Presidente chinês visita Wuhan, epicentro da epidemia de coronavírus

Medida é sinal de que as autoridades acreditam que começam a controlar a doença

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Wuhan (China) | AFP

O presidente da China, Xi Jinping, chegou nesta terça-feira (10) à cidade de Wuhan, em sua primeira visita ao local apontado como epicentro da epidemia do novo coronavírus, um bom sinal das autoridades em relação ao controle da propagação da doença.

A cidade da região central da China, capital da província de Hubei, está totalmente isolada desde 23 de janeiro.

Nesta terça-feira, o ministério da Saúde anunciou apenas 19 novos casos do coronavírus, o que pode indicar que as drásticas medidas de isolamento estão dando resultado. Todas as novas infecções ocorreram em Wuhan, exceto por duas pessoas que chegaram do exterior, ou seja, nãoo houve casos de contágio local no restante do país.

O número representa uma queda espetacular na comparação com as cifras diárias de fevereiro. A Itália, país mais afetado na Europa, anunciou na segunda-feira (9) 1.800 novos casos de contágio.

O governo informou que houve 17 novas mortes, todas na província de Hubei, elevando a 3.136 o número total de óbitos na China.

O presidente chinês, Xi Jinping, e militares em área de hospital em Wuhan - Xie Huanchi/Xinhua

Ao menos 80.750 pessoas foram infectadas no país, um quadro que motivou a adoção de medidas sem precedentes para controlar a epidemia.

Xi Jinping, que não apareceu no início da crise, é mostrado desde fevereiro como o líder da luta contra o novo coronavírus, com "instruções" e "discursos".

Em Wuhan, o presidente visitou o hospital Huoshenshan, construído em apenas 10 dias por um exército de operários, informou o canal oficial CCTV.

De acordo com imagens divulgadas pela agência Xinhua, Xi Jinping, de máscara, conversou com pacientes e médicos por videoconferência.

CRÍTICAS NA INTERNET

A "visita de inspeção" de Wuhan, uma cidade de 11 milhões de habitantes, também inclui reuniões com moradores, líderes políticos e funcionários públicos responsáveis pela aplicação da quarentena.

"No auge da epidemia, Xi evitou visitar o epicentro porque não queria ser criticado", declarou à AFP Bruce Lui, professor na Universidade Batista de Hong Kong.

"Mas agora a situação melhorou e faz a visita para receber elogios", completou.

O novo coronavírus surgiu em dezembro em Wuhan, antes da propagação para a província de Hubei (centro) e depois para o resto do país e do planeta.

A China adotou em janeiro medidas drásticas. Muitas cidades de Hubei foram isoladas e no restante do país milhões de pessoas foram colocadas em quarentena preventiva.

Apesar da aprovação às medidas por parte da população, o governo foi criticado pela reação inicial lenta e pela detenção de pessoas críticas, acusadas de propagar boatos.

A morte do médico Li Wenliang, que denunciou a existência do coronavírus e foi vítima da doença em fevereiro, provocou muitas críticas ao regime e, inclusive, pedidos de liberdade de expressão.

A viagem de Xi Jinping acontece poucos dias depois da principal autoridade da cidade ter afirmado que os moradores deveriam expressar "gratidão" ao Partido Comunista pela gestão da crise, o que provocou piadas dos internautas.

A cidade já havia recebido as visitas do primeiro-ministro Li Keqiang e da vice-primeira-ministra Sun Chunlan.

"A visita de Xi Jinping em Wuhan está organizada para significar que a epidemia está sob controle", declarou à AFP Hua Po, um analista político independente de Pequim.

"Sua visita serve para voltar a mobilizar a população e para demonstrar que é o momento de retomar uma vida normal e o trabalho", completa.

Em Wuhan, vários sinais apontam a normalização. Quatorze dos 16 hospitais de campanha estão fechados, os funcionários do aeroporto voltaram a trabalhar e o número de novos casos diários registra queda há várias semanas.

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