Entenda como recuperar atraso na vacinação de milhões de crianças

Edição da newsletter Cuide-se explica quais esforços precisam ser feitos para reverter atual cenário de imunização infantil

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São Paulo

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A vacinação é talvez uma das maiores conquistas da humanidade. A introdução da imunização na rotina infantil foi capaz de erradicar doenças infecciosas e diminuir drasticamente a mortalidade de crianças. No entanto, nos últimos anos houve uma queda na cobertura vacinal de diversos imunizantes no Brasil e no mundo, colocando um alerta para a possibilidade do retorno de doenças já eliminadas no passado.

Um estudo divulgado pelo Unicef apontou que, em todo o mundo, 48 milhões de crianças não receberam nenhuma dose da vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, entre 2019 e 2021.

  • A vacina consiste em uma dose aos dois meses de idade e dois reforços aos quatro e seis meses;

  • 15 milhões de crianças deveriam ter recebido o último reforço e não tomaram;

  • Portanto, são ao menos 67 milhões de crianças não imunizadas corretamente nos últimos anos.

Vacinação em crianças na UBS (Unidade Básica de Saúde) Nossa Senhora do Brasil, no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo - Rivaldo Gomes 22.jan.2023/Folhapress

A vacina DTP é considerada um proxy, isto é, ela indica que houve a vacinação adequada nos primeiros meses de vida, podendo ser extrapolada também para outros imunizantes. Isso significa que milhões de crianças que não receberam a DTP também devem estar desprotegidas para outras doenças da infância, como hepatite A, poliomielite e tríplice viral (que protege contra o sarampo).

No Brasil, o número de crianças não imunizadas no mesmo período é de 2,4 milhões, das quais 1,6 milhão não receberam nenhuma dose ao nascer. O mesmo número pode ser considerado para pólio, doença altamente infecciosa que pode deixar sequelas como paralisia infantil.

Fake news

A divulgação de notícias falsas deu um salto na pandemia, por meio de uma campanha orquestrada para desacreditar as vacinas contra a Covid. Isto impactou significativamente os índices de imunização. Ainda segundo o estudo do Unicef, a confiança nos imunizantes caiu em 52 países, incluindo o Brasil, no período de 2019 a 2021. Só Índia, China e México tiveram aumento na confiança de suas populações sobre os imunizantes.

A tentativa de desacreditar a eficácia das vacinas não é nova, mas foi potencializada durante a pandemia, quando grupos passaram a propagar informações falsas sobre o imunizante que protege contra o coronavírus. A desconfiança e o medo acabaram afetando a aceitação de outras vacinas.

Uma pesquisa feita pelo Ipec a pedido da farmacêutica Pfizer mostrou que 1 em cada 3 pais ou responsáveis por crianças de 0 a 14 anos não acreditam que a vacina protege contra a forma grave da Covid em seus filhos.

Como conseguir recuperar?

De acordo com especialistas, esforços conjuntos devem ser feitos para recuperar a vacinação. Alguns dos fatores que levam ao atraso ou queda vacinal, além da descrença nos imunizantes, são:

  • dificuldade de acesso aos postos de saúde;

  • horário de atendimento na hora do trabalho;

  • problemas relacionados ao estoque de doses;

  • percepção de menor risco das doenças já controladas (o desconhecimento faz com que os pais acreditem não ser um mal maior);

  • esquecimento e desconhecimento sobre as vacinas incluídas no calendário.

Unir profissionais de saúde, lideranças comunitárias e religiosas, o terceiro setor (por meio de parcerias com ONGs), assistentes sociais e educadores, promovendo campanhas e ações nas escolas, são algumas das apostas para recuperar o atraso.

Além disso, praticar a busca ativa das crianças não vacinadas, indo até suas casas, é outra medida apontada como bem-sucedida para aumentar a vacinação.

De 24 a 30 de abril é celebrada a Semana de Vacinação nas Américas, organizada pela Opas (braço Pan-Americano da OMS) com objetivo de ampliar os esforços e vacinar as populações de 40 países e territórios das Américas, em especial povos indígenas, migrantes, populações de fronteira e periferias que têm dificuldade ao acesso à saúde.

CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e bem-estar

  • A escolaridade é um fator protetor para a demência, mas há diferenças quanto à etnia e cor da pele. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), analisou a função cognitiva de mais de 20 mil adultos de 51 a 100 anos. Adultos negros e latinos tiveram pior desempenho cognitivo em relação aos brancos, independente do nível educacional. Em relação ao declínio cognitivo, os adultos brancos tiveram maior proteção quanto maior a escolaridade, enquanto latinos e negros com menor escolaridade tiveram um declínio mais acelerado, sendo que nos latinos o declínio cognitivo teve início a partir de uma idade mais avançada.
  • A dieta pode afetar o desenvolvimento de câncer de próstata? Uma pesquisa publicada na revista BJU Internacional constatou que a dieta conhecida como mediterrânea ou Prudente —com alta ingestão de frutas, legumes, oleaginosas e peixe— não apresentou redução no risco de desenvolver câncer de próstata. Em oposição, uma dieta rica em carboidratos, gordura, açúcar e carne processada (conhecida como ocidental) esteve associada ao aumento do risco de aparecimento de câncer de próstata, especialmente do tipo agressivo. O estudo avaliou 15.296 homens na Espanha de 1992 a 1996, período em que foram identificados 609 casos de câncer de próstata.
  • A depressão na gravidez está associada a um maior risco cardiovascular em mulheres até dois anos após o parto, mostra um estudo conduzido com 100 mil mulheres nos Estados Unidos publicado no Journal of the American Heart Association. Segundo a pesquisa, mulheres que vivenciaram depressão na gestação tiveram um risco associado significativamente maior de apresentar doença isquêmica do coração. O estudo ainda faz um alerta para um dado de que cerca de 1 em 5 mulheres vivenciam depressão na gravidez.
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