Descrição de chapéu Chuvas no Sul Rio

Vítimas de tragédias no RJ se mobilizam para doar ao Rio Grande do Sul

Moradores e empresários da região serrana e Baixada Fluminense foram afetados por enchentes e deslizamentos em 2022 e 2024; RJ lidera lista das maiores tragédias causadas por chuvas no Brasil

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Rio de Janeiro

Moradores, ativistas sociais e empresários de municípios do Rio de Janeiro que já foram afetados por enchentes se mobilizam para fazer doações às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. O Rio de Janeiro lidera a lista das maiores tragédias causadas por chuvas no Brasil.

O Rio Grande do Sul chegou à marca de 100 mortes em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região ao longo da última semana. Há 128 desaparecidos.

A organização Sim, Eu Sou do Meio, que atua na Baixada Fluminense, abriu a sede em Belford Roxo (RJ) para ser ponto de coleta de doações às vítimas do Rio Grande do Sul. O endereço é novo: em 2022, uma enchente na região fez a ONG perder tudo o que tinha. Em janeiro deste ano houve mais uma inundação —ao menos 12 pessoas morreram no Rio. O grupo precisou se mudar para uma rua mais alta, onde a água parece não atingir a sede com tanta facilidade.

Voluntários formam corredor humano para receber botes com vítimas resgatadas de alagamentos em Porto Alegre, no RIo Grande do Sul - Anselmo Cunha/AFP

"Onde bateu 1,5 metro em 2022, bateu 2 metros em janeiro deste ano. A maioria das pessoas que trabalha comigo foi afetada por essas enchentes e agora está doando, buscando doações. A gente sentiu a dor do Rio Grande do Sul", afirma a gestora Debora Silva.

"Em janeiro, atendemos 18.700 pessoas. Só de refeição foram 15.000 pratos. Belford Roxo foi devastada. Em Duque de Caxias, a água demorou sete dias para descer. O cenário que vejo na TV sobre o Rio Grande do Sul parece com as noites que fiquei sem dormir por aqui."

A loja de móveis Viggore, com dez unidades no Rio de Janeiro —quatro delas na Baixada Fluminense— virou ponto de coleta de doação. Tudo o que for arrecadado será levado ao Rio Grande do Sul pela própria empresa, que possui uma transportadora.

"Temos transporte de produtos uma ou duas vezes por semana, e vamos aproveitar essa logística para enviar doações. Nas chuvas de janeiro, ficamos com água até o meio da canela na nossa principal loja. Uma parte do estoque foi perdida", afirma Karina Rangel, gestora da VigLog, empresa de logística da Viggore.

"Ficamos de mãos atadas e isso é a pior parte. Pensamos imediatamente em como fazer para ajudar."

Em 2011, a região serrana viveu o que é considerada, até hoje, a maior tragédia climática do país, com conta oficial de 981 mortos e mais de 300 desaparecidos, segundo os municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, afetados por enchentes e deslizamentos.

Em 2022, onze anos depois da maior catástrofe, 235 pessoas morreram em Petrópolis após chuvas. Muitas vítimas foram soterradas em casa, outras carregadas pela água que atravessou a cidade.

Responsável por projetos da SOS Serra, uma das principais associações da região, Patricia Salamonde usou os contatos feitos durante as tragédias na região serrana para mobilizar doações ao Rio Grande do Sul. Nas redes sociais, a SOS Serra informa pontos de doação e os mantimentos considerados essenciais.

"Estamos a uma distância grande, não estamos nem no Rio, nem perto de aeroportos. Então, optamos por indicar organizações que trabalharam com a gente em 2022 e que tiveram uma resposta muito boa. São bombeiros especialistas em resgates humanos, grupo de resgate veterinário, ONGs que conhecem a logística de enviar suprimentos", afirma Patricia, que também tenta mobilizar uma rede de assistência à saúde mental.

"Percebemos em Petrópolis que é preciso um trabalho grande de saúde mental. Não é mole passar por um desastre. Nós vimos isso. Quando ia aos abrigos e escolas perguntando o que as pessoas precisavam, elas respondiam que precisavam apoio, carinho, conversa."

Veja como ajudar as vítimas da enchente no estado.

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