Entenda a megaoperação contra o crime organizado no centro de São Paulo

Investigação liderada pelo Gaeco mirou diferentes atividades ilícitas para atacar o ecossistema do tráfico de drogas na região

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Uma megaoperação foi deflagrada pelo Ministério Público na manhã desta terça-feira (6) para desmantelar o crime organizado que atua no centro da capital paulista.

As práticas investigadas incluem a atuação de milícias com agentes de segurança pública, a venda ilegal de armas, a exploração do trabalho de pessoas em situação de vulnerabilidade, a receptação de produtos de furto e roubo e o tráfico de drogas, entre outros crimes —tudo sob controle territorial do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região.

A imagem mostra três policiais armados patrulhando uma rua estreita. As casas ao redor são de alvenaria, com paredes coloridas e fios expostos.
Policiais buscam drogas na favela do Moinho durante megaoperação contra o crime organizado no centro de São Paulo - Danilo Verpa - 6.ago.24/Folhapress

Envolvem ainda o uso de torres clandestinas de comunicação para captar a frequência da Polícia Militar de São Paulo e permitir a grupos criminosos antecipar ações policiais.

Trata-se de um novo modelo de intervenção, com a participação de vários órgãos públicos, que busca dar conta da complexidade de um território recortado por diversas práticas e grupos criminosos, mas que tem como face mais visível as cenas abertas de consumo de drogas, como a cracolândia.

Entenda os principais pontos da investigação.

QUAIS ÓRGÃOS PARTICIPARAM?

Liderada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, a operação teve a participação das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, além do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho, Receita Federal e estadual, Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e Secretaria de Assistência Social do governo.

QUAIS LOCAIS FORAM ALVOS DE BUSCA E APREENSÃO?

Hotéis e pensões clandestinas, ferros-velhos no entorno da cracolândia, prostíbulos, barracos na favela do Moinho e lojas de celulares roubados na Santa Ifigênia.

COMO HOTÉIS E PENSÕES SÃO USADOS PELO TRÁFICO DE DROGAS?

De acordo com a investigação, esses endereços são alugados por laranjas do crime organizado e funcionam como esconderijo de drogas, pontos de prostituição e por usuários para consumirem entorpecentes.

QUAL A PARTICIPAÇÃO DO PCC NA REGIÃO?

A organização criminosa, segundo os promotores, comanda o tráfico de drogas na cracolândia e gerencia as atividades que dão suporte à atividade criminosa, como hotéis e pensões, estacionamentos, ferros-velhos e prostíbulos.

DE QUE FORMA OS FERROS-VELHOS PARTICIPAM DAS ATIVIDADES CRIMINOSAS?

As investigações apontaram que donos desses estabelecimentos usam drogas e bebida alcoólica para pagar os usuários de drogas em troca de produtos recicláveis. Nesses endereços há também receptação de frutos de roubos e furtos.

HÁ ENVOLVIMENTO DE GUARDAS-CIVIS?

Sim, existe essa suspeita. Os promotores identificaram a atuação de ao menos quatro agentes da segurança municipal em esquema de cobrança de taxas mensais a comerciantes da região em troca da garantia de manter os usuários de drogas longe das lojas. Um ex-integrante da GCM (Guarda Civil Metropolitana) é investigado por comércio ilegal de armas.

POR QUE FORAM FEITAS BUSCAS E APREENSÕES NA FAVELA DO MOINHO?

Segundo o Gaeco, a favela localizada em uma área férrea às margens da avenida Rio Branco é uma espécie de quartel-general do crime na região central, por estar equipada câmeras de monitoramento, vigilantes e antenas de comunicação capazes de captar o sinal dos rádios transmissores das polícias.

A favela também teria barracos usados por traficantes para embalar drogas, além de ser cenário para sessões do chamado "tribunal do crime", que julga extrajudicialmente infrações a regras estabelecidas pela organização criminosa.

QUANTAS PESSOAS FORAM PRESAS?

A megaoperação resultou em dez prisões, cinco preventivas e cinco em flagrante —além de três pessoas levadas para averiguação. Entre os detidos, estão Leonardo Monteiro Moja, o Léo do Moinho, apontado como a liderança do PCC na região central, e Janaína Xavier, suspeita de chefiar o tráfico em um hotel na alameda Barão de Piracicaba. Ela foi candidata a vereadora pelo PT (Partido dos Trabalhadores) em 2020.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.