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Agência americana emite relatório após morte de bebê por bactéria em bomba extratora de leite

Autoridades do CDC afirmam a necessidade da esterilização correta do equipamento

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Catherine Pearson

O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos emitiu um relatório lembrando os pais e cuidadores de bebês de limpar e higienizar cuidadosamente o equipamento das bombas de tirar leite materno após a morte de um bebê em 2022 em decorrência de uma rara infecção bacteriana ligada a um sugador contaminado.

A criança, que nasceu prematura, foi infectado com a bactéria cronobacter sakazakii, um microorganismo que pode causar meningite fatal e sepse em bebês pequenos, e que desencadeou um recall em fórmulas infantis de todo os EUA em 2022.

Na época em que adoeceu, o bebê estava sendo tratado na unidade de terapia intensiva neonatal, embora estivesse estável e crescendo bem com uma combinação de leite materno bombeado e fortificante líquido do leite humano (que adiciona nutrientes).

Autoridades do CDC emitiram um relatório com orientações aos pais após morte de bebê por bactéria em bomba de tirar leite - Adobe Stock

Evidências da bactéria foram encontradas em peças da bomba de mama que estavam sendo usada na casa da família. Elas foram lavadas numa pia doméstica, higienizadas e às vezes remontadas ainda úmidas.

Aqui está o que sabemos sobre as bactérias e o que os pais e cuidadores devem saber sobre a limpeza das peças do equipamento entre os usos.

Do que se trata a bactéria?

Cronobacter sakazakii é uma cepa de cronobacter, um germe que pode viver no ambiente ou em alimentos secos. Infecções em bebês com menos de 12 meses de idade são frequentemente associadas à fórmula infantil em pó, que, ao contrário da fórmula líquida, não é estéril.

A fórmula pode ser contaminada com a bactéria durante no local onde ocorre o processamento do produto, onde pode entrar por meio de solas dos sapatos ou das mãos das pessoas, ou pode acontecer em casa.

Nesses casos, a contaminação pode ocorrer se tampas de recipientes ou conchas forem colocadas sobre superfícies contaminadas, como balcões ou pias, se a fórmula for misturada com água contaminada ou em uma garrafa contaminada. A lavagem inadequada das mãos antes de preparar a fórmula também pode levar à infecção.

O novo relatório do CDC inclui um caso em que um bebê nascido no período correto foi infectado com a bactéria de uma lata aberta de fórmula infantil em pó. A criança foi hospitalizada e teve uma recuperação completa.

Qual o risco para bebês?

Embora a cronobacter sakazakii seja inofensiva para a maioria das crianças, bebês com menos de 2 meses, aqueles nascidos prematuramente ou com sistema imunológico enfraquecido têm maior probabilidade de desenvolver complicações sérias caso infectados, incluindo sepse (infecção sanguínea perigosa) e meningite.

"Quanto mais jovem você é ou mais cedo você nasce, menos maduro é o seu sistema imunológico", diz Ann Kellams, pediatra da UVA Health em Charlottesville, na Virgínia, e presidente da Academia de Medicina da Amamentação. "Uma exposição de um bebê de 12 meses versus a de um bebê de 2 semanas é potencialmente diferente."

O CDC estima que exista cerca de 18 casos de infecção pela bactéria em sua forma invasiva (o que significa que progrediu para uma infecção da corrente sanguínea ou meningite) a cada ano nos Estados Unidos, a maioria dos quais decorre de casos isolados de produtos e equipamentos de alimentação infantil contaminados em casa. Para contextualizar, mais de 3,6 milhões de bebês nasceram nos EUA em 2021.

"As infecções por cronobacter são raras e não devem desencorajar ou assustar os pais sobre a alimentação dos bebês", indica Hailey Nelson, pediatra de cuidados complexos e consultora de lactação da Valley Children's Healthcare em Madera, na Califórnia.

Como pais e cuidadores podem evitar a contaminação?

Como a cronobacter sakazakii está disseminada no meio ambiente, é importante que os profissionais de saúde eduquem os pais de bebês nas categorias de maior risco sobre a bactéria, diz o CDC, principalmente se os bebês são alimentados com fórmula em pó, leite materno bombeado ou uma combinação dos dois.

Ao usar fórmula em pó, o CDC recomenda que os cuidadores lavem bem as mãos antes de preparar as mamadeiras e limpem e higienizem a área onde vão fazer as mamadeiras. É importante limpar e desinfetar as garrafas com antecedência e usar água de fonte segura. Mantenha a tampa da fórmula e a concha limpas e secas e feche o recipiente imediatamente após o uso.

Quanto às bombas, os hospitais que cuidam de bebês nascidos prematuros ou em estado crítico devem dar aos pais instruções específicas para evitar a contaminação e, quando tiverem alta, mandá-los para casa com uma "bacia dedicada" para a limpeza dos suprimentos, aponta o relatório. Na verdade, o CDC adverte todos os pais contra colocar as peças da bomba diretamente na pia, pois isso pode aumentar o risco de contaminação.

Mas a agência não está pedindo nenhuma mudança em suas práticas recomendadas para limpar as peças da bomba. O CDC diz que pode ser feita à mão ou na máquina de lavar louça, se o fabricante do kit da bomba o recomendar.

"As famílias devem sempre desmontar as peças da bomba antes de lavá-las", pontua Meghan Devine, enfermeira, consultora de lactação e supervisora clínica do Programa de Lactação do Hospital Infantil da Filadélfia. "Elas devem lavar as peças da bomba em água quente com sabão e enxaguar bem entre cada sessão de extração. As famílias também devem higienizar as peças da bomba uma vez ao dia fervendo as peças, usando um saco desinfetante para micro-ondas ou usando a configuração ‘desinfetante’ na máquina de lavar louça."

As diretrizes do CDC fornecem mais detalhes –observam, por exemplo, que as peças da bomba devem ser completamente secas ao ar se forem lavadas à mão (e não com um pano de prato). E que os cuidadores devem lavar as mãos antes de remover as peças limpas da bomba da máquina de lavar louça.

Embora alguns pais limpem rapidamente as peças da bomba e as guardem na geladeira entre as sessões de extração quando estão com pressa, a agência observa que nenhum estudo mostrou se isso efetivamente limita o crescimento de bactérias.

Muitos médicos reconhecem que o processo de extração de leite e limpeza das peças da bomba é demorado e oneroso, e pode ser particularmente difícil para mulheres que têm pouco tempo para extrair o leite (porque estão no trabalho, por exemplo) ou porque estão exclusivamente bombeando e precisam repetir o processo a cada poucas horas.

"Temos que ajudar as mães a encontrar estratégias realistas para manter seu equipamento o mais limpo possível, mas também ser capazes de acompanhar praticamente o cronograma de extração", diz Lisa Hammer, pediatra e consultora de lactação do Trinity Health IHA Medical Group em Michigan. Ela costuma aconselhar seus pacientes a obter um segundo conjunto de peças da bomba, se possível, e observou que algumas seguradoras cobrem o custo.

Os médicos entrevistados para esta reportagem buscaram tranquilizar os pais de que, apesar da gravidade do novo relatório do CDC, esses tipos de infecções bacterianas são raros e que os benefícios do leite materno superam em muito os riscos de infecção.

"Esta é uma situação incomum e muito trágica, é claro, mas como mães em nossa sociedade, onde não temos mais a aldeia, somos dominadas pela sensação de que precisamos estar com nossos bebês o tempo todo e de que precisamos bombear nosso leite quando não estamos com eles", afirma Kellams. "Estamos todas fazendo o melhor que podemos."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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