Descrição de chapéu Estados Unidos

Fuzil usado em atentado contra Trump é eficaz a longas distâncias e tem venda legal no Brasil e nos EUA

AR-15, especialmente usado para caça, custa a partir de US$ 500; no Brasil, CACs podem comprar por R$ 35 mil, e especialistas criticam liberação

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São Paulo

A arma utilizada no atentando contra o ex-presidente americano Donald Trump, segundo o FBI, é a mais vendida nos Estados Unidos.

Especialistas consultados pela Folha afirmam que o fuzil AR-15 é utilizado majoritariamente para caça, tendo alta precisão a longas distâncias.

A comercialização do item é permita em 41 dos 50 estados americanos. As unidades que proíbem são Washington, no distrito federal, Califórnia, Nova York, Connecticut, Nova Jersey, Massachusetts, Maryland, Illinois e Delaware. Ou seja, é legal na Pensilvânia, onde ocorria comício de Trump, candidato à reeleição, neste sábado (13). O preço vai de US$ 500 a US$ 1.000 (de R$ 2.700 a R$ 5.400).

Fuzis baseados no rifle AR-15 em exposição de armas na Pensilvânia, nos EUA; foi neste mesmo estado em que o ex-presidente Donald Trump foi baleado durante comício - Spencer Platt - 9.fev.24/Getty Images via AFP

No Brasil, a venda é liberada a CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores). Eles, no entanto, só têm direito à posse, não ao porte, restrito às forças de segurança. Aqui, o fuzil custa de R$ 35 mil a R$ 40 mil.

O AR-15 se enquadra na categoria de rifles de assalto, a mesma da famosa AK-47. Esse tipo de arma, semiautomática, pode disparar até 100 projéteis em poucos segundos a distâncias de até 400 metros. Tudo depende do calibre escolhido. Por essa velocidade e precisão, "é altamente letal", explica Rafael Alcadipani, especialista em segurança pública e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Segundo a americana National Rifle Association (Associação Nacional do Armamento, em português), o fuzil —medindo 99 centímetros e pesando mais de 3 kg— é o queridinho da população do país. Estipula-se que 1 a cada 20 americanos possua um. As principais justificativas de uso no país são caça e proteção pessoal.

O boom de vendas ocorreu em 2004, quando foi revogada uma lei federal que proibia o comércio de fuzis de assalto. Em alguns dos massacres recentes em solo americano, a polícia identificou a AR-15 como armamento utilizado.

Fora dos Estados Unidos, esse tipo de fuzil também circula em massa, afirma Roberto Uchôa, policial federal e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Um desses mercados é o do Brasil. Houve aqui, diz ele, uma aproximação do cenário americano (em quantidade de itens em circulação) nos últimos anos, durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL).

"Essa arma não tinha posse permitida no Brasil até 2019, quando passou a ser no calibre 556 [para Cacs]. Após o recadastramento feito pelo governo em 2023, soubemos que mais de 30 mil delas foram adquiridas", diz Uchôa. O porte dessa arma, porém, nunca foi permitido.

As organizações criminosas do país, continua o especialista, também se utilizam do fuzil AR-15.

Hugo Santos, diretor presidente da Aspaf (Associação dos Proprietários de Armas de Fogo do Brasil) pondera. Ele diz que o aumento na aquisição de armas de fogo durante a gestão Bolsonaro acompanhou declínio no número de homicídios.

Segundo o Atlas da Violência, porém, o Brasil passou os quatro anos bolsonaristas com a taxa de homicídios estagnada.

"Sobre a letalidade de um armamento, [o AR-15] é tão letal como qualquer outro em mãos erradas", opina.

Para ele, o Brasil possui hoje uma das legislações mais restritivas do mundo com relação a armas de fogo. Por isso, segue, é impensável que uma pessoa se submeta a um teste psicológico, a um teste prático de tiro, forneça todos os seus dados pessoais e utilize o armamento para cometer crimes.

A imagem mostra uma pessoa segurando um rifle em uma loja. A pessoa está vestindo uma camisa azul escura e um relógio preto no pulso esquerdo. Há uma etiqueta branca pendurada no rifle. A pessoa também tem uma tatuagem no braço direito e um coldre preso ao cinto.
Fuzil AR-15 mostrado por vendedor de Chantilly, no estado americano da Virginia - Jim Watson - 6.out.17/AFP
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