a partir desta semana, reunirem os técnicos da SPTrans e do governo para discutir se deve haver o reajuste, acredito que uma decisão deverá ser tomada no final do mês, como é de prática", afirmou o prefeito, na segunda.

Na reunião entre governador e prefeito, Tarcísio disse que seria inevitável o reajuste para o ano que vem. Desde quando assumiu o Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio vive em conflito com lideranças sindicais das linhas férreas e demonstra incômodo pelo fato de o Metrô ser deficitário.

A empresa teve um prejuízo de R$ 651 milhões no primeiro semestre deste ano. Em todo o ano de 2022, havia sido de R$ 1,2 bilhão.

Rafael Calabria, coordenador de mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), acredita que o aumento da tarifa afastará ainda mais os usuários e não será suficiente para cobrir o déficit.

A Folha questionou a Gestão Nunes se o valor da tarifa subirá para os ônibus da capital e aguarda retorno.

Greves e privatização

Neste ano, a gestão Tarcísio enfrentou três greves envolvendo os metroviários. No dia 28 de novembro, houve uma greve unificada do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que contou com adesão da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado), de professores da rede pública e de servidores da Fundação Casa. Os grevistas pediam a suspensão de projetos de privatização em curso no estado, como a da Sabesp, de linhas da CPTMe do Metrô.

Em outubro, um protesto realizado pela categoria também tinha a concessão de serviços à iniciativa privada como alvo. A primeira paralisação deste ano ocorreu em março e, embora incluísse o fim de terceirizações e privatizações na pauta, também continha argumento diretamente relacionado a direitos trabalhistas.

EVOLUÇÃO DO REAJUSTE DA TARIFA EM SÃO PAULO

2012
3,00

2013
Não houve. O então prefeito Fernando Haddad (PT) e o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) recuaram e cancelaram o aumento para R$ 3,20 após os protestos de junho

2014
Não houve

2015
R$ 3,50

2016
R$ 3,80

2017
Apenas a tarifa integrada com o metrô e a CPTM foi reajustada. Em seu primeiro ano de mandato, o então prefeito João Doria (PSDB) havia prometido não aumentar a tarifa dos ônibus em 2017

2018
R$ 4,00

2019
R$ 4,30

2020
R$ 4,40

TARIFA ZERO

A confirmação do reajuste no valor da tarifa nos trens e metrô ocorre logo após a gestão Nunes anunciar que a cidade passará a ter ônibus gratuito aos domingos.

A tarifa gratuita começará a valer já a partir do próximo domingo (17), sempre durante todo dia —das 0h às 23h59. Para ter acesso ao benefício, o passageiro que tiver bilhete único deve utilizá-lo, mas nenhum valor será cobrado. Quem não tem, o motorista vai liberar a catraca.

A prefeitura diz que não há previsão de precisar pagar a mais às empresas pelo passe livre. No entanto, a gestão municipal deverá renunciar, pelo menos, uma receita de R$ 240 milhões ao ano. Essa cifra equivale ao que a prefeitura deixará de receber com as catracas livres aos domingos.

Neste ano, a administração municipal deverá custear R$ 6 bilhões dos gastos com os ônibus e, segundo Nunes, há uma ociosidade de 60% da capacidade dos ônibus. "Com isso, não será necessário fazer implementação do subsídio", afirma Nunes.

Ao votar o orçamento da cidade para o ano que vem, a Câmara dos Vereadores aprovou uma reserva de R$ 500 milhões para o Executivo custear o transporte coletivo gratuito no próximo ano.

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