Descrição de chapéu Escolha a escola

Inadimplência nas escolas desacelera em cenário de negociação facilitada com pais

Colégios planejam reajustes acima da inflação em 2024, mostra levantamento

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José Carlos Videira
São Paulo

O cenário econômico está mais favorável para famílias que têm filhos em escolas particulares. É o que mostram os dados do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo).

Segundo a entidade, a média de inadimplência entre janeiro e maio ficou em 6,55%. No mesmo período de 2022, o índice estava em 7,53%. O pior período do histórico recente foi em 2020, no ápice da pandemia de Covid-19. Naquele ano, 16% dos responsáveis atrasaram mensalidades.

Aos poucos, as escolas buscam recompor parte do que ficou represado. Pesquisa realizada em dez estados entre junho e julho pela empresa de gestão Meira Fernandes mostra que 97% das instituições ouvidas vão aumentar as mensalidades no ano que vem.

Imagem mostra a professora de idiomas Mariana Garcia Thompson e sua filha Ana. Mariana é uma mulher de pele parda e cabelos curtos, e Ana é uma criança de pele branca e cabelos louros. Mariana veste uma blusa rosa e camiseta branca. Já Ana, um conjunto branco e azul. Entre elas há uma mesa com brinquedos. A menina está sentada sobre a mesa.
Retrato da professora de idiomas Mariana Garcia Thompson, 35, e de sua filha, Ana, 4 - Jardiel Carvalho - 16.ago.23/Folhapress

A maior parte planeja reajustes entre 7% e 10% em 2024, patamar superior à inflação projetada para este ano, de 4,93%, de acordo com o boletim Focus de segunda (11).

"Os nossos reajustes seguirão de acordo com a média de mercado, buscando repassar custos de serviços de que não podemos abrir mão, como o dissídio de professores", afirma Eduardo Flauzino Mendes, diretor-geral do Colégio Agostiniano Mendel. Durante a pandemia, a instituição ofereceu até 40% de desconto.

Com mais de 4.000 alunos matriculados, o nível de inadimplência da escola varia de 5% a 8%. Segundo Mendes, esse indicador já está dentro da média histórica da instituição, localizada no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo.

Hoje, o colégio oferece até parcelamento no cartão. As mensalidades variam de R$ 2.125 a R$ 2.925.

Com 1.600 estudantes, o Colégio do Carmo, em Santos (litoral de São Paulo), oferece programas de descontos, como concursos para bolsas.

De acordo com Silvia Maria Smolka Marques, diretora-executiva, o número de alunos aumentou cerca de 12% no pós-pandemia, e o reajuste das mensalidades teve variações de 10% a 12%.

No Colégio Humboldt (Interlagos, zona sul de São Paulo), a inadimplência fica em torno de 3% e cai até próximo de 2%, se forem considerados atrasos de até três meses, diz Erik Horner, diretor pedagógico e administrativo.

A explicação está no fato de o colégio ser uma sociedade escolar sem fins lucrativos, em que todos os pais são associados, com 900 alunos e mensalidade média de R$ 4.000.

Há uma espécie de bolsa que mantém a mensalidade em dia por um ano, podendo ser renovada. Existe ainda o seguro que cobre atrasos por morte ou desemprego do responsável financeiro.

Desistência é pior que inadimplência. Até hoje não recuperamos os números do período pré-pandemia

Fernanda King

diretora e fundadora da escola paulistana Petit Kids

No Colégio Mondrian, na Chácara Inglesa (zona sul de São Paulo), há a possibilidade de os pais trabalharem para a escola em troca de parte das mensalidades, além de adiar pagamentos até que a situação melhore, diz Sayiuri Toyoshima, diretora administrativa.

Mesmo com a renegociação, a escola Petit Kids, de educação infantil, perdeu alunos. "Desistência é pior que inadimplência. Até hoje não recuperamos os números do período pré-pandemia", diz Fernanda King, diretora e fundadora da instituição, localizada na região central da capital paulista. Ela afirma que o reajuste para 2024 deve ficar em torno de 8,5%, dependendo do dissídio de professores e de outros insumos.

A professora de idiomas Mariana Garcia Thompson, 35, precisou negociar duas vezes com a Petit, mas manteve sua filha, Ana, agora com quatro anos, na escola.

A primeira negociação aconteceu na pandemia. A segunda, quando teve de tratar um câncer. Em ambas as situações, chegou a pensar em matricular a filha numa escola pública. Porém, ao fazer as contas, optou pela conversa com o colégio.

"Pouco antes da pandemia, eu e meu marido montamos um restaurante. Precisávamos manter a Ana numa escola integral e gostamos muito da Petit Kids", conta.

O primeiro acordo reduziu a mensalidade de R$ 2.500 para R$ 800 na crise sanitária.

Quando Mariana adoeceu, a família optou por fechar o restaurante. Negociaram novamente, no fim de 2021.

De alta, Mariana está voltando a trabalhar. A família consegue pagar a mensalidade graças ao acordo de manutenção das parcelas, sem reajuste, de aproximadamente R$ 2.800.

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