Descrição de chapéu Coronavírus

Cloroquina não deve ser divisor de águas no combate ao coronavírus, diz Teich

Ministro diz que estudos sobre substância, alvo de pressão do governo federal, indicam resultados desfavoráveis

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Brasília

O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse nesta quarta-feira (29) que o resultado de novos estudos apontam que o uso de cloroquina não deve ser um "divisor de águas" no tratamento de casos da Covid-19.

"Cloroquina hoje ainda é uma incerteza. Houve estudos iniciais que sugeriram benefícios, mas existem estudos hoje que falam o contrário", afirmou. "Os dados preliminares da China é que teve mortalidade alta e que o remédio não vai ser divisor de águas em relação à doença."

Teich disse que espera ter uma análise preliminar sobre estudos hoje em andamento no país até a próxima semana para ter uma posição sobre o uso do medicamento, indicado originalmente para malária e artrite, também para o coronavírus.

Ele não informou se há possibilidade de rever os protocolos atuais. Atualmente, a pasta mantém um protocolo para uso do medicamento em pacientes graves e críticos e mediante acompanhamento em hospitais.

Na última semana, o CFM (Conselho Federal de Medicina) divulgou um parecer que libera médicos a prescreverem o medicamento inclusive para casos leves e uso domiciliar.

Apesar de ter feito o parecer, o próprio CFM diz que ainda não há evidência científica que sustente o uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19. A autarquia justificou a medida devido à falta de alternativas para tratamento e para uso em três situações específicas.

A avaliação havia sido solicitada pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio à pressão do governo para aumento da oferta do medicamento.

Bolsonaro é um entusiasta da hidroxicloroquina e da cloroquina para o tratamento da doença. Ele já defendeu que elas sejam utilizadas inclusive no estágio inicial dos sintomas.

A defesa da medicação foi um dos pontos centrais do conflito de Bolsonaro com Mandetta, que era contrário à ampla recomendação do remédio para o coronavírus.

Após o parecer do CFM, Teich já havia indicado que a pasta não seria favorável ao uso do remédio em todos os casos.

"Permitir o uso a critério do médico não representa uma recomendação do Ministério da Saúde. A recomendação vai acontecer no dia em que tivermos uma evidência clara de que o medicamento funciona", disse.

Nesta quarta, Teich disse que a pasta também acompanha o desenvolvimento de estudos sobre outros tratamentos, mas que ainda não há resultados conclusivos.

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