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Cármen Lúcia pede informações à Braskem e prefeitura de Maceió sobre acordo de R$ 1,7 bi

Ministra determinou que partes se manifestem em 30 dias; mina colapsou no final de 2023

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Brasília

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (8) que a Prefeitura de Maceió (AL) e a Braskem prestem informações em até 30 dias sobre o acordo de R$ 1,7 bilhão firmado entre as partes, no âmbito das minas para extração de sal-gema que ameaça desabar sob a capital alagoana.

O acordo prevê a quitação por parte da mineradora por possíveis danos decorrentes da atividade, e foi assinado em julho, pouco antes de partes da mina começarem a entrar em situação de colapso.

No final de dezembro de 2023, a prefeitura indicou que quer rever esses acordos.

Vista aérea da área de Maceió (AL) afetada pela mina da Braskem
Vista aérea da área de Maceió (AL) afetada pela mina da Braskem - Jonathan Lins - 6.dez.2023/Reuters

A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceitos Fundamentais) que corre no STF questiona os termos deste arranjo. O pedido foi feito pelo governador de Alagoas, Paulo Dantas, aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL), principal fiador da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a companhia.

Dentre os pontos questionados está justamente as "cláusulas que disponham sobre quitação à Braskem pelos danos causados pela subsidência do solo" ou a "autorização de transmissão de propriedade imobiliária", que permitiu que empresa tomasse posse do terreno sobre a mina, que era antes da prefeitura.

Também é pedido que seja revistas as cláusulas que tratam de temas socioambientais, acordos "celebrados visando a indenização de vítimas" e a requalificação de uma área conhecida como Flexal.

Como mostram documentos obtidos pela Folha, os moradores dessa região foram relegados a uma espécie de isolamento social pelo programa de realocação da Braskem para a população afetada pelas minas que correm risco de desabar.

Pelo menos desde 2021, órgãos e entidades alertam para o problema, tecnicamente chamado de "ilhamento social", das comunidades conhecidas como Flexal de Baixo e Flexal de Cima, além de outras aos seus arredores, e que não foram contempladas pelos planos da empresa.

"De forma direta e sem possibilidade de reversão, tais populações estão submetidas a condições de isolamento que determinará a incapacidade do exercício da vida em sua plenitude, como também, da condição de cidadãos", afirmou a Defesa Civil em um relatório elaborado junto à prefeitura de Maceió à época e obtido pela Folha.

No início de dezembro, parte da mina 18, a que está em situação mais crítica, colapsou.

O teto da mina sofreu um rompimento, após semanas sob monitoramento após abalos sísmicos. Não houve vítimas.

Ao todo, cerca de 20% do território da capital alagoana sofre efeitos dos problemas de afundamento do solo provocado pela mineração da Braskem, e cerca de 60 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Muitos animais também foram abandonados.

Um relatório da Defesa Civil de Maceió aponta que a cratera aberta sob a lagoa Mundaú após o colapso da mina 18 possui 78 metros de comprimento, 46 metros de largura e 7 metros de profundidade —grosso modo, o correspondente a cerca de metade da área de um campo de futebol oficial e quase dez vezes o volume de uma piscina olímpica.

Além disso, o documento, produzido no final de 2023, indica impossibilidade de monitoramento de outras três minas por sistema aéreo em razão da localização delas.

A aferição consta em um documento enviado pelo órgão municipal para a petroquímica Braskem e também encaminhado para o Ministério Público Federal. A empresa foi a responsável por realizar a mineração que culminou com os afundamentos de solo na capital alagoana.

O documento foi revelado inicialmente pela TV Gazeta de Alagoas e confirmado pela Folha. O relatório da Defesa Civil foi divulgado no dia 30 de dezembro de 2023.

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