Descrição de chapéu
Governo Lula violência

Governo Lula inaugura 'anúncio oficial de delação' em busca de marca na segurança

Ministro da Justiça derrapa ao usar caso Marielle para criar agenda positiva em meio à queda de aprovação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Fabio Serapião
Fabio Serapião

Na Folha em Brasília desde 2021. Acompanha Polícia Federal com foco em investigações de combate ao crime organizado desde 2012. Revelou transações suspeitas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, que deram origem ao caso da rachadinha.

Brasília

Em pouco menos de dois meses à frente do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski já contabiliza ao menos dois ineditismos.

O primeiro deles foi a fuga de dois presos da Penitenciária Federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, logo nos primeiros dias de fevereiro e de sua gestão por indicação do presidente Lula (PT).

O segundo se deu nesta terça-feira (19) com o inédito "anúncio oficial" de uma homologação de acordo de colaboração premiada.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, durante reunião ministerial  chamada pelo presidente Lula (PT) para fazer balanço
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, durante reunião ministerial chamada pelo presidente Lula (PT) para fazer balanço - Pedro Ladeira/Folhapress

O ministro reuniu a imprensa para contar que fora avisado pelo seu ex-colega de STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, da validação do acordo da Polícia Federal com Ronnie Lessa, preso sob acusação de ser o executor do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Sobre Mossoró, Lewandowski não pode ser diretamente cobrado pela primeira fuga da história do sistema federal. A situação no presídio, como se descobriu ao longo desses dias após a fuga, era precária desde as outras gestões.

Mas o anúncio da homologação da delação, sim, é algo exclusivo da atual gestão.

Em tese, trata-se apenas de uma movimentação processual em uma investigação, pelo que se sabe, sigilosa.

A convocação da imprensa e o uso do anúncio como sendo do governo se dá um dia após a reunião ministerial de Lula com seus ministros, entre eles Lewandowski, e da divulgação de pesquisas que mostram a segurança como uns dos motivos da queda de avaliação de Lula.

No encontro, o ministro minimizou as críticas ao governo federal em relação à segurança pública e empurrou a responsabilidade principal pelo setor para os estados e municípios.

Cabe aos estados boa parte da segurança, por meio das polícias militares e civis, mas também são sabidos o impacto do tema na avaliação do governo federal e a necessidade de envidar esforços para contribuir no combate à criminalidade.

O argumento de que problemas na segurança recaem sobre a esfera federal é lembrado por apoiadores de Lula que defendiam um nome mais ligado à área para o ministério ou a divisão da pasta em duas.

Como mostrou a Folha em outra análise logo após a escolha de Lewandowski para o cargo, Lula optou por reforçar a relação com o STF e deixou, em um primeiro momento, a segurança de lado ao escolher o ex-ministro para a Justiça.

Como também foi dito, as eleições municipais serão o primeiro termômetro para o governo sobre como o tema da segurança deve pesar nas urnas. As pesquisas recentes parecem ter acendido um alerta no governo sobre a necessidade de pautas positivas na área para contrapor o bolsonarismo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.