Captura de presos não diminui pressão sobre Lewandowski por ações na segurança

Assunto é visto como sensível pelo Palácio do Planalto e alvo de discussões dentro do governo

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Brasília

A captura dos dois fugitivos do presídio federal de Mossoró, nesta quinta-feira (4), representa o desfecho da primeira crise encarada pelo ministro Ricardo Lewandowski à frente da pasta da Justiça.

A fuga inédita no sistema penitenciário federal ocorreu na madrugada do dia 14 de fevereiro e os detentos foram presos após 50 dias de buscas.

O episódio, porém, não deve encerrar a pressão de aliados do presidente Lula (PT) para que o ministro dê respostas enfáticas na área da segurança pública.

Lewandowski fala, durante coletiva, sobre a operação que prendeu os dois homens que haviam fugido de presídio federal em Mossoró - Pedro Ladeira - 4.abr.2024/Folhapress

O tema é considerado caro para o governo porque tem impactado negativamente na imagem da gestão petista, segundo pesquisas internas analisadas pelo Palácio do Planalto.

A popularidade do presidente também tem apresentado queda em levantamentos. De acordo com a última pesquisa Datafolha, do final de março, a aprovação ao governo Lula empatou tecnicamente com a rejeição.

Consideram o trabalho do petista ótimo ou bom 35%, ante 33% que o avaliam como ruim ou péssimo e 30% como regular. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

Ministros e integrantes da cúpula do Congresso, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), consideram que a segurança pública será um dos temas mais explorados das eleições municipais.

A forma como o assunto será tratado ainda é alvo de discussão dentro do governo. Isso porque há o receio de que, ao assumir determinadas bandeiras, a gestão Lula acumule desgastes em relação a uma área que é de responsabilidade de estados e municípios.

Este foi um dos argumentos usados por aliados do presidente para que ele não criasse um ministério exclusivo para a segurança pública, por exemplo.

O assunto permeou a primeira reunião ministerial realizada por Lula em 2024, no mês passado. Na ocasião, Lewandowski ressaltou que a área da segurança pública é sobretudo de responsabilidade de estados e municípios.

O ministro frisou que o Executivo federal tem instrumentos limitados para atuar no tema, segundo prevê a Constituição.

Lula tem os piores índices de aprovação no Rio Grande do Norte e no Rio de Janeiro, em razão de problemas de segurança pública e na saúde, segundo pesquisa. Os dados foram apresentados pelo ministro Paulo Pimenta (Comunicação Social) na reunião. Na ocasião, Lewandowski minimizou o problema.

Ele ainda se justificou sobre a fuga dos detentos de Mossoró (RN). As falas do ministro foram alvos de críticas dentro do governo porque foram lidas como uma forma de ele se eximir de atacar o problema.

A preocupação do Planalto com o tema ficou exposta na primeira campanha publicitária nacional, que teve o mote o "Brasil Unido contra o Crime", e buscou destacar as ações da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e das Forças Armadas nas fronteiras, portos e aeroportos contra o crime organizado e as milícias.

A fuga dos detentos de Mossoró foi registrada nos primeiros dias da gestão de Lewandowski. Aliados de Lula eximem o ministro de responsabilidade pela fuga, mas admitem que o caso gerou desgastes ao mostrar falhas no sistema penitenciário federal.

Segundo Ministério da Justiça e Segurança Pública, os dois foragidos foram presos em Marabá (PA), a 1.600 km do local da fuga,. A ação reuniu equipes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.

O caso foi explorado pela oposição ao presidente. O próprio presidente da Câmara citou a fuga e afirmou durante um jantar com a Frente Parlamentar do Empreendedorismo que o sistema prisional brasileiro está "fragilizado".

"Não tem um comando único, uma diretriz única. Estamos com um sistema falho, é fato. Esse deverá ser o tema recorrente de discussões este ano, deste embate eleitoral, e nas próximas eleições vai estar em evidência. A segurança pública está fragilizada e a segurança permeia a vida de todo mundo", declarou Lira.

"Inclusive, há especulações políticas de que (para) qualquer postulante ao cargo de presidente da República em 2026 um assunto que vai crescer e vir para a mídia é a tal da segurança pública. Não é à toa onde tem um tratamento mais enérgico por parte dos governos estaduais, esses governos estão com a aprovação estourada", continuou o deputado.

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