Descrição de chapéu Coronavírus Dias Melhores

Empresário cria campanha de combate à fome e doa 150 toneladas de alimentos

Daniel Ribeiro usa seus próprios recursos para comprar e distribuir cestas básicas econômicas, que já impactaram 65 mil pessoas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

No fim de março, o empresário Daniel Ribeiro, do ramo da incorporação imobiliária, conseguiu embarcar de volta no último voo que saía da Cidade do Cabo com destino a São Paulo. Chegou e foi direto para a quarentena.

Isolado e acompanhando as notícias diárias sobre o coronavírus, recebeu um telefonema do líder comunitário de uma comunidade de Interlagos, bairro paulistano, pedindo ajuda. O empresário então encheu sua Kombi com 800 kg de alimentos para doar aos moradores, e fez a entrega acompanhado de seu filho.

Foi quando perceberam que várias comunidades periféricas, por conta da Covid 19 e do isolamento, estavam vivenciando uma situação de vulnerabilidade total, sem assistência e, na maioria dos casos, com risco de vida, vivendo em aglomerações e sem o uso da máscara.

“Quando me dei conta do tamanho do problema, com gente passando fome a menos de dez quilômetros da minha casa, senti que seria uma desconsideração enorme eu não colaborar com meus vizinhos; era impossível fechar os olhos para essa realidade e dormir tranquilo”, diz Ribeiro.

Ele então encomendou alguns adesivos para colar na porta de veículos com seu número de WhatsApp, e seus funcionários em home office começaram a atender aos chamados. E as entregas aumentaram de comida para máquinas de costura, kits de tecidos cortados e aviamentos para que a própria comunidade produzisse suas máscaras.

Nascia ali o Instituto Caça-Fome, que tem como objetivo socorrer famílias em situação de vulnerabilidade. “Sabemos da pobreza que assola nosso país, mas, às vezes, não temos consciência do caos e, de repente, me vi impulsionado a fazer a diferença”, afirma Ribeiro.

O empresário resolveu adequar a cesta básica e criar a Cesta Emergencial Caça-Fome, que tem quase o mesmo peso (10 kg) mas custo inferior às cestas básicas do mercado (R$ 30 no atacado), o que possibilita o aumento da capacidade de atendimento.

Segundo o líder do Caça-Fome, a cesta básica do mercado continha café, gelatina e outros itens que não alimentam tanto como o arroz e o feijão, e as substituições mantiveram quase o mesmo peso por metade do preço. Além disso, os alimentos carregados em pallets são levados direto para comunidade, onde as cestas são montadas na hora pelos voluntários.

Devido ao custo extremamente mais baixo da cesta, o Instituto passou a receber pedidos de ONGs, que transferem sua doação para que ele cuide da logística e entrega.

Um exemplo disso é a Casa do Zezinho, integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais. A organização iria receber uma doação em dinheiro suficiente para a compra de 700 cestas, mas com o mesmo valor conseguiu entregar 1.500 cestas, graças ao Caça-Fome.

Desde que foi criado, no fim de março, o Caça-Fome já entregou 15 mil cestas básicas em 35 comunidades, montante equivalente a 150 toneladas de alimento, suficiente para atender cerca de 65 mil pessoas. A meta é chegar a 250 mil cestas, atingindo um millhão de pessoas, e produzir 10 mil máscaras por dia.

No momento o Caça-Fome conta com 200 voluntários, e Ribeiro entrega pessoalmente os alimentos e as máscaras. “Saio cedo de casa todos os dias, gosto de ir a campo, de conhecer os líderes comunitários e entender como funciona a dinâmica local”, conta.

Os pedidos de alimentos são feitos através de uma central de call-center que, ao receber um chamado, cadastra a família solicitante e faz uma triagem.

Essa seleção segue alguns critérios que identificam se aquele chamado se enquadra no perfil de pessoas em situação de emergência, ou seja, pessoas que estão totalmente desprovidas de alimento e de meios de obtê-lo.

Os alimentos são adquiridos com recursos próprios do empresário e de doações, e a compra é feita à granel, o que barateia o custo da cesta emergencial. Cada cesta básica inclui 5 kg de arroz, 1 kg de feijão, dois pacotes de macarrão, 500 g de fubá, 1 kg de sal, dois pacotes de molho de tomate e 1 litro de óleo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.