Descrição de chapéu violência São Paulo

Promotoria quer prisão de motorista de Porsche ou apreensão de passaporte

Em parecer, Ministério Público afirma que se Fernando Sastre Filho não for preso, deve entregar documento, celulares e não ter contato com testemunhas do caso que deixou 1 morto

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São Paulo

A Promotoria de Justiça da 6ª Vara do Júri da capital deu parecer favorável à prisão preventiva o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, envolvido no acidente que causou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, feito pela Polícia Civil neste fim de semana. A promotoria também é favorável à apreensão de passaporte e outras medidas cautelares, para o caso de a Justiça entender que ele deve responder em liberdade.

Entre outras medidas cautelares estariam a suspensão da CNH (Carteira Nacional de Hebilitação), proibição de sair da área de jurisdição da vara, entrega de aparelhos celulares e proibição do contato com testemunhas do caso.

A promotora Monique Ratton concordou com argumentos da Polícia Civil para que ele seja preso durante o julgamento. Os principais motivos são a suspensão da CNH de Sastre há pouco tempo e o fato de ele ter dinheiro suficiente para sair do país.

Porsche azul ficou com dianteira destruída após colisão com Sandero na avenida Salim Farah Maluf, na zona leste de São Paulo - Divulgação - 31.mar.2024/Polícia Civil

"Ele voltou a andar em excesso de velocidade —ele perdeu a carteira por uma multa por excesso de velocidade na cidade de Cascavel, no Paraná", disse o delegado Carlos Henrique Ruiz, da 5ª Delegacia Seccional da capital, neste sábado (6).

"Existem indícios de que ele estava embriagado. Testemunhas dizem que ele apresentava voz pastosa, andar cambaleante, essa é mais uma questão relevante a ser considerada, bem como o poder econômico, porque existe a possibilidade de ele se evadir, sair do estado ou até do país.", completou.

A Justiça já havia negado um pedido de prisão do empresário feito pela polícia nesta semana. Na ocasião, o Tribunal de Justiça entendeu "não estarem presentes os requisitos necessários". A defesa dele, representada pela advogada Carine Acardo Garcia, diz ainda não ter conhecimento do pedido de prisão deste fim de semana.

Segundo a Polícia Civil, agora a tendência é que a decisão seja tomada pelo juiz do Tribunal do Júri, e não durante o plantão judicial no fim de semana, uma vez que a competência pelo processo já foi designada a essa vara. Nesse caso, o mais provável é que uma decisão judicial sobre o pedido de prisão seja tomada a partir de segunda-feira (8).

A colisão aconteceu na avenida Salim Farah Maluf por volta das 2h do último domingo (31). Sastre perdeu o controle do Porsche e colidiu na traseira de um Renault Sandero, de acordo com policiais militares que atenderam a ocorrência. Atingido, Ornaldo foi socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde morreu.

Fernando foi indiciado criminalmente por homicídio doloso, lesão corporal e fuga de local de acidente. O dono do Porsche se apresentou na delegacia apenas na tarde de segunda, mais de 30 horas após a colisão.

O Ministério Público afirma que Daniela Cristina de Medeiros Andrade, mãe do empresário que causou o acidente, tentou atrapalhar as investigações. De acordo com a Polícia Civil, o condutor do Porsche foi levado do local do acidente no carro da mãe sob a alegação de que seria atendido no hospital São Luiz. Com isso, os policiais militares que atenderam a ocorrência não aplicaram o teste do bafômetro.

A conduta da mãe do dono do Porsche também foi levada em consideração para o pedido de prisão, segundo o delegado Ruiz.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou a PM está apurando se houve erro por parte dos policiais militares ao permitir que ele fosse socorrido pela mãe.

Investigação analisará novos vídeos

A investigação ainda está em andamento e há uma série de depoimentos esperados para os próximos dias. A polícia deve ouvir na próxima semana a namorada de Sastre, que deve dar sua versão sobre o fato de ele ter bebido antes de assumir o volante e sobre o relato de uma briga sobre o fato de ele insistir em dirigir o carro.

Segundo Ruiz, os policiais militares que atenderam a ocorrência também devem prestar um novo depoimento para esclarecer por que Sastre foi liberado para ser socorrido pela família. A investigação ainda deve analisar imagens das câmeras corporais da PM, de uma casa de pôquer e de um bar onde o dono do Porsche teria passado antes da colisão.

Uma análise preliminar de imagens da casa de pôquer não foi o suficiente para comprovar que ele tenha ingerido bebida alcoólica ou não --a polícia sustenta que há indícios de embriaguez por meio do depoimento de testemunhas.

Empresário foi aconselhado a não dirigir, disse testemunha

A companheira de Marcus Vinicius Machado Rocha, 22, amigo de Sastre que estava no Porsche durante a colisão, prestou depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (3). Juliana Simões afirmou ter presenciado uma discussão entre o motorista e Rocha antes de os dois entrarem no Porsche, deixando uma casa de pôquer.

Segundo ela, Fernando foi aconselhado a não dirigir por estar um pouco alterado. A depoente ainda disse que, como não chegaram a um acordo, o empresário conduziu o Porsche porque não quis deixar outra pessoa dirigir o veículo.

O amigo então se ofereceu para ir com Fernando no Porsche para que ele não fizesse nada de errado, disse a jovem, e as duas os seguiram no Audi de Rocha. Algum tempo depois, o empresário acelerou e elas o perderam de vista. Em seguida, foram informadas sobre o acidente.

Em depoimento à polícia, Fernando afirmou não ter consumido bebida alcoólica ou drogas antes do acidente e disse estar um pouco acima da velocidade permitida na avenida quando bateu. Imagens de câmera de segurança de um posto de gasolina próximo ao local do acidente mostram o carro de luxo trafegando muito acima da velocidade de outros veículos.

Nesta sexta-feira (5), uma testemunha que não quis se identificar afirmou que Fernando e o amigo estavam visivelmente embriagados.

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