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Quando diarreia em crianças deve ser motivo de preocupação? Entenda

Tratamento pode ser feito em casa, mas meninos e meninas com sinais de desidratação precisam de avaliação médica

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Gabriela Malta
Agência Einstein

A diarreia é uma das principais causas de mortes de crianças menores de cinco anos. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a condição provoca mais de mil mortes por dia em todo o mundo, principalmente em países com falta de saneamento básico e baixos índices de vacinação.

A agência define diarreia aguda como "a mudança do hábito intestinal caracterizada pela ocorrência de eliminação de três ou mais evacuações menos consistentes ou líquidas" diárias, com duração de até 14 dias. Portanto, pais ou responsáveis devem estar atentos com a frequência, quantidade e consistência das fezes da criança.

Criança que sofre de dor de estômago
Desidratação e sangue nas fezes são sinais de alerta quando uma criança tem diarreia - Towfiqu Barbhuiya/Adobe Stock

A pediatra Maria do Carmo Barros de Melo, do departamento de gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que bebês em aleitamento materno exclusivo costumam evacuar mais vezes ao dia, às vezes após cada mamada, o que não caracteriza diarreia.

Os pais devem prestar atenção em outros sinais de desidratação, como olhos fundos, boca seca, diminuição de urina, ausência de suor e sede e vômitos excessivos. Se o bebê ou a criança estiver com diarreia, mas sem sinais de desidratação, ou seja, não perdeu peso, estão alertas e com a boca úmida, sem sede excessiva e, se choram, há lágrimas, o tratamento pode ser feito em casa e consiste, principalmente, em manter a criança hidratada.

"Os responsáveis devem aumentar a oferta de líquidos, de preferência água, e, após cada episódio de diarreia, administrar o soro de reidratação oral, disponível no SUS [Sistema Único de Saúde] ou nas farmácias. Não devem oferecer refrigerantes ou bebidas ‘adoçadas’", orienta a pediatra.

Segundo o Guia Prático de Atualização sobre diarreia aguda infecciosa, elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, e de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, o volume de soro a ser oferecido após cada evacuação diarreica varia de acordo com a idade da criança:

  • Menores de um ano: de 50 a 100ml

  • De um a 10 anos: 100 a 200ml

  • Acima de 10 anos: o volume tolerado

Quando procurar ajuda médica?

A pediatra enfatiza que é necessário procurar ajuda médica caso o quadro não melhore. Sinais de alerta incluem aumento da frequência ou do volume da diarreia, vômitos repetidos e sangue nas fezes. A desidratação que pode se manifestar com diminuição da diurese, sede excessiva ou recusa de alimentos, também indica a necessidade de avaliação profissional.

"A gente sempre pede para que os pais observem o estado geral da criança. Se ela estiver muito caidinha, sem fazer xixi, com muita sede e vômitos frequentes, aí chegou o momento de uma avaliação médica", diz a pediatra Gabriela Bonente, médica intensivista pediátrica do Hospital Israelita Albert Einstein.

Bonente afirma que o tratamento do paciente com diarreia pode envolver administração de medicamentos antipiréticos, antieméticos ou antibióticos, e administração de soro de reidratação via endovenosa em unidade hospitalar, dependendo da gravidade do caso.

A importância da vacinação

Vírus como o rotavírus, norovírus e adenovírus são a principal causa de diarreia aguda, sendo o primeiro agente o mais frequente em crianças menores de cinco anos de idade. Segundo o Ministério da Saúde, infecções por rotavírus provocam mais de 200 mil mortes por ano no mundo.

Resultados de uma pesquisa coordenada pela OMS com a participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que o rotavírus é responsável por 33% das internações. Mas, segundo Melo, o início da vacinação contra o vírus tem mudado o cenário. "Por esta razão é muito importante manter o cartão de vacina em dia", diz.

A transmissão se dá por via fecal-oral, contato pessoal, ingestão de água e alimentos contaminados, objetos contaminados e propagação aérea.

Por isso, os especialistas citam a vacinação contra rotavírus como uma das principais medidas de prevenção. É possível encontrar o imunizante na rede pública e particular.

"A única diferença é que a vacina disponível no SUS protege contra um tipo de rotavírus e a disponível na rede particular protege contra cinco tipos. Mas, sabemos que a vacina que protege contra um tipo já é suficiente para reduzir os números de casos graves porque a vacina protege indiretamente contra os demais tipos também. Então, mesmo que a criança pegue o vírus, a infecção será muito mais branda se ela estiver vacinada", diz.

Além de manter a carteira de vacinação em dia, outras medidas que ajudam a prevenir a transmissão e contaminação por rotavírus são:

  • Lavar sempre as mãos com água limpa e sabão antes e depois de utilizar o banheiro e ao preparar ou manipular alimentos;

  • Descartar fraldas e lixo corretamente, ou seja, de forma que não contamine o solo e fontes de água;

  • Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos e conservar perecíveis na geladeira;

  • Aleitamento materno seguindo as recomendações do Ministério da Saúde, ou seja, exclusivamente até os seis meses e continuado até os dois anos de idade, pois os anticorpos da mãe também protegem o bebê.

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