Descrição de chapéu Datafolha

Buraco no asfalto é problema mais comum de SP para 8 de cada 10 moradores, mostra Datafolha

Principal reclamação é registrada no momento em que gestão Nunes já gastou R$ 4 bi com obras de pavimentação

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São Paulo

No momento em que São Paulo passa por um programa de recapeamento asfáltico anunciado pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) como o maior da história, os buracos nas vias públicas representam o transtorno urbano lembrado com mais frequência pelos paulistanos, segundo pesquisa Datafolha sobre problemas e prioridades da cidade.

Imagem mostra buraco no asfalto, com uma moto e um caminhão ao fundo
Buraco no asfalto da rua José Gomes Falcão, na Barra Funda (zona oeste de São Paulo), fotografado em 23 de novembro - Danilo Verpa - 23.nov.2023/Folhapress

Ao serem questionados quanto aos problemas ocorridos nos últimos 12 meses nos bairros onde residem, 84% dos entrevistados apontaram a existência de buracos no asfalto, de acordo com resultado da pesquisa estimulada —quando o entrevistador apresenta alternativas para a resposta.

Entre aqueles que afirmam haver algum problema no seu bairro, 78% citaram as quedas de energia, sendo este o segundo infortúnio mais presente na vida do morador da capital. Em terceiro lugar está a presença de usuários de drogas, apontada por 74%.

As demais questões relatadas pelos entrevistados foram lixo na rua (71%), presença de moradores de rua (68%), queda de árvore (62%), congestionamento (60%), enchente (50%), esgoto a céu aberto (42%), falta de água (41%) e ataques da gangue da bicicleta (21%).

O Datafolha entrevistou 1.090 moradores com 16 anos ou mais em todas as regiões da cidade no intervalo de 7 a 9 de março. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.

Em nota, a prefeitura diz que o sistema viário "está sendo reforçado e ganhando mais mobilidade com o maior programa de recapeamento da história da cidade". Segundo a gestão Nunes, mais de 12,6 milhões de metros quadrados foram finalizados.

"No mês de janeiro de 2024 foram tapados 20.408 buracos em toda a cidade. Em 2023, foram 222.349 e, em 2022, foram 133.511."

Um dos motivos para que paulistanos mencionem o asfalto como principal problema da cidade é o período chuvoso, quando a deterioração do pavimento ocorre com mais frequência devido a infiltrações, segundo Kamilla Vasconcelos Savasini, coordenadora do Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica da USP.

Isso não significa que o problema necessariamente deva aparecer a cada verão e que a cidade obrigatoriamente tenha de ser recapeada a cada ciclo eleitoral.

A durabilidade do pavimento reflete a escolha entre aplicar o orçamento disponível para cobrir uma ampla área com um material de qualidade inferior ou, em vez disso, priorizar um pavimento mais resistente, mas numa porção menor da cidade, segundo a especialista.

"O pavimento deve durar pouco tempo? Não necessariamente. A restauração do pavimento urbano pode acontecer a cada quatro anos, mas também pode ocorrer em oito anos, quatorze anos", diz Savasini.

Reconhecendo que a escolha por projetos com maior durabilidade é dificultada pelo gigantismo da capital, Savasini afirma que pavimentos projetados para durar mais resultam em redução de custos aos munícipes, até mesmo quanto ao ônus que normalmente não entra nesse calculado, como os congestionamentos causados pelas obras.

Desde 2022, a gestão Nunes aplicou mais de R$ 4 bilhões em pavimentação ou restauração de vias da capital paulista, segundo a própria prefeitura.

O projeto de recapeamento em curso mira a recuperação de mais de 700 trechos que ocupam uma área de aproximadamente 20 milhões de metros quadrados.

A durabilidade da nova cobertura dependerá da tecnologia aplicada. A tecnologia mais eficiente resulta de uma combinação de materiais pétreos (as pedras trituradas utilizadas podem se encaixar melhor se tiverem formas e tamanhos específicos) e da adição de polímeros (material plástico) no asfalto, além da preparação adequada da base do pavimento ao volume de carga que ele irá suportar –o piso de um corredor de ônibus precisa aguentar muito mais peso do que uma pequena rua de bairro.

Além da tecnologia, a correta execução da obra de recapeamento é fundamental para a durabilidade no recapeamento. O asfalto precisa, por exemplo, ser mantido em temperatura elevada (até 180°) ao ser aplicado. Esse costuma ser um desafio devido ao tamanho da cidade, segundo Savasini.

Outra frente da gestão Nunes relacionada à pavimentação, a operação Tapa Buraco teve sua execução criticada pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) de São Paulo em setembro do ano passado.

Entre as falhas apontadas por auditores do TCM estão a falta de preparo da área para a aplicação do novo asfalto e áreas recortadas que superam o tamanho do buraco, o que eleva os gastos com os serviços contratados.

O asfalto é uma das apostas de Nunes, que disputará a reeleição em outubro. Mas até mesmo entre aqueles que afirmaram que votarão no atual prefeito, 78% disseram ter problemas com buracos de rua, segundo o Datafolha.

Outros lados

Em nota à reportagem, a prefeitura afirma que "trabalha diariamente para enfrentar os desafios da cidade com programas e ações desenvolvidos em todas as regiões". "A gestão municipal ainda mantém canais abertos com os cidadãos, como o sistema 156, para receber todo tipo de solicitação e, também, aprimorar constantemente a prestação de serviços."

Quanto à violência —os ataques da chamada gangue da bicicleta foram mencionados por 21% como um dos maiores problemas da cidade— , a SSP (Secretaria da Segurança Pública) da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) diz estar atenta a esse tipo de crime.

A pasta afirma, em nota, que reorienta e reforça o policiamento em locais estratégicos. Segundo a secretaria, os registros de roubos e furtos em São Paulo caíram, respectivamente, 13,4% e 2,6% em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

"O total de pessoas presas e apreendidas subiu 17,2%, somando 3.600 detenções, e o número de armas de fogo ilegais retiradas das ruas teve alta de 46,1%, totalizando 260 armas recolhidas", diz a pasta.

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, por sua vez, diz que "intensificou o patrulhamento comunitário e preventivo na região central com a ampliação do número de agentes e viaturas".

"Além disso, em fevereiro, foi iniciada a operação do sistema de monitoramento do Programa Smart Sampa, formulado com as mais modernas tecnologias disponíveis. Mais de 5.000 câmeras já operam na plataforma, 24 horas por dia", diz a gestão Nunes.

"Os demais pontos abordados pela reportagem também foram reforçados na atual gestão. Os investimentos para o combate a enchentes superaram R$ 5,2 bilhões desde 2021", destaca também a nota.

"Estão em andamento obras para a construção de seis novos piscinões, 14 grandes implantações de novas galerias e canalizações, além de outras oito importantes obras de macrodrenagem. Outros dez piscinões estão em fase de licitação."

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