Sete países entram na mira do Brasil para avaliar casos de suspeita de novo coronavírus

Além da China, definição passa a considerar pessoas que chegam de Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Singapura, Vietnã, Tailândia e Camboja

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Brasília

O Ministério da Saúde decidiu alterar os critérios que devem ser usados pela rede de saúde para definição de casos de suspeita de infecção pelo novo coronavírus

Até então, a definição incluía apenas os casos de pacientes que apresentavam febre e outros sintomas respiratórios, além de histórico de viagens à China em até 14 dias antes do início dos sintomas.

A partir desta sexta (21), o ministério passará a enquadrar também nessa definição casos de pessoas com sintomas e histórico de viagens dentro desse período a outros sete países e territórios: Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Singapura, Vietnã, Tailândia e Camboja.

A mudança ocorre devido ao aumento de no número de novos casos fora da China e à chegada do Carnaval, quando há maior vinda de turistas ao país. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam 76.769 casos confirmados do novo coronavírus no mundo até o momento. Destes, 98,4% ocorreram na China, e o restante em outros países.

Japão, Coreia do Sul e Singapura registram maior número de casos fora da China e têm registrado aumento nos registros. Recentemente, a OMS instituiu quarentena para 9.000 pessoas na Coreia do Sul. 

"Esses países têm dados que nos preocupam. A partir de agora, as pessoas que apresentarem sintomas e vierem desses países [em até 14 dias antes] também devem ser consideradas como casos suspeitos", afirma o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis. Os demais foram incluídos por estarem em área de risco considerado elevado para o vírus.

Até o momento, o Brasil não tem casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus.

Balanço do Ministério da Saúde divulgado nesta sexta aponta apenas um caso de suspeita de covid-19 em investigação. O registro é de uma paciente do Rio de Janeiro que esteve na China, mas não foi para Wuhan, epicentro da epidemia. 

Com a mudança na definição, a previsão é que também aumente o número de casos de suspeitos notificados pela rede de saúde.  

A medida, porém, não altera as recomendações anteriores da pasta sobre viagens.

Aeronaves e navios que chegam dos países incluídos na nova definição de casos de suspeita de covid-19, no entanto, devem passar a receber avisos sonoros com alertas sobre sintomas, como já ocorre para aqueles com passageiros que vêm da China. 

O secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, afirma que as mudanças ocorrem para aumentar a atenção da rede de saúde diante de possíveis casos. Caso haja uma possível interrupção na expansão dos casos fora da China, o critério poderá ser revisto.

"Estamos vendo uma expansão fora do território chinês, mas ainda pequena. Temos que ficar atentos. Essa orientação é mais para que as pessoas possam se prevenir, uma vez que não há medicamento e vacina, e os profissionais identificarem os casos para melhor tratamento", diz. 

Ainda segundo o ministério, a previsão é que o grupo de brasileiros que veio de Wuhan e que hoje está em quarentena em uma base militar em Anápolis (GO) passe por uma terceira rodada de exames a partir desta sexta. As amostras devem ser enviadas para laboratórios de Goiás e do Rio de Janeiro. 

Caso os resultados forem negativos, o grupo poderá ser liberado ainda antes de completar os 18 dias inicialmente previstos. A decisão ocorre por já ter passado o período máximo avaliado para que houvesse o desenvolvimento de sintomas e devido ao resultado negativo para o vírus em outros dois exames já realizados.

Em geral, o tempo médio de incubação do novo coronavírus, como é chamado o período entre a infecção e o desenvolvimento de sintomas, tem sido de cinco dias. A OMS, porém, recomenda que medidas de quarentena e análises considerem o período de 14 dias --o qual termina nesta sexta (21). 

Casos fora da China

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está preocupada com o surgimento de casos do novo coronavírus fora da China que não apresentam um vínculo epidemiológico claro com a origem da epidemia, disse nesta sexta-feira seu diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Embora o número total de casos fora da China permaneça relativamente baixo, estamos preocupados com o número de casos sem uma ligação epidemiológica clara, como histórico de viagens ou contatos com um caso confirmado", afirmou. 

A OMS enviará no sábado uma equipe internacional para a cidade chinesa de Wuhan, epicentro da epidemia no centro da China, declarou seu chefe em coletiva de imprensa.

A "janela de oportunidade" para erradicar a epidemia "está se estreitando", alertou o diretor da OMS.

"É por isso que pedimos à comunidade internacional que aja rapidamente, incluindo em questões de financiamento. Não é o que estamos vendo", afirmou.

"Enquanto falamos, ainda estamos em uma fase em que é possível conter a epidemia, mas com uma janela de oportunidade cada vez menor", acrescentou.

A epidemia já infectou mais de 75.500 pessoas na China e 1.150 em 26 outros países.

O novo vírus matou mais de 2.200 pessoas na China e outras 8 em todo o mundo, segundo a OMS. 

"Não devemos olhar para trás e lamentar que não aproveitamos a janela de oportunidade disponível", disse ele, enfatizando a importância de se tomar medidas "proporcionadas".

O chefe da OMS, no entanto, não quis especificar mais detalhadamente quais deveriam ser as medidas que os países deveriam adotar ou não, enfatizando que era necessário examinar cada situação.

Sobre a situação na China, ele disse que a equipe internacional de especialistas liderada pela OMS visitou Pequim, Sichuan e Guangdong e viajará amanhã para Wuhan.

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