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Motoristas de ônibus barram passageiros sem máscaras para conter Covid-19 em SP

Obrigatoriedade do uso de máscaras no transporte público municipal passou a valer nesta segunda (4)

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São Paulo

Motoristas de ônibus coletivo da capital paulista barraram a entrada de passageiros sem máscaras nos veículos na manhã desta segunda-feira (4).

Desde a 0h desta segunda, pessoas sem máscaras não podem circular por ônibus, trens do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), táxis e aplicativos de carona.

Mais tarde, o governador João Doria (PSDB) ampliou o uso obrigatório de máscara para todas as pessoas que estejam "caminhando ou andando ou se dirigindo a qualquer local no estado de São Paulo", ou seja, em quaisquer deslocamentos a partir de 7 de maio.

São Paulo é o estado com mais casos da doença, que já matou 2.654 pessoas e contaminou outras 31.772, segundo dados do ministério da Saúde divulgados nesta segunda.

O motorista Erle Pereira Costa, que transporta passageiros do Terminal Parque Dom Pedro II, no centro da cidade, até Cidade Tiradentes, na zona leste, diz que vetou a entrada de quatro pessoas ao longo do percurso nesta manhã. “Um deles ficou mais enfurecido e disse pra mim: é ditadura agora? Eu só respondi que estava cumprindo um decreto”.

O colega de Erle, Douglas Souza, 52, também não deixou dois passageiros embarcarem no trajeto que faz até o Itaim Paulista, na zona leste. “Eles estavam sem máscaras e nem entraram no ônibus porque viram que eram os únicos desprotegidos”, afirma.

Os motoristas foram orientados a explicar aos passageiros sem máscara o decreto que os impedem de acessar os ônibus.

Cartazes fixados no para-brisa e nas portas laterais dos veículos também avisam que só podem embarcar pessoas que estão portando o item.

Em casos mais extremos, os motoristas podem até acionar a Polícia Militar para fazer a retirada forçada de passageiros sem o equipamento de proteção.

No Terminal Parque Dom Pedro II, as máscaras ganharam os rostos da maioria dos frequentadores até quando a Folha esteve no terminal. Apenas moradores de rua que buscavam usar o banheiro ou um descanso nas cadeiras localizadas nas plataformas de embarque e desembarque eram vistos com o rosto completamente à mostra.

A única exceção flagrada pela Folha foi a irmã Teresinha, 69. Trajada por uma túnica azul royal da cabeça aos pés, a religiosa disse que tem circulado por São Paulo sem máscara mesmo na vigência da pandemia.

“As máscaras acumulam uma sujeira. Dizem que elas precisam ser trocadas a cada 2h, mas pouca gente faz isso. Eu não uso”, conta.

 Irmã Teresinha, 69, embarca sem máscara no ônibus no terminal Parque Dom Pedro II
Irmã Teresinha, 69, embarca sem máscara no ônibus no terminal Parque Dom Pedro II - Karime Xavier - 4.mai.2020/Folhapress

A religiosa, que diz pertencer à Igreja Evangélica Petencostal Testemunhas de Jesus Cristo, embarcou normalmente na Linha 2290, no Terminal Parque Dom Pedro II, até a região de São Matheus (zona leste).

Levar pessoas sem máscara, a partir de agora, vai custar caro às empresas que prestam o serviço de transporte na capital paulista.

Segundo o prefeito Bruno Covas (PSDB), as companhias serão advertidas e multadas em até R$ 3.330 por dia para cada ônibus com passageiros flagrados sem o equipamento de proteção.

No Metrô, homens da Polícia Militar fizeram o controle dos acessos de passageiros. Na estação Palmeiras-Barra Funda, da linha 3-vermelha que faz integração com a linha 7-rubi, da CPTM, e com o terminal rodoviário, quem não usava máscara, não conseguia chegar até as plataformas de embarque.

Outros passageiros que guardavam as máscaras em mochilas e nos bolsos da calça tinham que já colocar o item de proteção no rosto antes de atravessar as catracas.

Um funcionário da CPTM, que não quis se identificar, disse à reportagem que o primeiro dia de uso obrigatório das máscaras no sistema de transporte sobre trilhos foi bem assimilado pelos usuários.

A doméstica Rosana Lígia de Souza Lima, 23, e os filhos Miguel, 5, Tauane, 4, e Alice, 3, estavam protegidos por máscara quando caminhavam pela estação.

"E não foi por causa dessa lei de hoje", diz Lima. "O Miguel tem bronquite e precisa estar protegido sempre. Eu fico tão preocupada com a irresponsabilidade dessas pessoas que estão aí sem máscara correndo risco e colocando a nossa vida também em risco".

IMPORTÂNCIA DA MÁSCARA

O uso de máscara é uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para pessoas que não apresentam os sintomas da Covid-19.

Estudos liderados por pesquisadores chineses mostraram que a maioria das infecções pelo novo coronavírus partiu de pessoas assintomáticas que, ao falar, poderiam expelir gotículas contaminadas no ar.

O item de proteção, portanto, funciona como uma barreira física e impede que as partículas maiores se espalhem no ar.

Projeto de lei que tramita na Câmara Federal quer estender a todo o território nacional o uso de máscara enquanto durar o estado de calamidade pública decretado por causa da pandemia do coronavírus.

De autoria do deputado Luciano Ducci (PSB-PR), o projeto prevê que a população utilize o equipamento nas vias públicas, no transporte público coletivo, nos estabelecimentos industriais e comerciais.

A fiscalização, segundo o texto do projeto, ficará sob a responsabilidade das administrações estaduais e municipais que poderão, inclusive, aplicar multa aos infratores.

Para valer, o projeto terá de ser aprovado na Câmara e seguir para votação no Senado.

Em outras duas importantes cidades paulistas, o uso obrigatório de máscara segue regras específicas. Em Campinas (96 km de SP), o equipamento é indispensável nos serviços essenciais.

Em Guarulhos (Grande SP), apenas os idosos que estão em estabelecimentos essenciais precisam utilizar o item de proteção.

Em capitais como o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a máscara também passou a ser exigida aos usuários do transporte público.

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