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Regeneron diz que seu coquetel de anticorpos previne infecção sintomática da Covid-19

Farmacêutica pediu aval de tratamento preventivo nos EUA, onde droga já estava aprovada para casos leves e moderados

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Zurique e São Paulo | Reuters

A farmacêutica Regeneron anunciou que seu coquetel de anticorpos monoclonais contra a Covid-19 reduziu o risco de infecções sintomáticas em casas onde havia uma pessoa doente.

A empresa pediu a aprovação do tratamento preventivo à FDA (agência de regulação de medicamentos nos EUA).

De acordo com os dados anunciados pela empresa, a combinação de dois medicamentos (casirivimabe e imdevimabe) impediu os contatos expostos à Covid-19 de desenvolverem sintomas na maioria dos casos, com uma taxa de 72% de proteção contra infecções sintomáticas na primeira semana e de 93% depois disso.

Farmacêutica Regeneron em Tarrytown, Nova York; Trump elogiou droga experimental da empresa - Reuters

No ano passado, o coquetel já havia obtido autorização emergencial da FDA para o tratamento de casos leves e moderados de Covid. A terapia foi chamada pelo ex-presidente americano Donald Trump de a "cura" da doença, apesar da falta de evidências científicas para tanto naquele momento.

Agora, a empresa espera que os resultados mais recentes ajudem a expandir a indicação do medicamento.

Especialistas dizem que o coquetel pode ser útil para controlar surtos em locais de alto risco onde as pessoas ainda não tenham sido vacinadas.

"Esses dados indicam que o REGEN-COV pode complementar estratégias abrangentes de vacinação, particularmente para aqueles sob risco alto de infecção", disse Myron Cohen, que comanda a iniciativa de anticorpos monoclonais da Rede de Prevenção de Covid do Instituto Nacional de Saúde norte-americano.

Em outro estudo, o coquetel ajudou a reduzir pela metade o número de semanas em que os pacientes tiveram sintomas e a carga viral em mais de 90%, segundo a Regeneron.

Segundo Katharine Bar, uma das responsáveis pelos testes clínicos e professora na Universidade da Pensilvânia (EUA), os dados abrem caminho para que o coquetel seja usado antes que os pacientes desenvolvam sintomas.

Brasil

O tratamento da Regeneron não está disponível no Brasil, mas o país é um dos seis países no mundo que participaram dos estudos com o coquetel para avaliar a eficácia contra a Covid-19 e os mecanismos de ação da substância. Os outros são os Estados Unidos, Chile, México, Moldávia e Romênia.

De acordo com um painel da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre ensaios clínicos com medicamentos para prevenção ou tratamento de Covid-19 autorizados pela agência, o estudo de fase 3, randomizado, controlado por placebo e duplo-cego para avaliar a eficácia e a segurança da combinação do coquetel em 3.750 crianças e adultos tem previsão para término em 15 de agosto de 2021.

Esse tipo de estudo é considerado padrão ouro porque divide os voluntários em diferentes grupos (remédio ou placebo) de forma aleatória, sem que pesquisadores ou pacientes saibam quem recebeu o quê, como forma de reduzir viés na avaliação.

Segundo informou a agência, o pedido de uso emergencial do tratamento da Regeneron foi recebido no dia 1˚ de abril e está em análise desde então.

Outros dois estudos do Regeneron no Brasil buscaram avaliar o uso do tratamento em pacientes hospitalizados com Covid-19 e também naqueles com quadros leves a moderados da doença, como forma de evitar a necessidade de atendimento hospitalar. Os dois estudos, de acordo com o painel, foram finalizados em 25 de janeiro de 2021 e final de dezembro de 2020, respectivamente.

O tratamento com anticorpos monoclonais é estudado em diversas partes do mundo. Além dos estudos nos Estados Unidos, Reino Unido, França e Israel também produziram os seus próprios medicamentos a partir dessa técnica.

No fim de março, a Anvisa recebeu um pedido de uso emergencial de outro tratamento, desenvolvido pela empresa Eli Lilly, que combina dois anticorpos monoclonais. Produzidos artificialmente a partir de clones de uma única célula (daí o termo “monoclonal”, ou “um clone”), eles se conectam a uma única região de moléculas estranhas ao organismo para então neutralizá-la.

O uso dessas cópias de uma única célula tem sucesso em bloquear a ação do vírus. Agora, mais evidências têm surgido sobre seu potencial em combater também as novas variantes do vírus, embora estes testes ainda estejam restritos a experimentos in vitro.

No início da pandemia, cientistas apostavam que um anticorpo monoclonal eficaz contra o coronavírus poderia estar disponível antes mesmo de uma vacina. As moléculas, apesar de caras, poderiam ser uma arma para conter o avanço da Covid-19.

A vacinação, embora esteja já disponível, ainda vai demorar a alcançar níveis satisfatórios da população imunizada para conseguir barrar a circulação do vírus e atingir a tão esperada imunidade coletiva —só possível por meio da imunização de mais de 70% da população, avaliam especialistas.

Assim, um medicamento capaz de evitar novos óbitos, apesar de caro, pode ainda ser muito útil em meio à pandemia.

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