Ultramaratonista troca quilômetros percorridos por doações para hospital

Na quarentena, Carlos Dias correu 47 horas em esteira para arrecadar fundos

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São Paulo

O ultramaratonista Carlos Dias, 47, começou a correr há 20 anos, em uma rua sem saída em São Bernardo do Campo, cidade da Grande São Paulo onde nasceu. Hoje, soma 148 mil km percorridos, em mais de 80 países.

“Minha infância toda foi na rua Iran, onde comecei a brincar e sonhar em fazer diferença no esporte”, diz.

Um de seus diferenciais é o lema “transformar quilômetros em sorrisos”. Em campanhas solidárias, Dias “vende” parte da distância percorrida nas provas de mais de 42 km em troca de doações para o Hospital do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer), referência internacional no tratamento do câncer infantojuvenil.

O exemplo de solidariedade veio de casa. Sua mãe, Neli (1945-2010), faxineira de uma empresa, fazia questão de doar regularmente a creches e instituições sociais.

Corredor Carlos Dias, que lançou campanha em que troca quilômetros corridos por doações
O ultramaratonista Carlos Dias, que correu 47 horas em uma esteira durante a quarentena para arrecadar fundos para o Graacc - Arquivo Pessoal

Formado em administração de empresas, o ultramaratonista fala com orgulho dos títulos que conquistou: dois recordes no Livro dos Recordes Brasileiro, o RankBrasil.

O primeiro veio em 2008, após cruzar o Brasil de Oiapoque ao Chuí, correndo 9.000 km em cem dias.
No ano seguinte, em 2009, se tornou o primeiro sul-americano, entre 180 atletas de 40 países, a cumprir o desafio de percorrer os quatro desertos mais extremos no planeta: Gobi, Antártica, Atacama e Saara.

O encontro com a filantropia aconteceu durante a preparação para a prova de Gobi. Ele fez um check-up em que um dos exames foi marcado no Hospital do Graacc. Ao fim do teste, foi convidado a conhecer o prédio e o trabalho dos especialistas.

“Saí de lá emocionado, pensando que não podia mais correr só por medalhas. Falei para as crianças que correria por elas, mas ainda não sabia como ajudar”, conta.

Meses depois, nos Estados Unidos, Dias realizou a primeira prova com 20% da quilometragem revertida em doações. Foram 5.130 km, de Nova York a San Francisco, em 60 dias. Cada quilômetro foi vendido por US$ 20, o que lhe rendeu uma primeira doação de R$ 800.

Na corrida seguinte, em 2010, ele deu a volta no Brasil, em 365 dias, correndo 18 mil km, a R$ 2 cada. Vendeu 2.400 km. A Tegma Gestão Logística, então sua patrocinadora, completou a diferença. Foi a sua mais alta doação: R$ 36 mil.

Em doze anos de colaboração, Dias calcula que captou cerca de R$ 50 mil em troca de quilômetros.
Na quarentena, transferiu o desafio para a esteira. Ele correu um total de 47 horas entre os dias 15 e 17 de abril, feito transmitido em lives, e arrecadou R$500 para a instituição.

“Cada gota conta. Se negligenciarmos o pequeno, nunca teremos o grande”, diz. “O país que doa gera um ciclo virtuoso, a sociedade se torna mais harmoniosa.”

Depois da pandemia, ele pretende voltar ao deserto da Namíbia para um percurso de 250 km e correr os cerca de 1.400 km que separam São Paulo de Porto Seguro (BA) em prol do combate ao câncer infantil.
Os futuros quilômetros podem ser comprados no site do maratonista (http://www.carlosdiasultra.com.br/).

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