Descrição de chapéu Pós-graduação

Contato com colegas de pós-graduação ajuda quem quer trocar de profissão

É mais fácil conseguir um emprego por meio de indicação do que por processo seletivo

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São Paulo

Para quem quer mudar de carreira, fazer uma pós-graduação pode ser um bom começo. Mas ter o diploma não basta para abrir portas na área desejada.

Além da base teórica, uma especialização pode proporcionar a quem está entrando em um novo ramo o contato com profissionais que já atuam nesse mercado.

Para um novato, é mais fácil conseguir uma vaga de emprego por meio da indicação de um colega do que por um processo de seleção, diz José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Minarelli, consultoria especializada em carreiras.

Isso porque, numa análise fria de currículo, ele provavelmente estará em desvantagem. “Os empregadores fazem uma seleção mais baseada em experiência e menos em formação”, afirma Guy Cliquet, coordenador da pós-graduação lato sensu do Insper.

Melhor investir em uma instituição que seja referência na área desejada e, com isso, gere um networking mais frutífero, aconselha o professor.

Vale também apostar em um curso mais específico, segundo ele. Pós-graduações com abordagens mais amplas reúnem alunos de diferentes formações, o que pode dificultar uma possível indicação no ramo pretendido.

O mais importante é mostrar o quanto uma experiência em outra área pode contribuir para a atuação na nova. Dessa forma, o que era até então uma desvantagem pode virar um diferencial.

“Cada vez mais carreiras precisam de pessoas ecléticas”, afirma Denize Dutra, coordenadora do MBA em recursos humanos da FGV (Fundação Getulio Vargas). 

Um profissional com formação mais diversa pode oferecer uma visão menos engessada e propor soluções fora da caixinha, diz ela.

Na hora da entrevista de emprego, é preciso, então, saber comunicar bem como a vivência prévia pode ser útil e explicar com clareza o que motivou a virada na carreira.

“A gente muda de ideia ao longo da vida. Se a pessoa for consistente [nessa mudança], não tem problema nenhum”, afirma Cliquet.

Para que essa transição seja de fato consistente, é fundamental entender as razões que levaram à decisão de mudar, antes de se matricular em um curso de pós-graduação ou fazer qualquer movimentação na carreira.

“Um grande erro é não parar para pensar no que está deixando o profissional insatisfeito. Às vezes, não tem nada a ver com a atividade, e ele vai ficar mal em qualquer lugar”, diz Dutra.

Outro equívoco é não buscar conhecer a fundo a nova profissão. “Existem modismos e sérias distorções sobre novas carreiras. A pessoa tem que se informar muito bem para não investir dinheiro e tempo em algo que está completamente desconectado do seu propósito de vida”, afirma ela.

Ainda é preciso considerar que, ao migrar de área, talvez seja necessário voltar alguns degraus na carreira, para só depois conseguir avançar mais. “É bom que a pessoa tenha uma reserva financeira para cobrir uma eventual diminuição do seu salário nesse período”, ressalta Minarelli.

 

Depoimento

‘Com 48 anos, ainda sou júnior’

Trabalhei por 28 anos na Polícia Militar. Há um ano, me aposentei como tenente-coronel. Poderia ter ficado mais dez anos, mas resolvi mudar de carreira. Por curiosidade, fiz um curso de curta duração em compliance e entendi que aquele era o meu caminho. A beleza dessa área é trabalhar com ética nas empresas e diminuir o índice de corrupção. Vi que precisava de formação para conseguir uma colocação como executivo. Em fevereiro do ano passado, comecei uma pós em gestão de projetos, que me deu maior solidez no conhecimento. Para mim, a grande força do curso é o relacionamento com jovens talentos. Tenho 48 anos, mas sou júnior. Há sete meses, abri uma consultoria em compliance, que ainda está engatinhando. O maior desafio é mostrar o meu potencial sem ter experiência específica na área.

David Pedrozza, 48 anos, policial militar da reserva, cursa pós em gestão de projetos no Insper

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