Descrição de chapéu Interior de São Paulo

Policiais agridem jovem e pai cadeirante em abordagem em Piracicaba (SP); veja vídeo

Imagens mostram agressões dentro da casa da família; Secretaria da Segurança afirma que PMs foram afastados

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São Paulo

Um jovem de 21 anos e o pai dele foram agredidos durante abordagem da Polícia Militar em Piracicaba (SP), na tarde da última segunda (1º).

Imagens gravadas por testemunhas mostram que o jovem foi atingido por golpes de cassetete e choques de taser. O pai dele, um homem que usa cadeira de rodas, levou um chute de um policial, que ainda jogou um armário sobre ele.

O caso aconteceu no bairro Cantagalo, em Piracicaba, interior de São Paulo, e foi registrado como desacato e resistência.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que todas as circunstâncias relacionadas aos fatos são investigadas e que os PMs envolvidos foram afastados.

"Importante ressaltar que a conduta registrada não segue os protocolos de abordagem da instituição. Um Inquérito Policial Militar foi aberto para apurar a ação dos agentes, que já estão afastados do trabalho operacional. Denúncias sobre a conduta de policiais podem ser formalizadas junto à Corregedoria", diz a pasta.

A PM afirma que a Corregedoria acompanha o caso.

De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais disseram que estavam em patrulhamento na região quando notaram uma motocicleta com placa sem lacre. Pensando que o veículo poderia ser roubado ou furtado, decidiram abordar o condutor, afirmam, na avenida Zulmira Ferreira do Vale, esquina com a rua Principal.

Morador de 21 anos é agredido com cassetete na calçada de sua casa em Piracicaba - Reprodução

Segundo o BO, ao notar a abordagem o jovem foi em direção aos PMs, desobedeceu uma ordem para se manter afastado e passou a ofendê-los. "Não vou sair daqui, não, seus policiais de merda, policial é tudo vagabundo", teria dito o morador do bairro, ainda segundo o boletim de ocorrência.

No registro ainda consta que o morador teria tentado dar um soco em um dos PMs, que usaram a arma de choque no tórax e no braço dele, antes que ele corresse para dentro de casa. Durante a tentativa de algemá-lo os parentes teriam hostilizado os policiais para ajudá-lo na fuga, diz o BO.

O jovem, no entanto, apresentou outra versão. Disse que estava na frente de casa bebendo com um amigo, quando o colega saiu para buscar dinheiro para comprar mais bebida. Ao voltar, foi abordado pelos PMs da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas).

O morador então foi ao encontro do amigo para saber o que estava acontecendo. Segundo seu relato, os policiais teriam ordenado que ele se retirasse, mas ele questionou a ordem dizendo que estava em local público.

Parte da ação foi filmada.

As imagens mostram o jovem sentado na calçada recebendo golpes de cassetete e choques. Ele consegue se levantar e entra em casa, e ao menos três PMs invadem a residência.

Na cozinha, o jovem continua sendo agredido com golpes de cassetete, mesmo sem demonstrar reação. O pai questiona a ação diversas vezes e pede que as agressões sejam interrompidas. Ele empurra um dos PMs, que revida com um chute na região do peito e joga um armário sobre o homem na cadeira de rodas.

Ainda de acordo com o registro da ocorrência, a vítima não quis dar mais detalhes do que aconteceu por temer represálias.

José Oscar Silveira Junior, advogado que representa o jovem, afirma que a agressão começou depois que ele perguntou o motivo da abordagem ao amigo —nesse momento começa a gravação.

Segundo o advogado, os policiais entraram na casa da família sem flagrante, sem mandado judicial e sem permissão dos moradores.

"Lá dentro, começaram a eletrocutar novamente [o jovem]. O chão da cozinha estava molhado porque a cozinha estava sendo lavada, e nas gravações é possível ouvi-lo dizer 'por favor, senhor, o chão está molhado, o senhor vai me matar', temendo pelos choques no chão molhado", diz Silveira Junior.

O jovem também disse, de acordo com o advogado, que foi levado a um ginásio no bairro Jaraguá onde teria sido agredido por longo período pelos PMs, antes que fosse levado ao pronto-socorro e depois à delegacia. Ainda segundo a defesa, a vítima relatou que um dos policiais se mostrava contrário à agressão.

O ouvidor das polícias de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, disse que já instaurou um procedimento para investigar o caso e que tenta fazer contato com as vítimas e familiares. A gravação foi suficiente para Silva classificar o caso como "muito grave". "Demonstra uma situação de total descontrole da tropa", disse o ouvidor, lembrando que as agressões ocorrem num contexto de aumento da violência policial no estado.

Colaborou Tulio Kruse

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