Descrição de chapéu câncer

Produtos para alisar o cabelo podem estar ligados a maior risco de câncer de útero

Mulheres que usam os itens mais de quatro vezes por ano têm o dobro da probabilidade de desenvolver a doença, segundo estudo

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Lucie Aubourg Issam Ahmed
Washington | AFP

Produtos usados para alisar o cabelo estão associados a um aumento do risco de câncer de útero, segundo estudo publicado nesta segunda-feira (17).

As descobertas, publicadas no Journal of the National Cancer Institute, são especialmente relevantes para as mulheres negras, que representam a maioria dos usuários de produtos de alisamento nos Estados Unidos, e para as adeptas do chamado "alisamento brasileiro".

Cientistas elogiaram o estudo e pediram mais pesquisas para confirmar os achados.

As mulheres que utilizam esses produtos mais de quatro vezes por ano têm o dobro da probabilidade de desenvolver câncer de útero, principalmente câncer de endométrio. Esta doença não deve ser confundida com câncer de colo do útero.

Imagem mostra cabelos de uma mulher sendo alisado por uma chapinha
O estudo indica que produtos usados no alisamento dos cabelos aumenta o risco de câncer do útero - Vinicius Pereira - 11.mai.14/Folhapress

Associações semelhantes não foram encontradas em outros produtos capilares, como tinturas, descolorações, luzes ou permanentes.

"Estimamos que 1,64% das mulheres que nunca usaram um produto para alisar o cabelo terão desenvolvido câncer de útero aos 70 anos. Mas, para as usuárias frequentes, esse risco aumenta para 4,05%", estima Alexandra White, principal autora do estudo. "A duplicação dessa taxa é preocupante."

O câncer uterino representa cerca de 3% dos novos casos de câncer nos Estados Unidos, mas é o mais comum do sistema reprodutor feminino. O prognóstico costuma ser bom se detectado a tempo, porém o tratamento geralmente envolve a remoção do útero, o que impossibilitaria a gravidez.

O estudo se baseia em dados de 33,5 mil mulheres americanas, acompanhadas por quase 11 anos.

Como as mulheres negras usam esses produtos com mais frequência e tendem a começar mais jovens, "esses resultados podem ser particularmente interessantes para elas", disse Che-Jung Chang, coautora da pesquisa.

Aproximadamente 60% das mulheres que afirmaram ter usado produtos para alisar o cabelo no ano passado se identificaram como negras.

'Alisamento brasileiro'

"O preocupante é que existem substâncias químicas nesses produtos que agem essencialmente como estrogênio no corpo", disse White. Essa ação interrompe os processos hormonais normais, e isso pode influenciar o risco de câncer.

A segunda possibilidade levantada é que alguns produtos tenham substâncias cancerígenas, como o formaldeído, para quebrar as ligações entre as proteínas da queratina do cabelo, alterando sua estrutura e alisando-o.

O tratamento de queratina conhecido como "alisamento brasileiro" era popular quando as mulheres se inscreveram neste estudo, entre 2003 e 2009. No entanto, seu uso diminuiu consideravelmente desde então.

O preocupante é que existem substâncias químicas nesses produtos que agem essencialmente como estrogênio no corpo

Alexandra White

Principal autora do estudo

Os pesquisadores não coletaram informações sobre produtos e marcas específicas, no entanto apontam que várias substâncias químicas presentes nesses tipos de produtos podem contribuir para o aumento do risco de câncer. Além do formaldeído, conhecido popularmente como formol, o estudo cita parabenos, bisfenol A e metais.

Em comparação com outras categorias, os produtos para alisar o cabelo podem promover a absorção de substâncias químicas por meio de lesões ou queimaduras no couro cabeludo, ou por meio do uso de chapinhas, cujo calor decompõe as substâncias, aponta o estudo.

Outros estudos já estabeleceram uma ligação entre alisadores e um maior risco de câncer de mama.

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