Após acidente, piloto pede respeito à Voepass e diz que avião é ultrasseguro

Comandante de voo se manifestou antes de decolagem em SP rumo a PR; voo tinha 15 assentos vazios

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São Paulo

No dia seguinte à queda do avião da Voepass, um piloto pediu respeito à empresa, afirmou que o modelo ATR-72 é ultrasseguro e lamentou a tragédia. O acidente ocorreu no início da tarde desta sexta (9) em Vinhedo (SP), a 79 km da capital paulista, e matou todos os 62 passageiros e tripulantes.

O piloto da companhia se manifestou na manhã desta sábado (10) antes de um avião do mesmo modelo decolar do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em direção a Cascavel, no Paraná —a rota é a mesma do voo que caiu.

Destroços do avião da Voepass que caiu em Vinhedo, a 79 km da capital paulista, nesta sexta (9) - Miguel Schincariol/AFP

"É notório, todos vocês sabem do acidente que aconteceu ontem [sexta-feira] com nossos amigos aqui na base de São Paulo. Gostaria de dizer que é uma fatalidade. [Danilo Santos] Romano, o comandante, era meu amigo pessoal. Todo mundo que estava a bordo, eu conhecia há muito tempo", iniciou em cumprimento aos passageiros — a reportagem da Folha estava no voo.

O voo decolou por volta das 10 horas com 15 assentos vazios. A partida atrasou mais de uma hora porque a tripulação precisou esperar a outra aeronave ATR-72 chegar de São José do Rio Preto, segundo o piloto, uma vez que o avião que seria usado na rota caiu.

O piloto fez ainda três pedidos aos passageiros. "Toda vez que vocês ouvirem alguma coisa sobre o ATR, informem que é um avião ultrasseguro. Existem mais de 2.000 unidades voando no mundo. É um avião que voa na Europa, nos Estados Unidos, na neve, então ele não tem problemas para operar em condições de gelo", disse, apesar de afirmar que é um avião mais suscetível.

A Voepass disse que ainda não tem informações sobre a causa do acidente. Uma das hipóteses levantadas por especialistas até o momento é a possibilidade de que gelo tenha se acumulado nas asas da aeronave.

O segundo pedido do comandante foi para que os passageiros solicitassem respeito cada vez que ouvissem alguém falando sobre o acidente ou sobre a companhia. "Todos nós temos famílias, filhos. Essa tragédia não atinge só quem pereceu nesse acidente, atinge todos nós. Estamos aqui hoje com todo nosso coração, dando nosso melhor, todo nosso profissionalismo", afirmou ele.

Por fim, pediu orações para todos os 62 mortos. "Tenho certeza de que a intenção da companhia é que todo mundo chegasse bem aqui em São Paulo", disse o piloto.

O avião era um ATR-72, fabricado em 2010 e tinha certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos, segundo a Anac (Agência Nacional de Avião Civil). O voo contava com quatro tripulantes a bordo no momento do acidente e todos estavam devidamente licenciados e com as habilitações válidas.

"A aeronave estava regular, em todas as condições de aeronavegabilidade. Temos a rastreabilidade desde que a aeronave foi construída e isso será levantado e a informação será prestada à investigação feita pelo Cenipa", disse o diretor da agência, Luiz Ricardo.

A caixa-preta do avião foi recuperada, de acordo com o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira.

Além da hipótese do gelo, especialista ouvido pela Folha levantou a hipótese de que tenha ocorrido uma falha na posição das hélices.

O avião, que decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.

A Voepass divulgou lista com os 62 mortos no acidente. Os corpos estão sendo resgatados e trasladados para o IML (Instituto-Médico Legal) Central da cidade de São Paulo para identificação. Os primeiros a serem identificados foram os dois pilotos.

Os voos com os parentes das vítimas vindos do Paraná devem começar a chegar a São Paulo por volta do meio-dia. No auditório, eles contarão com o auxílio de psicólogos.

O tenente Ramatuel Silvino, da Defesa Civil, afirmou que os trabalhos para a identificação dos corpos foram iniciados e alguns parentes das vítimas, atendidos. Segundo ele, os familiares ficarão em hotéis na capital e serão concentrados no auditório do Instituto Oscar Freire, próximo do IML.

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